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BRASIL

UFRJ anuncia que deve fechar a partir de julho, devido a cortes no orçamento

Cortes ameaçam limpeza, segurança, bolsas, pesquisas sobre vacinas e leitos de covid-19

da redação

A reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) confirmou nesta quarta-feira, 5, que a instituição fechará as portas a partir de julho devido ao corte nas verbas destinadas à sua manutenção. A declaração foi feita durante coletiva à imprensa transmitida também pelo canal da universidade no YouTube. Além do impacto no custeio de serviços de limpeza, de vigilância e de bolsas acadêmicas, os cortes devem atingir as pesquisas – como a das duas vacinas contra covid-19 que vêm sendo desenvolvidas –, a manutenção de leitos reservados ao enfrentamento da pandemia e a realização da testagem da doença.

Os R$ 299,1 milhões previstos para a UFRJ este ano são o equivalente a 38% do orçamento de 2012, quando a universidade tinha a metade dos 64 mil estudantes que possui hoje. São 20% a menos do que foi o orçamento de 2020. E, do total, R$ 152,2 milhões ainda dependem de suplementação no Congresso Nacional. Além disso, o orçamento tem 18,4% do seu valor bloqueado pelo governo federal. 

A reitora Denise Pires de Carvalho fez um apelo em defesa de todas as instituições de Educação Superior para o que o orçamento seja recomposto pelo menos aos patamares de 2020. Os cortes “podem gerar um apagão na Educação Superior de qualidade, na Ciência e Tecnologia”, alertou. O custo mensal de manutenção do funcionamento da UFRJ atualmente é de cerca de R$ 31 milhões, de acordo com o pró-reitor de Planejamento. 

Em 11 anos, o orçamento do Ministério da Educação (MEC) para as universidades federais caiu 37%. Na UFRJ, a queda ainda maior (gráfico acima). A Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) soltou nota no dia 3 de maio alertando para os riscos que a Educação Superior no país está correndo com os cortes deste ano.

Apesar do progressivo achatamento do orçamento, houve na última década um aumento no número de vagas e da estrutura física da UFRJ, numa dinâmica de expansão precarizada. Além disso, há necessidade de recursos suplementares para quando houver o retorno às aulas presenciais – suspensas devido à pandemia. Segundo Eduardo Raupp, pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, as estimativas são de que seriam necessários R$ 3 milhões para a compra de equipamento de proteção individual (EPIs), R$ 500 mil para testes, além dos custos de limpeza que aumentariam em cerca de cinco vezes, se comparados ao valor atual, devido ao incremento de atenção exigido no contexto pandêmico.

Segundo Denise Pires, a UFRJ atendeu neste ano cerca de mil pacientes de covid-19, com uma taxa de mortalidade abaixo da média nacional. O provável, porém, é que parte desses leitos fechem por falta de recursos para a aquisição de insumos e pagamento de serviços. “Nossa conta de luz não é decorrente só das salas de aula. Como manter leitos abertos, como manter laboratórios funcionando, como manter o sonho da vacina brasileira sem que consigamos pagar nossa conta de luz, nossa conta de água? E o que é mais grave: os contratos de segurança e limpeza dos nossos prédios.”, afirmou a reitora.

Mobilização

Entidades representativas estudantis da graduação e da pós-graduação da UFRJ lançaram um abaixo-assinado em defesa da universidade que já conta com mais de 150 mil assinaturas. Além disso, há a convocação para um ato nesta sexta-feira, 14, às 17h, em frente ao prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), indicando que a luta nas universidades contra os cortes está de volta.