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BRASIL

Mauá (SP): O PSOL não deve estar em governos de conciliação de classe

O Diretório Municipal do PSOL de Mauá aprovou a entrada no governo municipal

André Santos, Guilherme Cortez, João Zafalão e José Carlos Miranda*
Divulgação/ Prefeitura Mauá

Estamos diante da maior crise sanitária de nossa geração, agravada pela crise econômica, política e social que deixa metade da população brasileira sem segurança alimentar. As mais de 430 mil mortes até aqui têm responsabilidade direta do governo federal e de governos estaduais e municipais que negam medidas efetivas que permitam o isolamento social. É preciso um lockdown nacional, com a garantia de auxílio emergencial de ao menos R$600,00, garantia de subsídios a pequenos e médios comerciantes para que possam manter seus estabelecimentos fechados sem demitir e/ou falir e é necessário ampliar a vacinação, medida sem a qual não é possível acabar com essa pandemia.

Diante desse cenário, é uma necessidade colocar para Fora Bolsonaro, que atua a favor do vírus e aplica políticas que aprofundam a miséria de nosso povo, a destruição ambiental, além de ser inimigo das liberdades democráticas. 

Nessa situação política, é preciso apostar na unidade da esquerda, pois é necessário ampliar a luta e mobilização pelo impeachment. O PSOL deve seguir apostando no apoio às lutas, na unidade das frentes, centrais e partidos de esquerda, para construir ações nacionais unitárias para derrotar Bolsonaro. 

Porém, construir a unidade para lutar não pode significar o apoio ou participação em governos, que mesmo na oposição a Bolsonaro, reproduzam as políticas de conciliação de classes.

O maior erro do PT foi governar junto a setores da classe dominante. Essa opção política fez com que a resistência ao golpe fosse pequena e estamos amargando um retrocesso histórico, pós golpe.  Portanto, em nossa opinião, fazer a luta unificada para derrotar Bolsonaro, caminha junto a construir um projeto da classe trabalhadora, com independência. 

Diante disso, opinamos que é um ERRO grave o PSOL compor o governo municipal do PT na cidade de Mauá, na grande São Paulo.  No primeiro turno o PSOL teve candidatura própria na cidade e no segundo turno chamou voto, corretamente, no candidato do PT. O PT disputou a eleição em Mauá sem coligações no primeiro turno. No início do segundo turno o PSOL apresentou parte do seu programa para o prefeito Marcelo Oliveira que ficou de dar um retorno, mas acabou não respondendo. Mesmo assim, o PSOL acertadamente pediu voto em Marcelo Oliveira.

Após a vitória, o PT ofereceu uma série de cargos e secretarias para membros de partidos não só da direita tradicional, mas da extrema direita (como o próprio PSL). Para o PSOL foram oferecidas quatro vagas.

O Diretório Municipal do PSOL de Mauá deliberou por aceitar e assumir essas funções. É um equívoco o PSOL compor esse tipo de governo formado por vários partidos da classe dominante. Esse tipo de governo se mostrou insuficiente para nossa classe. Vide o governo do PT de Araraquara que corretamente realizou o lockdown municipal e agora  cortou o ponto de professores municipais grevistas, exatamente como faz o PSDB na cidade de São Paulo. 

Defendemos que o PSOL mantenha independência política de governos de conciliação de classe como único caminho para fortalecer as bandeiras das trabalhadoras e dos trabalhadores. Claro que ao termos um governo federal neofascista, opinamos que o PSOL não necessita fazer oposição ao governo do PT em Mauá, mas também não pode ser parte de um governo de conciliação com a classe dominante. Podemos e devemos apoiar medidas progressivas e ser oposição a medidas contra nossa classe.  

Em relação aos partidos da classe dominante, podemos até fazer ações conjuntas pelas liberdades democráticas, porém ser parte de um governo, mesmo do PT, que conte com a presença destes partidos, enfraquece nossa luta e não credencia o PSOL como alternativa para nossa classe. 

O PSOL precisa construir a unidade para lutar por direitos, emprego, lockdown, auxílio emergencial, contra as reformas que retiram direitos dos trabalhadores e não compor governos que tenham a participação de partidos da classe dominante. 

 

*André Santos integra o PSOL Mauá.
** Guilherme Cortez é do Diretório Estadual do PSOL-SP.
*** João Zafalão é da Executiva Estadual do PSOL-SP.
**** José Carlos Miranda é do Diretório Estadual do PSOL-SP.

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ABC paulista / mauá / psol