Capitais políticos exclusivos da direita: É hora da esquerda parar de pautar o antipetismo e o antilulismo?


Publicado em: 1 de junho de 2021

Brasil

Juan Michel Montezuma, de Salvador, BA

Esquerda Online

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O Golpe de 2016 pautou um movimento regressivo na consciência política da classe trabalhadora brasileira. Esse acontecimento reduziu a experiência dos governos petistas defronte aos olhos do povo aos signos políticos mobilizados por grupos golpistas da extrema direita hoje no poder e da direita tradicional, hoje parcialmente sub representada no planalto. Nesse processo paradigmático na história política republicana, o antilulismo e o antipetismo se tornaram, de maneira multipolar e nem sempre convergente nas mesmas agendas, dois dentre as maiores capitais políticas no debate público brasileiro. Na vitória bolsonarista de 2018, o antipetismo e o antilulismo estavam lá, marcando presença como cavalo e a torre da vitória conservadora.

Hoje, quase três anos e meio milhão de mortos depois, parte das esquerdas ainda alinham a retórica antipetista e antilulista em suas análises conjunturais, inclusive mobilizando-o para pautar as estratégias políticas para o pleito eleitoral de 2022. Mesmo no cenário apocalíptico no qual estamos, mesmo na ameaça ainda firme e constante do bolsonarismo. Essa linha de ação é pertinente? 

Não, pois a República está curvada para a direita tal como nunca esteve antes e os nossos dirigentes serão condenados ao ostracismo se não colocarem os seus ressentimentos de lado e refletirem sobre o que o povo desesperadamente deseja nesta crise social. Muito embora o campo de esquerda seja virtuoso por seu compromisso em escutar a todos cuja retórica esteja afinada aos ideais da justiça social popular, devemos ser prudentes na nossa relação com os atores políticos que desejamos mobilizar. É momento de maturidade e isso não é sinônimo de submissão, em verdade se trata do comprometimento com o nosso dever supremo de defender o povo contra o bolsonarismo que está lhe matando aos milhares. Isso não significa ratificar integralmente a agenda conciliatória do lulopetismo, isso não significa se dar por vencido na maré histórica reacionária que se abate sobre nós. A esquerda deve e pode criar rumos para a esperança na sociedade civil, sendo assim deve repensar sua estratégia política com autonomia, mas também em prol da unidade.

A esquerda deve e pode criar rumos para a esperança na sociedade civil, sendo assim deve repensar sua estratégia política com autonomia, mas também em prol da unidade.

Devemos olhar para o momento onde estamos, especialmente para a contradição imunda que o bolsonarismo, mesmo fragilizado, nos imputa. Vivemos um momento em que o recuo bolsonarista na sociedade civil é pleno mérito da própria incompetência do atual presidente em administrar a crise sanitária nacional. Tudo que Bolsonaro precisa para continuar no poder em 2022 é minimamente, de fato, começar a governar. Evidentemente, ainda há muita água para correr debaixo dessa ponte partida que é o Brasil, contudo precisamos preservar a certeza de que basta o morticínio acabar para que, caso estejamos divididos, sejamos desmoralizados e derrotados novamente. Portanto, precisamos abandonar a arrogância e o pedantismo quixotesco, devemos jogar fora as velhas armas fratricidas ou guardá-las no armário se gostamos tanto delas, no objetivo imediato de forjar algo de mesmo princípio, diferente em execução e contando com a participação popular. É momento de nos reorganizarmos para frente. E se tivermos de lutar novamente com os dissimulados e traidores que seja de maneira mais histórica e politicamente consciente, preferencialmente numa sociedade minimamente civilizada. Está é a responsabilidade que deve ser cobrada aos dirigentes da esquerda brasileira.

 


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