Na madrugada de 29 para 30 de maio, Luís Felipe Bernardes dos Santos, conhecido pelos amigos como Macalé, arquiteto negro paulistano de apenas 36 anos, foi encontrado morto na Avenida Paulo VI, após ter caído do Viaduto Sumaré. Antes disso, ele havia participado da manifestação 29MForaBolsonaro, reuniu-se então com alguns amigos num bar, retornou para casa e depois saiu novamente, não sabemos se por livre e espontânea vontade, ou se foi forçado.
Familiares, amigos e ativistas exigem apuração
O inquérito para investigar o que ocorreu ainda não foi aberto, e a ocorrência policial do óbito foi registrada apressadamente pela polícia como “suicídio consumado”. Familiares e amigos contestam essa explicação, pois não havia nenhum sinal de adoecimento nem motivo agudo para que Macalé se suicidasse.
Além dos amigos e familiares, ativistas antirracistas exigem que seja feita criteriosa investigação, que sejam solicitadas, com agilidade, as imagens do entorno da região e que seja elucidado o que de fato ocorreu.
Vidas negras importam
Segundo o Atlas da Violência, produzido pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2020, oito em cada dez casos de homicídio nem chegam à Justiça no Brasil. Isso significa que os inquéritos nem chegam a ser instaurados ou são arquivados por insuficiência de provas antes de originar um processo na justiça. Desses 20% restantes, em menos da metade dos casos consegue-se provar a responsabilidade do assassino.
O mesmo estudo mostra que, de 2009 a 2018, 75,7% das vítimas de homicídios foram negras. Aplicando as proporções populacionais, um negro tem 2,7 vezes mais chances de morrer de forma violenta no Brasil do que um não negro.
Como parte do combate ao racismo, é necessário acabar com a naturalidade com a qual os brasileiros e os organismos de proteção social encaram a morte de pessoas negras, ainda mais quando se trata de mortes violentas.
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