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CULTURA

Beth Carvalho, sambista do povo

Bernardo Pilotto*, do Rio de Janeiro, RJ
Divulgação

Há 75 anos atrás, no dia 05 de maio de 1946, nascia Beth Carvalho, uma das mais importantes cantoras da história do Brasil. Nascida Elizabeth Santos Leal de Carvalho, ela começou a se interessar pela música muito cedo, aproveitando a amizade de seu pai com cantoras como Elizeth Cardoso e Aracy de Almeida.

Depois de começar sua carreira cantando bossa nova, Beth começou a ter contato com o samba tocado nos subúrbios e morros cariocas. Passou a gravar compositores da antiga que estavam esquecidos pelas grandes gravadoras (como Chico Santana e Nelson Cavaquinho) e foi importante para a retomada da carreira musical de Cartola.

Posteriormente, já no começo dos anos 1980, foi apoiadora e entusiasta do movimento que gerou o grupo Fundo de Quintal e a uma geração de cantores que inclui nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, entre outros. Beth era chamada de madrinha por todos esses sambistas.

Ao longo de sua vida, também teve participação ativa na sua escola de samba do coração, a Estação Primeira de Mangueira. Foram vários os desfiles em que a cantora participou desfilando ou em carros alegóricos. Em duas ocasiões, foi enredo de outras agremiações: Unidos do Cabuçu em 1984 e Alegria da Zona Sul em 2017.

Beth Carvalho foi um importante elo de ligação entre sambistas da antiga e da nova geração e isso se refletia na maior parte dos seus álbuns, como no excelente “Beth Carvalho Ao Vivo no Olímpia”, de 1991. Seu prestígio e influência sempre estiveram a serviço de causas maiores e não só no âmbito da cultura.

Até o fim de sua vida, teve intensa participação política. Muito próxima de Brizola, participou de várias de suas campanhas, para presidente e governador do Rio de Janeiro, e foi muito atuante apoiando causas como a reforma agrária. Era presença frequente, por exemplo, em shows e atividades em solidariedade ao MST. Em 2018, mesmo com a saúde debilitada, Beth participou de um show em Curitiba no 01º de maio, discursando e cantando a favor da liberdade de Lula.

Beth Carvalho faleceu no dia 30 de abril de 2019, fruto de uma infecção generalizada, depois de ficar meses internada.

*Bernardo Pilotto é sociologo, formado pela UFPR

Marcado como:
cultura popular / samba