Movimento impede restrição ao Casarão em Campinas e luta por mapeamento cultural

André Azem, Campinas (SP)
Foto: Jornal de Barão/Facebook

Após a mobilização de artistas e do ativismo campineiro pela internet, que moveu pessoas para pressionar os órgãos ligados à ação de fechamento do acesso ao Centro Cultural Casarão, a Prefeitura Municipal de Campinas interrompeu a instalação de portão na rua.

Pela manhã desta terça (13), o conselheiro Wagner Romão, representante de Entidades de Pesquisa do Conselho Municipal de Política Cultural, publicou um vídeo denunciando o fechamento de rua do bairro Terras do Barão, em Barão Geraldo, pela Associação de Moradores. A rua em questão dá acesso ao Centro Cultural Casarão. Romão relata que a maioria dos moradores são contra essa medida que instala portões e guaritas. No mês de abril o músico Alê Freire criou um abaixo assinado contra o planejamento desta ação que, em poucos dias, já contava com 7 mil adesões.

O Centro Cultural Casarão é um patrimônio da cultura da cidade e está em atividade há 17 anos, trazendo atividades gratuitas à população de Campinas. Apesar da pandemia continua realizando eventos de forma virtual. A cidade conta com poucos mas importantes espaços de cultura, que são potencializadores do ativismo na cidade. Fechar o acesso da rua pública que leva ao aparelho de cultura é uma ação que fere o direito à cidade e à cultura.

Falta de mapeamento cultural e racismo estrutural na cidade mantém desigualdade de investimento em cultura

É preciso não só defender os espaços culturais já existentes mas lutar por novos espaços nas periferias, para gerar emprego e renda para trabalhadores de cultura e acesso gratuito à população.

Em junho, representantes da cena cultural da cidade, como conselheiro Ciro do Hip Hop, realizaram reunião online com a Comissão Permanente de Cultura da Câmara Municipal de Campinas para discutir a criação de um mapeamento cultural da cidade para melhor elaborar a distribuição de recursos. A comissão é presidida pelo vereador do PSOL Paulo Búfalo.

Ciro do Hip Hop. Foto: André Azem

Segundo Ciro, a falta de um mapa de cultura e a exclusão dos agentes culturais desse processo, pessoas relacionadas direta e indiretamente a cultura da cidade em especial as pessoas negras e periféricas, faz com que haja uma desigualdade social e racial no investimento em cultura na cidade, pois não há um levantamento preciso e reconhecimento dos lugares e atividades nas periferias de Campinas. Isso prejudica o acesso a atividades culturais com bons investimentos, que ficam concentradas nos territórios mais enriquecidos da cidade, dando continuidade a uma política de cultura de privilégios.