A Prefeitura de Belo Horizonte, a partir do final de maio, começou o processo de vacinação dos trabalhadores em educação dos níveis Educação Infantil, fundamental, médio, profissionalizante e superior, das redes pública e privada da cidade. Foi uma medida inesperada, embora muito aguardada. A prefeitura vinha dizendo que provavelmente a vacinação dos trabalhadores em educação seria somente a partir da segunda quinzena de junho, anunciou em audiência pública inclusive, portanto a antecipação para maio foi uma vitória da greve. Esta medida do governo não foi por obra do acaso ou da sensibilidade do prefeito Alexandre Kalil do PSD, foi devido a uma greve sanitária que os trabalhadores em Educação da Rede Municipal de BH realizam há exatamente um mês.
Em março, a Prefeitura apresentou suas intenções de reabrir as escolas e dar início às aulas presenciais na Educação Infantil, para crianças de até 5 anos. O fez, sob muita pressão de setores empresariais da educação da cidade, representados pelo Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (SINEP), em parceria com os empresários do comércio, desejosos do funcionamento de seus negócios. Pois houve um fechamento geral do comércio em função de um grande pico de contágio do Covid-19, que havia elevado a cidade a altas taxas de contaminação, ocupação de leitos hospitalares, a centenas de mortes diárias e ao colapso de todo o sistema de saúde. Isso ocorreu no Brasil como um todo. Passado esse pico, o discurso do retorno à “normalidade” foi intenso, e ganhou peso a campanha pela reabertura das escolas, levando o prefeito a fazer pronunciamento do retorno presencial, no dia 17 de abril, juntamente com a presidente do SINEP.
Diante de tal perspectiva, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Municipal de BH (SindRede/BH), realizou assembleias massivas da categoria para discutir a proposta da greve sanitária, tal proposta já estava sendo construída desde o ano passado diante da possibilidade de retorno presencial sem vacinação, dentro de um marco conjuntural de descontrole da pandemia no país, com centenas de milhares de óbitos em função da política genocida do presidente Bolsonaro. A greve sanitária foi marcada para 26 de abril, na qual as professoras da Educação Infantil não iriam trabalhar presencialmente, entretanto manteria o trabalho remoto, a fim de se manter o atendimento e o vínculo com estudantes e seus familiares.
A greve se iniciou com grande adesão, já no começo houve um ato live que contou com a participação de dezenas de entidades sindicais, dos movimentos sociais e de familiares de estudantes em apoio à greve sanitária. Conquistamos o apoio de familiares dos estudantes, de Conselheiros Tutelares de BH, tendo como resultante desses apoios a adesão de menos de 25% das famílias no encaminhamento de suas crianças às escolas na rede pública. Esse resultado também está relacionado com os carros de som que levaram a mensagem das grevistas para as comunidades, dizendo sobre o descontrole da pandemia e da insegurança em relação à saúde dos trabalhadores em educação, das crianças e de seus familiares com o retorno presencial às aulas.
Corte de salários
Mas a prefeitura não ficou parada diante dessa situação, de imediato comunicou o corte do pagamento das grevistas. E confirmou tal ameaça cortando os dias das trabalhadoras, o que significou a perda de 1/4 dos salários. Como resposta a essa covardia do prefeito Kalil o SindRede está desenvolvendo uma campanha de solidariedade aos grevistas, por meio de um fundo de greve. Tal campanha está sendo divulgada aos trabalhadores e às entidades sindicais e dos movimentos sociais, pois temos que cercar de apoio político e financeiro as trabalhadoras que, com a coragem de sair em greve, estão sendo punidas com os salários cortados e consequentemente com dificuldades financeiras. Nesse sentido, solicitamos a todas e todos que contribuam financeiramente.
A greve foi capaz de garantir a vacinação de todos os trabalhadores em educação, agora precisamos garantir o salário das grevistas!
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