“Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado”
Provérbio africano.
Precisava ser maior, e foi. O 19 de junho superou as expectativas, traduzindo nas ruas o crescimento da indignação e da disposição de transformar em ação nossa revolta contra esse governo genocida. Nas ruas de Salvador, Feira de Santana, Camaçari e diversas outras cidades por todo Estado, o povo baiano foi para rua mandar o seu recado: “Na Bahia, fascista não se cria!”.
Em Salvador, o que se viu foi uma manifestação ainda maior que a realizada em maio. Fomos aos milhares, cerca de 15 mil manifestantes. Nos rostos, máscaras PFF2 e N95, e nas mãos carregamos bandeiras, faixas e cartazes exigindo vacinas, auxílio emergencial de 600 reais, denunciando o negacionismo, a estratégia genocida da imunidade de rebanho, e responsabilizando o governo Bolsonaro pela perda de meio milhão de vidas.
A manifestação teve início às 14h30. Da concentração no Campo Grande até o Farol da Barra, foram 3 km de caminhada. A marcha foi dividida em vários blocos, cada um dele com mini-trios e carros de som, que ajudaram na complexa tarefa de coordenação de todo o ato.
Unidade, unidade e unidade
A escolha do provérbio que introduz esse texto não foi aleatória. A sabedoria contida nesse adágio popular se conecta com o tamanho do desafio que temos diante de nós e, por consequência, com a responsabilidade que a esquerda brasileira tem frente à tarefa de impor ao governo Bolsonaro, e ao bolsonarismo, uma derrota que para nós é uma questão de vida ou morte.
Se “queremos ir longe”, ou seja, se queremos varrer para a lata do lixo da História o fascismo; o compromisso com a unidade dos partidos, movimentos sociais, sindicatos e organizações de esquerda é fundamental. Frente ao fascismo, ninguém se basta a si mesmo. O voluntarismo ou a tentação pelo “protagonismo acima de tudo, minha bandeira acima de todas”, são o caminho mais rápido para divisão e dispersão de forças. Por outro lado, a coesão da unidade não exige renúncia da diversidade, pelo contrário. O que se viu no sábado passado foi a potência que a unidade da nossa diversidade é capaz de produzir.
Integradas pela articulação da Campanha Nacional Fora Bolsonaro, o chamado às ruas das mais diversas organizações encontrou na unidade um amplificador. Do Campo Grande ao Farol da Barra, lá estavam a militância do PT, PCdoB, PSOL, UP, PCB e PSTU; bem como estavam também o movimento sindical, o movimento negro, feminista, LGBTQI+, os movimentos de luta por moradia e direito a cidade, o MST, a UNE e toda potência da juventude.
Uma frente única está sendo forjada, e ela é o elemento mais precioso da conjuntura que se abriu nas últimas semanas. Caminhar junto exige paciência, diálogo, democracia e compromisso coletivo. Tão importante quanto definir uma nova data, é definir uma agenda de mobilização capaz de fazer com que os efeitos do 29M e 19J contagiem ainda mais pessoas. Não devemos subestimar o nosso inimigo, muito menos a sua força. O enfrentamento ao bolsonarismo e seu projeto fascista não é uma corrida de 100 metros, trata-se de uma maratona. Para vencer, é preciso fôlego para chegar ao final. No nosso caso, é preciso encontrar os meios, subjetivos e objetivos, para passarmos da escala dos milhares à escala dos milhões.
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