Porto Alegre tem a última empresa pública de transporte coletivo das capitais brasileiras. A companhia Carris Porto-Alegrense, fundada em 1872, é a principal empresa a garantir o transporte na cidade. Peça chave da acessibilidade urbana desde os anos 90, a Carris é a principal responsável pelas linhas transversais, que deslocam milhares de pessoas todos os dias, sem passar pelo centro da capital gaúcha. É ela também quem ganhou prêmio de qualidade nacional inúmeras vezes, como já foi por 20 vezes prêmio Top Of Mind como empresa de ônibus mais lembrada pelo público. Pioneira na qualificação da frota, garantiu acessibilidade às PCD com elevadores em 40% dos horários diários desde o fim da década de 1990. Assim, a Carris é não apenas uma empresa pública, mas um referencial de transporte inclusive e de qualidade no país.
Durante a Pandemia a Carris assumiu as linhas abandonadas pelas empresas privadas. Essas empresas, partes do Consórcio que organiza o distribuição entre linhas e empresas na cidade, alegaram baixa demanda e baixa rentabilidade. Nenhuma das duas é verdadeira. A população dos bairros mais distantes foram abandonados e, em muitos locais, precisam caminhar mais de 2 km até o ponto atendido por outras linhas. Também houve a junção de linhas, aumentando o tempo de viagem em até 20 min e, em meio a pandemia, dezenas de pessoas amontoadas. Quando denunciadas, passaram a limitar a lotação a 20 passageiros em pé, deixando as pessoas nos pontos e em intervalos que chegam a 40 minutos na tabela noturna.
A todas estas demandas quem supre é a Carris: é a empresa quem compensa todas as linhas consideradas pouco lucrativas ao setor privado. É a Carris, portanto, quem garante o serviço público que deve ser o transporte coletivo, direito essencial de todas e todos os trabalhadores das cidades.
Mas nada disso importa para a estratégia Neoliberal do prefeito Sebastião Melo (MDB). O prefeito enviou para câmara de vereadores uma série de projetos que privatizam a Carris, que acabam com a função de cobradores e restringem os benefícios de estudantes e outros funcionários públicos. Tudo isso sob a alegação de “que o custo da Carris é 21% maior que das outras empresas” . Porém, Melo e sua trupe privatista não apresentam nenhuma planilha, nenhum dados, nenhum demonstrativo sobre os supostos custos da Carris e a tabela de custos das empresas privadas é um dos grandes mistérios de Porto Alegre. Mesmo com a última licitação, os dados são nebulosos, incompletos e questionáveis: compõe o custo da tarifa das empresas privadas ternos e lavagens dos mesmos dos CEOs destas empresas. O projeto de privatização enviado à Câmara de Vereadores é composto por duas páginas e nenhuma fundamentação documentada de custos, caixa, referências… nada! Melo quer privatizar a Carris porque “ele acha” que é custosa demais. Conforme o Vereador Matheus Gomes (PSOL):
“Prefeito Melo está sendo leviano! Rodoviários não podem fazer greve durante a pandemia? Mas, trabalhar no auge da bandeira preta com ônibus lotado e sem vacinação era permitido? A greve é legítima, defende a Carris pública e a qualidade do transporte para o povo!”
“Prefeito Melo está sendo leviano! Rodoviários não podem fazer greve durante a pandemia? Mas, trabalhar no auge da bandeira preta com ônibus lotado e sem vacinação era permitido? A greve é legítima, defende a Carris pública e a qualidade do transporte para o povo!”
Na madrugada desta segunda-feira, 23/8, os trabalhadores da empresa cruzaram os braços e fizeram uma importante mobilização contra a proposta de privatização do prefeito Melo. A greve foi declarada para que o governo ouça os trabalhadores. Melo se apressou em cortar o ponto, porém a categoria segue firme e merece todo o apoio dos porto-alegrenses. Ainda conforme o Vereador Matheus Gomes:
“A privatização da Carris é inoportuna e acontece no momento de alta do desemprego. A greve dos rodoviários é justa e necessária para defender o patrimônio de Porto Alegre. A prefeitura não dialoga e mente pra população.”
A defesa da Carris é a defesa do nosso direito ao transporte de qualidade na nossa cidade.
Resistência-PSOL/ Porto Alegre
Fotos: Lucas Fagundes
Vídeo: Lucas Pitta
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