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BRASIL

Porto Alegre: Manifesto cobra veto a projetos aprovados na Câmara e amplo debate sobre a Orla do Guaíba

Leia abaixo a íntegra do texto

Cesar Lopes/ PMPA / Arquivo Fotos Públicas

Pôr do sol na Orla do Rio Guaíba

A Orla do Guaíba é patrimônio histórico-cultural e natural do povo e não do concreto e dos negócios!

Porto Alegre está irmanada ao Guaíba, e sua orla representa um patrimônio socioambiental de sua população. São mais de 70 km de extensão junto a este curso d’água que embeleza a paisagem de uma cidade que surgiu e tem o nome de porto e já foi famosa por suas praias, que marcaram o nome de bairros (Praia de Belas, Praia de Ipanema, Praia da Assunção, Praia do Lami, etc). O pôr do sol no Guaíba é um dos nossos grandes cartões-postais, mas corre risco de ficar escondido atrás do concreto.

Os planos de políticos, governantes e empresários evidenciam um apetite voraz de transformação da paisagem em concreto e privatização da orla e ameaças ao meio ambiente e aos direitos da população, via projetos de Lei de um plano hidroviário (PLL no 116/18 e PLCL n° 024/18) que não foram discutidos com a população e podem beneficiar empreendimentos privados na orla (estruturas de concreto, canais junto a grandes condomínios, atracadouros para embarcações de luxo, etc.).

As chamadas “dimensões cultural, ambiental e social”, embutidas nas novas Leis aprovadas recentemente na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, parecem mais cortinas de fumaça para permitir intervenções de setores empresariais na orla do Guaíba e em suas águas. Encobrem intenções de obras para grandes clubes e empreendimentos privados, que preveem atracação e a ancoragem de embarcações particulares, o que pode aumentar a poluição e o comprometimento da paisagem natural da orla, prejudicar a vida da população nas Ilhas e a pesca artesanal e coibir o acesso livre à maioria da população.

Tais projetos, de cunho neoliberal, implicam em flexibilizações no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA), em um momento de pandemia, o que impede reuniões e audiências públicas presenciais, o que beneficia um processo crescente de criação de um ambiente de negócios, por meio de questionável Lei de Liberdade Econômica, do governo Bolsonaro.

Como agravante, a prefeitura está beneficiando o licenciamento de grandes empreendimentos que implicam em desmatamento de mata ciliar e aterros, desde o extremo sul, em Belém Novo, até a porção central, no Cais do Porto Alegre, em construções privadas que desconectadas beneficiam setores econômicos que especulam com o bem público da cidade. Parte da orla já não está mais disponível ao público, já tendo sido privatizada, impedindo o livre acesso da população às suas praias e margens. Seguem sendo planejadas e licenciadas intervenções privadas, em grandes condomínios fechados (Empreendimento Imobiliário Arado Velho, Condomínios no Morro do Sabiá, Loteamento Ipanema, Golden Lake, Pontal do Estaleiro, etc).

De igual forma, as expressões culturais da população porto-alegrense, situadas nos espaços da cidade que entraram no radar dos grandes investimentos imobiliários e comerciais, não contam com nenhuma garantia de permanência. O cais, as escolas de samba, a Usina do Gasômetro, os museus e tantos outros símbolos do patrimônio histórico e cultural da nossa cidade estão sob risco de descaracterização, de uma gestão privatizada ou simplesmente de desaparecimento.

Sabemos que o processo eleitoral tem-se consolidado como uma oportunidade de negócios em que o produto é a cidade. Esta deixa de ser o espaço de produção de bem-estar, realização da vida das pessoas para ser apenas o espaço de valorização de investimentos do capital imobiliário.

De acordo com TSE, cruzando informações entre doadores e as empresas em que estes compõem o corpo societário é possível perceber que de 22 doadores ou grupo de doadores ao atual Prefeito Sebastião Melo, quase R$ 1 milhão foram investidos por empresas em que 9 são vinculadas ao setor de empreendimentos imobiliários.

Reafirmando essa tendência, a Prefeitura, sem estrutura e políticas de planejamento e fiscalização – a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (SMAMUS) consta com somente um veículo para fiscalizar a área ambiental -, na atual administração, como aconteceu na anterior, acaba favorecendo os grandes negócios, como a presença de construções elevadas nem sempre sustentáveis em uma orla que corresponde a Área de Preservação Permanente, de 500 m de largura da margem, já que o Guaíba, sendo um curso de água, se enquadra no Art. 4º da Lei 12.651/2012.

Consideramos de grande importância trazer à tona a preocupação com a orla do Rio-Lago Guaíba, inclusive com a discussão de um plano hidroviário ou qualquer outra proposta para o mesmo, desde que de forma harmônica, garantindo os múltiplos usos socioambientais da orla e do meio aquático. Porém, isso deve ser precedido de um amplo debate com a sociedade.

Queremos garantir a manutenção e a promoção do patrimônio histórico-cultural e natural da orla, da qualidade da água, de sua paisagem e dos interesses da maioria da população.

Em Defesa da Orla Pública e do Guaíba!

Veto ao PLL 116/18 e ao PLCL 024/18!

 

Assinam:

Acesso Cidadania e Direitos Humanos

Afronte

Alicerce

Amigos da Terra Brasil

Associação Agroecológica

Associação Amigos do Cais do Porto – AMACAIS

Associação Chico Lisboa

Associação Circo Sul

Associação Cultural Povo da Rua

Associação dos Amigos do Meio Ambiente – AMA Guaíba

Associação dos Moradores do Conjunto Residencial João Pessoa

Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN

Atuapoa

Bancada de Vereadores do PSOL/POA

Bancada de Vereadores do PT/POA

Biblioteca Ágatha Félix

Biblioteca Comunitária Marginal Ilha do Saber

Cais Mauá Cultural Já

Centro Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza, Pedra Redonda, Vilas Conceição e Assunção – CCD

Colegiado Estadual Setorial de Circo

Centro de Estudos Ambientais – CEA

Coletivo A Cidade Que Queremos

Coletivo Catarse

Coletivo Cidade Mais Humana

Cia de Teatro Vento Minuano

Eco pelo Clima

Federação das Entidades de Artesões do RS – FEADARGS

Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro/RS

Fórum Justiça/RS

Frente pelo Clima/RS

Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas/GESP 

Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico – IBDU

Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB

Instituto Ingá

Instituto MIRA-SERRA

Instituto Zoravia Bettiol

Laboratório de Políticas Públicas e Sociais – Lappus

Marcha Mundial das Mulheres/RS

Meme Estação Cultural

Movimento Roessler para Defesa Ambiental

Movimento Vegano Anticapitalista – MOVA

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST

Núcleo de Ecojornalistas – NEJ/RS

Oigalê Cooperativa de Artistas Teatrais

ONG Colaí Movimento de Cultura

ONG Resistência Participativa/Despertar Coletivo

Pastoral da ecologia/CNBB

Pastoral da Ecologia Ecumênica 

Preserva Arado

Preserva Belém Novo

Preserva Zona sul

RGP1

Rede Nacional de Advogados/as Populares – RENAP/RS

Resistência

Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região

Subverta

TransLAB.URB

Terreira da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz –  Centro de Experimentação e Pesquisa Cênica e Escola de Teato Popular

Unidade Popular pelo Socialismo RS

União Protetora do Ambiente Natural- UPAN

UPPAN-DP