Diga sim à vida: vença o Bolsonavírus!

Paulo César de Carvalho
Bolsonaro, ao lado de Pazuello, em um carro de som, no ato dos motociclistas
Fernando Frazão/Agencia Brasil

Ele protesta contra o isolamento social e promove aglomerações antidemocráticas. Ele nega a pesquisa científica e ignora as medidas preventivas da Organização Mundial de Saúde. Ele desmente os dados oficiais e dissemina “fake news”: “O pânico é uma doença e isso foi massificado quase que no mundo todo, e no Brasil não foi diferente”. Ele desdenha da gravidade da pandemia e deprecia a Covid-19 como “gripezinha” e “resfriadinho”. Ele ridiculariza a letalidade do vírus igualando-o a uma inofensiva chuva: “Ela vem e você vai se molhar, mas não vai morrer afogado”. Ele chama de medroso quem se protege e preserva a saúde do outro: “Não tem que se acovardar com esse vírus na frente”. Ele acha que não é “macho” quem foge do perigo: “O vírus tá aí, vamos ter de enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, pô, não como moleque”. Para ele, 450 mil mortes não são uma tragédia, mas uma mera estatística.

Ele faz propaganda de remédios ineficazes e distribui drogas contraindicadas à sociedade: “[Há tempos] venho falando do uso da hidroxicloroquina no tratamento do covid-19. Cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz”. Ele diz que o “corona” é um vírus fabricado em laboratório e que a doença é resultado de uma “guerra química”. Ele agride os chineses e rotula a CoronaVac como “vaChina comunista”. Ele segue pregando, indiferente à progressão das mortes, que a economia é mais importante do que a vida. Ele conclama criminosamente as pessoas a voltarem ao trabalho desprezando os enormes riscos que todos correm: “Alguns vão morrer? Vão, ué, lamento. É a vida. Você não pode parar uma fábrica de automóveis porque há mortes nas estradas todos os anos”. Ele é o mito do gado e defende a imunidade de rebanho: “O que está errado é a histeria, como se fosse o fim do mundo. Uma nação como o Brasil só estará livre quando certo número de pessoas for infectado e criar anticorpos”. Para ele, 450 mil vidas perdidas não são uma tragédia, mas uma mera estatística.

Ele é aquele facínora deputado “Capitão Fosfoetanolamina” promovido a presidente genocida “Capitão Cloroquina”: “Estive à frente para aprovar a fosfoetanolamina. Cura ou não cura, não sei. Sou capitão do Exército, a minha especialidade é matar, não é curar ninguém. Mas apresentei junto com mais alguns colegas e aprovamos. Dá certo ou não dá? Vamos dar a chance daquele que tem o dia marcado para morrer tomar a pílula [do câncer]”. Ele foi eleito fazendo “arminha” e disparando pra todo lado que ele é preparado para matar: “Se eu não fosse preparado para matar, eu não seria militar. Você teria jogado dinheiro fora (…). Aprendi a atirar com tudo que é tipo de armas, sou paraquedista, sou mergulhador profissional. Sei fazer sabotagem, sei mexer com explosivo. Vocês nos treinam, nos pagam para isso”. Ele declara despudorada e impunemente, desconsiderando as evidências dos milhares de mortos, que “muito do que falam é fantasia, isso não é crise”. Para ele, não é uma tragédia a morte de 4, 45, 450, 4.500, 45.000 ou 450.000 pessoas, mas uma mera estatística.

Ele inferioriza o povo, humilha o cidadão, animaliza o brasileiro, ironizando ofensivamente a miséria: “O brasileiro tem de ser estudado, não pega nada. O cara pula em esgoto, sai, mergulha e não acontece nada”. Ele esteve em Goiás em março, em pleno pico da pandemia, repetindo a irresponsável discurseira negacionista: “Vocês não ficaram em casa. Não se acovardaram. Temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”. Ele deu de ombros confrontado com a progressão geométrica de mortes, retrucando desrespeitosamente sarcástico: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”; “Eu não sou coveiro, tá certo?”. Ele é o neofascista genocida que diz e faz o que quer com a imperdoável conivência das autoridades, sempre protegido pela escancarada impunidade. Nesta descarada desordem institucional, bandido não precisa de máscara para matar. Para ele, 450.000 mil mortes não são 450.000 vidas perdidas: 450.000 não são uma tragédia, mas uma mera estatística.

Ele é adversário da vacina porque o coronavírus é aliado da sua necropolítica. Ele é o criminoso responsável pelos 44% de mortos na América Latina. A moral desta infausta fábula fúnebre é óbvia ululante: para combater o terrível agente pandêmico, é medida sanitária urgente defenestrar o nefasto Bolsonavírus neofascista!