O Brasil se tornará uma grande nação no dia em que compreendermos que somos latino-americanos. É verdade, querendo ou não, fazemos parte dessa América Afro-Indígena. Girando 180 graus, vamos deixar essa posição vergonhosa de estar de frente para Europa e de costas para a América Latina.
E nesse momento, não podemos dar as costas ao que acontece na Colômbia. Uma Greve Geral, nesse 12 de maio de 2021, após 15 dias de intensos protestos. Estudantes, indígenas, trabalhadores do campo e da cidade, do pacífico ao caribe, protestam juntos, após duas semanas consecutivas, sem cessar.
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As manifestações iniciaram no dia 28 de abril, quando o então presidente Iván Duque — parceiro ideológico fascista de Bolsonaro — enviou um projeto tributário ao Congresso. O projeto tinha como proposta aumentar o valor dos impostos dos mais pobres e da classe média para pagar juros à especuladores estrangeiros, diminuindo a isenção do imposto de renda e aumentando as taxas sobre gasolina e serviços básicos.
A proposta foi rechaçada por amplos setores sociais, incluindo sindicatos. Assim os(as) colombianos(as) ganharam as ruas. O governo de direita recuou e Duque cancelou o projeto. Mas já era tarde demais, a revolta popular cresceu.
As demandas se expandiram, exigindo renda básica para enfrentar a pandemia, vacinação em massa, fim do projeto privatista de saúde, terra e trabalho para povos originários, afro-colombianos e camponeses, e claro, fim da brutalidade militar e paramilitar, que já assassinou mais de 50 manifestantes, deixando mais de 2000 feridos e mais de 500 pessoas desaparecidas, desde o início dos protestos.
O clamor é de SOS Colômbia, para colocar fim nas torturas e na brutalidade policial. E um grito ecoa para o mundo: “Nos están matando”. As manifestações pacíficas, sobretudo em Cali, Medellin, Pereira e Bogotá, estão enfrentando grupos armados. Um grupo paramilitar (milícia colombiana) atirou à luz do dia contra uma concentração indígena, baleando 10 pessoas. Casos de estupros cometidos por membros da ESMAD — Esquadrão Móvel Antidistúrbios também foram denunciados.
Resistindo a tragédia humanitária os(as) colombianos(as) demonstram sua coragem para o mundo, exigindo a renúncia do presidente elitista Iván Duque. É chegado o momento de o Brasil aprender com os hermanos de la Gran Colombia, e reconhecer que somente nas ruas e com bravura se derrota o fascismo. Viva a América Afro-Indígena Unida!
*Sociólogo e professor na UEMG.
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