Presidente da CPI dá voz de prisão a Roberto Dias, ex-chefe do Departamento de Logística do Ministério da Saúde

Da Redação
Foto: Pedro França/Agência Senado

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD- AM), anunciou a prisão de Roberto Ferreira Dias, ex-chefe do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde durante a sessão desta quarta-feira, 7, por perjúrio (quando o depoente mente sob juramento). O anúncio criou tensionamento quando os trabalhos da CPI já se encaminhavam para o encerramento.

“Não aceito que a CPI vire chacota. Nós temos 527 mil mortos e os caras brincando de negociar vacina!”, afirmou Omar Aziz. “Ele está preso por mentir, por perjúrio”, completou antes de encerrar a sessão. Para o presidente da CPI, Roberto Dias mentiu durante seu depoimento ao negar participação nas negociações de compra das vacinas contra Covid.

Depoimento de Roberto Dias indica disputa por controle da compra de vacinas

A CPI da Covid ouviu nesta quarta-feira Roberto Ferreira Dias, ex-chefe do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde, denunciado por envolvimento no caso de propina na compra de vacinas pelo governo Bolsonaro. O depoimento levou os senadores que comandam a CPI a identificarem uma disputa entre dois grupos pelo controle da compra de vacinas pelo Ministério.

“Está claro que você estava incomodando alguém”, afirmou a senadora Simone Tebet (MDB-MS), após destacar que o secretário executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco, demitiu os subordinados de Roberto Dias e colocou no lugar três militares, entre eles o tenente-coronel Marcelo Blanco. Esse mesmo militar, segundo o depoente, teria lhe ofertado 400 milhões de doses da AstraZeneca quando já não ocupava mais o cargo de assessor do ministério.

Blanco é contabilizado como um dos participantes de um jantar realizado no dia 25 de fevereiro, quando teria apresentado a Roberto Dias o policial Luiz Dominguetti, representante da empresa Davati Medical Supply. Segundo depoimento de Dominguetti na CPI realizado na semana anterior, Dias teria pedido propina de um dólar por dose de vacina contra Covid. A quebra do sigilo do celular do PM revelou que ele seguiu negociando com o Ministério mesmo após o pedido de propina. Além disso, sabe-se que o tenente-coronel Blanco criou uma empresa três dias antes do jantar e no mês seguinte incluiu “serviço de saúde” como uma das atribuições do empreendimento.

A guerra entre grupos envolve oficiais militares e parece indicar a existência de esquemas distintos com objetivo de tirar proveito financeiro das negociações. Roberto Dias enfatizou, durante o depoimento, que a responsabilidade por negociar o preço da vacina é da Secretaria Executiva, comandada pelo coronel Élcio Franco. O general Pazuello instalou, durante sua gestão no Ministério da Saúde, mais de vinte militares da ativa e da reserva.

Os senadores apresentaram requerimento para que Cristiano Carvalho, executivo da Davati Medical Supply, compareça à CPI na próxima sexta, 9 de julho.