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BRASIL

Fora Bolsonaro: Derrubar o Governo para salvar a Amazônia

Will Mota*, de Belém, PA
Montagem: Pedro Ravasio/EOL

Os dados divulgados no último dia 19/07/21 pelo IMAZON (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) de crescimento de 51% da área desmatada na Amazônia entre agosto de 2020 e junho de 2021 em comparação ao mesmo período do ano anterior são estarrecedores e deveriam preocupar todo o mundo. 

Foram 8381km² de floresta destruída nos últimos 11 meses. Os maiores índices de desflorestamento dos últimos 10 anos para os meses de março, abril e maio. Só em junho deste ano, a região amazônica perdeu de cobertura vegetal uma área equivalente a 3 vezes o tamanho da cidade de Fortaleza.  

Ricardo Salles caiu, mas o projeto ecocida do governo Bolsonaro segue em curso a todo vapor. 

Ricardo Salles caiu, mas o projeto ecocida do governo Bolsonaro segue em curso a todo vapor. 

Cerca de 61% de toda essa área recém desmatada encontra-se em terras privadas ou em vias de regularização de posse. O restante está em áreas sob controle do Estado, incluindo assentamentos, unidades de conservação e terras indígenas.  

Esses dados indicam que o desmatamento é fruto tanto da expansão dos negócios capitalistas sobre a floresta (exploração de madeira, criação de gado, mineração, agricultura empresarial, etc.) em terras griladas ou de posseiros, quanto da invasão ilegal por parte de sojeiros, arrozeiros, garimpeiros e fazendeiros em unidades de conservação e terras indígenas. 

Sem a cumplicidade do governo Bolsonaro e sem a “boiada” da desregulamentação ambiental de Salles a destruição da Amazônia não estaria nesse patamar.

Tanto é assim que a quantidade de multas pagas por crime ambiental caíram 93% neste governo como resultado do desmonte da política de fiscalização ambiental de órgão como o IBAMA e o ICMBIO.

O nível de devastação da floresta atingiu um ponto que alguns especialistas avaliam como de “não-retorno”, uma vez que pela primeira vez a floresta passou a emitir mais carbono do que retém

É fundamental destacar também que a questão climática e ambiental tem estreita ligação com a questão indígena. O PL 490/2007 (Marco temporal) aprovado na CCJ da Câmara dos Deputados é estratégico para os ruralistas, pois, ao impedir novas demarcações de terras indígenas e flexibilizar o contato com indígenas isolados, permite que o capital penetre nas áreas mais conservadas e protegidas da região. 

O genocídio indígena é tão descarado e absurdo que o ex-ministro da saúde, general Pazuello, fez dos povos indígenas da Amazônia cobaias da cloroquina em pleno auge da pandemia, entupindo as aldeias desse remédio se comprovação científica.  

A crise hídrica atual do Brasil e as mudanças climáticas globais tem relação estreita com o desmatamento uma vez que o bioma amazônico cumpre papel importantíssimo como regulador do clima no mundo.

Assim como não existe planeta B, também não existe Amazônia B – os reservatórios de água doce, a floresta tropical e a riquíssima biodiversidade da região são insubstituíveis.

A aceleração do desmatamento na Amazônia avança impunemente sob o governo Bolsonaro, assim como o genocídio dos povos indígenas e o ecocídio sobre nossos rios,  florestas, solos e ar. 

O Dia 24 de julho, próximo dia nacional de mobilização pelo impeachment de Bolsonaro, é uma data em que precisamos denunciar com destaque a política anti-ambiental do governo e articular a pauta da urgência climática global, da defesa do meio ambiente e dos povos da floresta com as pautas da classe trabalhadora e dos movimentos sociais por vacina no braço e comida no prato. Dia 24 de julho também é dia de luta em defesa da Amazônia.

*Militante da Resistência/PSOL