No mês em que completam dois anos do 15M, um movimento histórico em defesa da educação que derrubou os cortes orçamentários nas universidades e institutos federais de todo país em 2019, a reitoria da UFRJ informou publicamente que devido a um novo corte o funcionamento da instituição ficaria inviabilizado a partir de julho deste ano. A aprovação do orçamento é o menor desde 2008, quando a universidade possuía cerca de 30 mil estudantes de graduação a menos do que hoje, segundo a nota do SINTUFRJ. Além da UFRJ, outras UFs declararam também que a verba aprovada não é suficiente para manter o pleno funcionamento das mesmas até o final do ano.
No momento em que as universidades cumprem um papel social fundamental no enfrentamento da pandemia com o desenvolvimento de pesquisas sobre vacinas, produção de testes e EPIs, montagem de respiradores e a utilização dos hospitais universitários para atender a população, os ataques vindo do governo federal são um reflexo da política neoliberal de desmonte e sucateamento da educação. Fica cada vez mais evidente que essa ofensiva voltada à educação faz parte de um projeto de privatização e mercadorização do ensino, já sinalizado pelo projeto future-se em 2019, que além de beneficiar os grandes empresários tubarões da educação contribui para manutenção e ampliação das desigualdades sociais.
Fica cada vez mais evidente que essa ofensiva voltada à educação faz parte de um projeto de privatização e mercadorização do ensino, já sinalizado pelo projeto future-se em 2019, que além de beneficiar os grandes empresários tubarões da educação contribui para manutenção e ampliação das desigualdades sociais.
Importante ressaltar que o contingenciamento de verbas impacta diretamente na relação da classe trabalhadora e dos oprimidos com a universidade, sobretudo diante da mudança na composição social e racial das UFs nos últimos anos. Segundo o IBGE, após a implementação das políticas de cotas de 2012, pretos e pardos se tornaram pela primeira vez a maioria nas instituições públicas de ensino superior, sendo estes setores os que mais dependem das políticas sociais voltadas para sua permanência na universidade, políticas essas que serão as primeiras atingidas diante desse cenário.
Após intensa pressão e mobilização da comunidade acadêmica durante a semana, na última quinta-feira o governo federal recuou informando que havia liberado parte das verbas da UFRJ, porém o valor desbloqueado está muito longe do suficiente para manter a universidade aberta, ficando cerca de 40 milhões ainda retidos. Na sexta-feira (14) milhares de estudantes ocuparam as ruas no centro do Rio de Janeiro em defesa da educação, das pesquisas e da ciência, para dizer que nossa luta é pela reversão total dos cortes nas IFES e que não vamos permitir o fechamento de nenhuma universidade.
Nos próximos dias 19 e 29 de maio estão sendo convocados atos em todo o Brasil como parte de um calendário de lutas pela educação pública e pelo Fora Bolsonaro. Se em 2019 fomos milhares nas ruas, em 2021 o movimento estudantil junto aos demais movimentos sociais, centrais e partidos políticos precisam entrar novamente em cena, respeitando as medidas de segurança, mas não podemos esperar frente a indignação de um cenário que junto a esses ataques, já são mais de 430 mil vidas perdidas pelo COVID-19.
É importante que a luta da educação se some a outras pautas que confronte a política de morte do governo Bolsonaro. Precisamos voltar às ruas pautando a retomada imediata da Renda Emergencial, por vacina para todos, gratuita e através do SUS, o efetivo cumprimento do Plano Nacional de Vacinação e a revogação imediata da EC 95 (antiga pec 55). Só com uma ampla unidade e mobilização dos setores de luta podemos derrotar o projeto de cunho neofascista e genocida de Bolsonaro.
Não aos cortes na educação! Em defesa das Universidades!
*Bruna Frota é estudante de geografia na UFF e militante do Afronte/RJ
*Daniel Vitor é estudante de relações internacionais na UFRJ e militante do Afronte/RJ
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