Este 12 de maio, Dia Internacional da Enfermagem, foi marcado por atos de resistência em todo o país. O principal ato ocorreu em Brasília, onde a enfermagem realizou uma grande marcha, ocupando duas faixas do Eixo Monumental, e um grande ato em frente ao Congresso Nacional, entre outras atividades para pressionar os parlamentares.
Em Pernambuco, pela manhã, aconteceu uma carreata com concentração em frente ao Centro de Convenções, em Olinda, de onde seguiu até a Praia do Pina. Para finalizar o ato, foram fincadas cruzes na areia em memória dos profissionais vítimas da COVID-19.
O grito dos manifestantes foi pela valorização da categoria. Com bandeiras, cartazes e camisas, pediam a aprovação do PL 2564/20, que estabelece o Piso Nacional da Enfermagem. É urgente a melhoria nas condições de trabalho, é urgente o reconhecimento de quem é essencial para a saúde.
Não se faz saúde sem Enfermagem. Neste dia de comemoração, mas principalmente de luta, os profissionais deixaram um forte recado aos governantes: lutarão para que sejam reconhecidos, serão incansáveis na batalha por melhores condições de trabalho a fim de que possam prestar uma assistência de qualidade para a população.
A aprovação do Piso Nacional representará uma reparação histórica no Brasil
A prática da Enfermagem profissional no Brasil é realizada sob a carga machista e racista da sociedade brasileira. Por isso, é mal remunerada apesar do papel social fundamental que a mesma possui, ainda mais nestes tempos de pandemia.
Dizemos que a aprovação do PL 2564/20 representará uma reparação histórica, tendo em vista que, segundo censo da categoria realizado pelo IBGE, 84% da força de trabalho da Enfermagem no país é composta por mulheres. Mais da metade dos trabalhadores desta categoria é composta por pessoas negras.
A enfermagem é um “batalhão” de peso dos trabalhadores da saúde. Ela representa 50% dos trabalhadores em saúde do Brasil, segundo o IBGE. O seu enorme corpo de profissionais, a baixa remuneração (o que obriga os profissionais a uma segunda ou terceira jornada de trabalho), aliada à falta de EPIs adequados, já resultou na morte de mais de 700 profissionais ao longo da pandemia do novo Coronavírus.
Além de reparação histórica, a aprovação deste PL do Piso Nacional da Enfermagem também representará uma maior justiça social, já que a combinação de baixos salários e altos preços de planos de saúde permitiram que muitos empresários da “saúde” figurem na lista de bilionários do país. Não à toa, estes estão com uma postura muito atuante nas redes sociais e no Congresso Nacional para que o PL 2564 não seja aprovado.
Unidos aos grandes empresários da saúde contra o PL, está a maioria dos governantes. Ainda que, em algumas ocasiões, procurem se diferenciar do genocida Bolsonaro, quando atuam pela não aprovação deste PL, passam a jogar no mesmo time do presidente e do ministro Paulo Guedes.
*Enfermeiro, ativista LGBT e militante da Resistência/PSOL de Pernambuco.
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