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MUNDO

Defender Cuba é lutar contra o Imperialismo

Coletiva Rebelião
DW

Na tarde deste domingo, 11/07, moradores protestaram na cidade de San Antonio de los Baños, que está a cerca de 24km da capital Havana. Saíram às ruas centenas de pessoas para denunciar a falta de luz, a falta de comida e a demora no acesso às vacinas. Cuba, que nas últimas semanas está enfrentando um momento crítico nos números de morte por Covid-19, que saltaram da média de 13 pessoas nos últimos 15 dias, para 47 no sábado, quase 4 vezes mais que a média. Mais da metade dessas mortes é proveniente da província de Matanzas, que chegou hoje a 29 mortos. Além disso, os problemas de acesso a medicamentos e insumos médicos (que não é uma novidade no país), foram agravados pela pandemia, que retirou a principal fonte de renda do país, o turismo.

Isso gerou uma crise econômica no país, comparável somente à crise do Período Especial, principal crise econômica que o país já viveu, causada pela queda da União Soviética, no final da década de 1980. Os protestos iniciados em San Antonio de los Baños rapidamente se espalharam para outras partes do país, com a população reivindicando mais comida e denunciando as dificuldades econômicas vividas pelo povo nos últimos meses. O presidente, Miguel Díaz- Canel, foi pessoalmente à cidade para conversar com a população, que seguiu insatisfeita. Entre as demais cidades, destaque para as manifestações que aconteceram na capital, Havana, onde centenas de pessoas foram às ruas protestar.

Apesar de defendermos a liberdade de expressão e a livre manifestação, não podemos ignorar algumas lideranças de movimentos, como o San Isidro, possuem relação com as políticas contrarrevolucionárias representadas pelos cubanos em Miami, que cooptam cubanos insatisfeitos com o regime e os financiam no exterior.

Essa é mais uma tentativa de intervenção do governo estadunidense contra o modelo socialista cubano, e nós nos colocamos contra esse tipo de intervenção. A soberania do povo cubano deve ser respeitada. Mas não podemos fechar os olhos para o abuso de força que foi utilizado contra a população. Uma vez que, contra a população cubana que protestava nas ruas, foram utilizados vários métodos violentos, como disparos (de arma de fogo e de borracha), cacetadas, socos, chutes, além de prisões ilegais, inclusive contra membros da imprensa.

O presidente Díaz-Canel convocou às ruas a população que defende a revolução. Em suas palavras: “as ruas pertencem aos revolucionários e ninguém vai tirá-las deles”. Apesar disso, não podemos ignorar que incitar a população à manifestação, neste momento de crise, não é a melhor saída, é algo que poderia ter gerado um desastre sem precedentes.

Olhar para esse cenário, porém, excluindo da equação os prejuízos históricos causados pelo bloqueio de 60 anos realizado pelos Estados Unidos contra a ilha, permite uma análise bastante tendenciosa. O bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba, que foi novamente denunciado na ONU neste mês de junho, além de ser o mais longo da história, também expõe a contradição do imperialismo estadunidense. Esse governo Biden, que emitiu uma nota de repúdio à repressão contra os atos, é o mesmo que se calou na conferência da ONU sobre o bloqueio, além de não ter como prioridade o debate sobre essa política que afeta mais de 11 milhões de cubanos há mais de seis décadas.

Mesmo assim, o país demonstrou uma exemplar campanha de combate à Covid- 19, inclusive com a produção de duas vacinas que possuem eficácia comprovada acima de 91% (Abdala e Soberana 02), as primeiras desenvolvidas na América Latina. Nem sob o governo de Biden, que atua com um discurso mais progressista e à esquerda de Trump, os EUA foram capazes de retirar as mais de 200 novas medidas de endurecimento contra Cuba feitas por Trump. A política de Biden e Trump para Cuba segue a mesma: fazer sangrar o socialismo e a população cubana.

Nós, revolucionários, não podemos fechar os olhos também para a política equivocada com a qual o governo cubano tem atuado durante a pandemia. Desde o começo do ano, o governo implementa uma política econômica que tem gerado um crescente descontentamento na população. Esse descontentamento está ligado à criação das lojas em MLC (moeda de livre conversão, em tradução livre), que aceitam somente pagamento com dólares através de cartão de débito. O dólar, como moeda de circulação comum no país, não é mais aceito desde 2001, quando foi implementado o CUC (pesos convertíveis, em tradução livre), que é um dinheiro turístico criado ao final do Período Especial. Essa política limitou a disponibilidade de certos produtos (muitos itens de primeira necessidade) e eletrodomésticos, tornando-os inacessíveis para cubanos que não têm alguém fora do país para lhes enviar recursos. Isso fez com que as filas para os produtos disponíveis se tornassem gigantes, causando aglomerações desnecessárias durante a pandemia.

Apesar dessas contradições, nós, revolucionários que defendemos um programa internacionalista de combate ao imperialismo e ao capitalismo global, não podemos nos enganar: estamos com a população cubana, contra as intervenções imperialistas em Cuba e em defesa da vida contra o coronavírus. Não podemos permitir que cada vez mais cubanos sejam vítimas da política genocida do governo de Biden.

#NoMásBloqueo

Também somos a favor da liberdade de expressão legítima do povo cubano, que, em nome do verdadeiro espírito revolucionário, deve ter sua voz ampliada e escutada neste momento de crise. O melhor para o povo é o melhor para a Revolução!

#SoberaniaCubana #LiberdadeAosPresosPoliticos

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Cuba