No final da manhã desta terça-feira, 24, Alexandre Baldy, secretário estadual de Transportes Metropolitanos, anunciou que irá demitir 10 trabalhadores da CPTM, para “dar o exemplo”. A atitude é uma retaliação à greve dos ferroviários, que teve início na manhã de hoje, em três linhas: 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade. Os ferroviários pedem a reposição da inflação em seus salários, congelados há quase três anos, pagamento da PLR e manutenção dos direitos do seu plano de cargos e salários.
A atitude é arbitrária e o secretário sequer deu-se ao trabalho de buscar uma justificativa legal. Apenas resumiu a dizer que a greve prejudicou “o direito de milhares de pessoas”. Pelo twitter, Camila Lisboa, coordenadora-geral do Sindicato dos Metroviários, cuja greve recente também foi atacada pelo mesmo secretário, afirmou: “Baldy e Dória no “melhor estilo” Bolsodória: estão anunciando 10 demissões por justa causa por causa da greve. Greve é direito, não é permitido demissão por greve no Brasil. Isso era assim na ditadura”. O ataque ocorre um dia depois de o governador Dória anunciar um manifesto de governadores em defesa da democracia.
Em outra retaliação, o secretário de Transportes anunciou ainda que pretende privatizar as três linhas nas quais os trabalhadores participaram da greve de hoje. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, disse que vai abrir processo para concessão das Linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM.
Na imprensa, Baldy acusou os ferroviários com inverdades, como a de que a categoria receberia muito bem e de que o governo teria buscado a negociação. O governo chegou a dizer que a média salarial da categoria seria de R$ 6.500,00. Alexandre Múcio, diretor-geral do Sindcentral, afirmou a imprensa que isso é uma inverdade, que há um abismo salarial entre os funcionários e que a ampla maioria ganha pouco. Entre “65 e 70% ganham em torno de 3 mil a 3,5 mil. Nós estamos falando mais ou menos de mil cargos que recebem acima de 30 mil, é disso que nós estamos falando. Inclusive o salário do presidente, dos diretores, dos assessores, dos agregados, dos indicados, é disso que nós estamos falando”, afirmou.
Múcio também rebate a afirmação do governo sobre as negociações. “O sindicato há dois anos tá tentando negociar com a empresa e não consegue (…). Há 15 dias nós fomos convidados pelo secretário de estado de transportes, sr. Alexandre Baldy e pelo sr. Pedro Moro, para uma reunião no Palácio dos Bandeirantes e comparecemos lá. Ficamos esperando por volta de duas horas e não fomos informados que a reunião teria sido cancelada. Simplesmente não fomos atendidos depois de duas horas de espera. Isso é um desrespeito absurdo, não só com o sindicato, mas com a categoria”, disse, em entrevista ao Bom Dia SP. O sindicato também denuncia uma grande quantidade de mortes por covid na categoria, que não estaria sendo divulgada pela CPTM.
Uma reunião estava marcada para a tarde desta terça-feira, entre o governo e o sindicato. É preciso exigir a reversão das demissões e nenhuma punição a quem luta.
Comentários