A convite da direção estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) irá encontrar-se com o ex-presidente Lula para debater a conjuntura do país e os caminhos da unidade necessária para derrotar Bolsonaro e fazer valer uma agenda de defesa da democracia e dos interesses das maiorias exploradas e oprimidas de nosso país.
Nosso partido comparecerá à reunião através dos membros de sua Executiva Estadual e parlamentares a despeito de qualquer diferença que tenhamos com ele e seu partido, uma vez que o PSOL fez oposição aos governos presidenciais do PT, por um viés programático de esquerda, anticapitalista e ecossocialista.
Lembramos, entretanto, que ainda sim o PSOL teve posição firme contra o impeachment de Dilma e a prisão de Lula pois foram mecanismos de um golpe das elites dominantes, visando o sequestro do poder político central para a imposição de um projeto de interesse exclusivo das classes exploradoras. Foi com esse entendimento que participamos ativamente das lutas contra o golpe político-judicial que afastou Dilma, e combatemos ativamente todas as medidas antipovo impostas por Temer e, agora, por Bolsonaro.
O PSOL se orgulha de ter estado, ao lado de toda a militância dos movimentos sociais e dos partidos políticos de esquerda, nas batalhas contra todas as reformas de cunho ultra e neoliberal, como a previdenciária e trabalhista, entre outras, que golpearam direitos duramente conquistados e, por hora, sacrificados em nome do lucro e dos interesses do mercado.
É também com essa disposição de luta que o PSOL tem procurado alertar a sociedade brasileira para a centralidade da luta contra as formas neofascistas de política, revestidas de milicianismo e militarismo, cuja expressão acabada é o bolsonarismo ora governante. A necropolítica foi alçada à política de Estado com a gestão genocida da pandemia de covid. Não à toa, é no negacionismo anticientífico e no desrespeito às mais básicas medidas sanitárias, que Bolsonaro e seu séquito de seguidores se riem e deliram, desrespeitando a dor e o sofrimento resultante das centenas de milhares de mortes provocadas pela pandemia. Somem-se as mortes, o desemprego e a consequente fome que se abate sobre milhões de lares das famílias trabalhadoras, e teremos uma dimensão mais completa da enorme tarefa histórica que recai sobre a esquerda brasileira. É ciente dessa realidade e das responsabilidades correspondentes que o PSOL Ceará aceitou o convite para conversar com Lula e o PT.
Não há hoje sentimento maior na classe trabalhadora brasileira que a esperança de que a esquerda possa encontrar termos comuns para golpear Bolsonaro com um só e poderoso punho. Uma unidade que potencialize desde agora as mais diversas lutas que nosso povo está movendo, desde os assentamentos da reforma agrária do MST, as ocupações urbanas por moradia do MTST, a defesa dos salários e contra as formas precárias de trabalho feita por sindicatos e centrais sindicais, a defesa da cultura popular e da educação pública e gratuita feita por artistas, intelectuais, professores e estudantes, as lutas contra o racismo, o machismo, a lgbtfobia e todas as demais formas de opressão, a luta ecológica contra a predação capitalista do meio ambiente.
É necessário derrotar Bolsonaro e o fascismo. Mas achamos que só é possível vencê-los com a unidade da classe trabalhadora e dos movimentos sociais. Uma unidade da classe trabalhadora e dos movimentos sociais que tome forma e ganhe força nas ruas, pela derrota imediata de Bolsonaro, sem alianças por cima com golpistas arrependidos e representantes do centrão oportunista.
O PSOL entende que a principal tarefa de hoje para a esquerda brasileira não é debater em torno de nomes para 2022, mas como impulsionar as lutas pelo afastamento imediato de Bolsonaro da Presidência da República e interromper a destruição de direitos sociais, combatendo a pandemia, a fome e o desemprego, e a construção de um “um programa para o Brasil a partir do acúmulo de cada partido em torno de cinco grandes eixos: papel do Estado; medidas concretas de redução da desigualdade social; novo modelo socioeconômico e ambiental distributivista com justiça social; combinação de democracia representativa com democracia direta; relações internacionais pró-ativas, com defesa da soberania nacional”, conforme resolução aprovada em nosso Diretório Nacional.
Executiva do PSOL-CE
Fortaleza, 22 de agosto de 2021.
Vídeo RENATO ROSENO, deputado estadual
Anna Karina, da Resistência Feminista
Jarir Pereira, professor e militante da Resistência.
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