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BRASIL

Afronte!: Solidariedade é Resistência!

Movimento nacional de juventude lança nova campanha de solidariedade, diante da crise social e sanitária

Francisco Machado* e Victoria Scabora**, de Florianópolis, SC
Jovem com a camiseta do movimento entrega um saco plastico com alimentos para uma mulher. Os dois estão de máscara. Ela é negra, ele é branco. Estão na parte externa de uma casa simples.
Divulgação / Afronte!

Brasil: o país do “agro”, onde o seu povo passa fome

No Brasil, quando o povo não morre pelas balas da polícia nas comunidades ou pelo descontrole da COVID, como parte da política de morte do bolsonarismo, morre de fome.

A alta dos preços dos alimentos somada à retirada do auxílio emergencial, única fonte de renda em meio à crise pandêmica para milhões de brasileiros, e toda agenda ultraliberal de Guedes, que empurra todos os ônus da crise para as costas da classe trabalhadora, afundaram o Brasil na fome.

Em 2013 o Brasil deixou o Mapa da Fome da ONU, quando menos de 4% dos brasileiros se encontravam em situação de insegurança alimentar grave. Hoje, sob o governo Bolsonaro, nosso país voltou a esse quadro vergonhoso de nações que não conseguem alimentar sua população. Cerca de 6 a cada 10 brasileiros não sabem se vão conseguir se alimentar decentemente no dia seguinte. A distribuição da fome no brasil é bastante desigual, com as regiões Norte e Nordeste abrigando, proporcionalmente, a maior quantidade de domicílios em situação de insegurança alimentar, e sendo a população negra a mais afetada.

Poderia se pensar que no país do “agro” não faltaria alimento. Isso não só ocorre, como é mais grave no meio rural em comparação ao meio urbano. O modelo agrário brasileiro concentra 80% de todas as terras agricultáveis do país nas garras do grande agronegócio exportador de commodities. No restante do território, correspondente à agricultura familiar, produz-se três quartos de todo alimento que chega à mesa das famílias brasileiras. Isso explica como é possível que estejamos batendo recordes de exportação de produtos agrícolas e ainda assim não consigamos alimentar o povo.

Solidariedade é Resistência

Historicamente a classe trabalhadora sempre encontrou formas de passar pelas crises econômicas e sociais criando redes de solidariedade e instrumentos de luta. As sociedades de socorro mútuo (ou mútua ajuda), criadas no início do século XX, muitas vezes tendo uma relação religiosa com seus membros, as organizações de bairro, respondendo às demandas mais locais, e os próprios sindicatos em meados do século XX, são importantes exemplos.

A criação desses instrumentos de luta respondiam a uma necessidade de sobrevivência da classe. Era preciso arrecadar fundos, garantir proteção ao desemprego e organizar as demandas da classe trabalhadora, em um período de avanço do desenvolvimento capitalista nas principais capitais e formação do operariado urbano brasileiro.

Hoje, mais do que nunca, reconhecemos o papel dos instrumentos de organização de luta da classe trabalhadora, como sindicatos e partidos políticos, na defesa dos direitos dessa, mas também das redes de solidariedade, que, nessa pandemia, estão garantindo a comida no prato de muitos desempregados. Não se trata de uma simples caridade, mas de uma organização coletiva e consciente dos trabalhadores que busca garantir a sua sobrevivência em períodos de crise.

Grandes exemplos de solidariedade nesse período pandêmico vêm sendo realizados pelos companheiros do MTST e do MST. As cozinhas solidárias e as grandes doações de alimentos feitas pelos movimentos vêm garantindo uma mínima segurança alimentar para aqueles desassistidos e condenados à morte pelo governo Bolsonaro.

A juventude linha de frente na resistência e nas ações de solidariedade 

Hoje, em meio à pandemia e sob Bolsonaro, é preciso que a juventude siga no processo de resistência contra esse governo. É preciso construir as lutas nas ruas contra o genocídio da população negra e periférica, contra a política de morte de Bolsonaro, por vacina e por auxílio emergencial digno. Nossa tarefa prioritária segue sendo derrubar esse governo o mais rápido possível. Entretanto, até conseguirmos, há uma parcela da população sucumbindo à fome. Por isso, precisamos construir redes de solidariedade nas comunidades para garantir o que deveria ser tarefa do governo: prover segurança alimentar da população durante a pandemia.

Desde o ano passado vimos inúmeros exemplos de campanhas de solidariedade que teve a juventude a frente, seja a partir de coletivos com trabalhos territoriais, ou colocando suas entidades estudantis a serviço dessa tarefa, demonstrando que o movimento estudantil pode e deve ter uma política para a maioria do nosso povo, foi o caso dos DCE’s da Universidade Federal de Santa Catarina (DCE Luís Travassos) junto da Frente Estudantil de Segurança Alimentícia (FESA), da Universidade Federal de Sergipe com a campanha “UFS pela vida”, da Universidade do Estado da Bahia com a “UNEB pela vida” e mais recentemente o DCE da Universidade Federal de Minas Gerais com a “UFMG pela vida: mãos dadas, pratos cheios”.

Para a juventude que luta e sonha por um novo mundo é tarefa estar lado a lado do conjunto da classe trabalhadora, especialmente dos seus setores mais oprimidos e vulneráveis. É preciso construir os processos de solidariedade ativa, criando laços concretos com o objetivo de superar problemas emergenciais, como a realidade da insegurança alimentar. Mas é necessário, também, seguirmos disputando as ruas, ao lado das frentes dos trabalhadores, sindicatos e juventude, para derrubar esse governo que colocou o Brasil de volta no mapa da fome. Só assim, será possível avançar na consciência, organização e na disputa por uma nova sociedade. 

SOLIDARIEDADE É RESISTÊNCIA!
FORA BOLSONARO!

 

Confira campanhas que existem e faça uma doação:

» MINAS GERAIS | “UFMG pela Vida” https://doeufmgpelavida.carrd.co/

» SERGIPE | “UFS pela Vida” – pix: [email protected]


*Francisco é estudante de Agronomia na Universidade Federal de Santa Catarina, Coordenador Geral do DCE da UFSC e do Afronte! Florianópolis.
**Victoria é graduada em História pela UFSC e da Coordenação Nacional do Afronte!.