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MUNDO

Centrais sindicais da Colômbia realizam uma greve geral nesta quarta, 28, contra a reforma tributária do governo Duque

David Cavalcante*, de Recife, PE
María José Cogollo/Infobae

Uma Greve Geral foi convocada pelas principais organizações sindicais da Colômbia para este dia 28 de abril. A Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), a Confederação Geral do Trabalho (CGT),, a Confederação dos Trabalhadores da Colômbia (CTC), a Confederação dos Pensionistas da Colômbia (CPC), além da Federação Colombiana de Trabalhadores na Educação (FECODE), entre outras organizações sindicais, organizaram um Comando Unitário da Greve que tem como principal pauta a revogação da Reforma Tributária do governo de Ivan Duque, além de outros pontos, como o respeito aos acordos de paz realizados com a guerrilha, que vêm sendo descumpridos.

Apesar da controvérsia em relação a uma decisão judicial que tentou proibir a greve, o Comando Nacional manteve a convocatória e numa rodada de imprensa nesta terça à noite, manteve o movimento e reforçou as orientações para as medidas de segurança sanitária, como distanciamento social, uso de máscaras e álcool em gel. Para isso, haverá 50 pontos descentralizados de mobilização na Capital, Bogotá, além de lives e atos públicos em diversas regiões e cidades do país, como Medellín. Nas primeiras horas da manhã, ocorreram protestos em terminais de ônibus e estações de trem e bloqueios de rua e em universidades.

Aumento de impostos pode jogar 60 mil famílias na pobreza 

A proposta de Reforma Tributária foi apresentada no dia 05 de abril, buscando combater o crescente déficit fiscal do Estado colombiano que aumentou cerca de 4,9% do PIB, entre 2020 e 2021. Sendo que a dívida pública até fevereiro deste ano cresceu o equivalente a 10% de todas as riquezas produzidas naquele país, chegando a 640 bilhões de pesos, alcançando o total de 58,4% do total do PIB. E para superar um déficit gerado pelo próprio governo atual, agora, o presidente de direita, Ivan Duque, tenta impor uma reforma regressiva, que afetará ainda mais os trabalhadores assalariados e as classes médias.

Em 2018, mais de 3 milhões de pessoas declararam o imposto de renda, sendo que 43% são assalariados e 6% equivale a rentistas sob o capital e 51% de outras pessoas físicas e jurídicas. A análise das declarações revela que os 1% mais ricos alcançaram uma renda equivalente a 626 vezes o rendimento dos 10% que tiveram a menor renda.

Agora, Duque quer impor aumentos no Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), sobre os serviços públicos de água, gás e internet, o que poderá empurrar, segundo os organizadores da greve, 60 mil lares para a linha de pobreza. É notório que aumentar o imposto sobre o consumo de serviços, sejam eles públicos ou privados, é uma forma de tributar mais os que recebem menos – os trabalhadores assalariados e as classes médias, em detrimento de impostos sobre o capital e rendimentos, sobre lucros e dividendos das grandes empresas. Traduzindo, o governo quer que os trabalhadores e as classes médias paguem pelo agravamento da crise econômica resultante da paralisação das forças produtivas causadas pela pandemia e da ganância das empresas.

*David Cavalcante é cientista político.