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BRASIL

Racistas vestem-se como a Ku Klux Klan e movimento negro revida com ato nas ruas de Porto Alegre

Marcha neste domingo foi resposta nas ruas ao ato racista que simulou enforcamento de homem negro

Thais Santos*, de Porto Alegre, RS
@lleffa

Racista usando traje da Klu Klux Klan. Ao lado, Bancada Negra registra um Boletim de Ocorrência coletivo.

Na última quarta-feira, 21 de abril, Porto Alegre protagonizou um dos seus momentos mais lamentáveis: uma ação bolsonarista que reverenciou a Ku Klux Klan, grupo supremacista branco responsável pelos linchamentos de negros, negras e judeus que ocorreram no período pós-abolição nos Estados Unidos. No vídeo repercutido em diversos veículos de mídia, um boneco negro aparece pendurado em uma árvore – em referência aos enforcamentos realizados pela KKK – e um homem apresentado como “carrasco” aparece vestido com a roupa da Ku Klux Klan, declamando “O que viemos fazer aqui hoje? Viemos acabar com o comunismo”. O ato bolsonarista aconteceu no Parcão, parque localizado no Moinhos de Vento, um dos bairros mais ricos e brancos da cidade.

Infelizmente, não é de hoje que Porto Alegre vem protagonizando ataques racistas e nazistas. No dia 11 de março, durante uma manifestação bolsonarista contra o lockdown e pelo fechamento do STF, uma mulher aparece em um vídeo citando a frase “Arbeit macht frei” que, em alemão, significa “o trabalho liberta”, frase que figurava na entrada do campo de concentração nazista de Auschwitz.

Em resposta aos racistas que reverenciaram a KKK, diversas entidades do Movimento Negro saíram às ruas neste domingo, 25 de abril, num contra-ato chamado pelo Movimento Vidas Negras Importam, no mesmo local onde o ataque racista aconteceu. Mesmo debaixo de chuva, movimentos como o Afronte!, Nós por Nós Solidariedade, entre outros, lideranças do Movimento Negro e parlamentares da Bancada Negra da Câmara Municipal se reuniram para exigir punição aos envolvidos na ação racista e também a saída de Bolsonaro da Presidência da República.

Na opinião do vereador Matheus Gomes (PSOL), “a única forma de impedir essas ações supremacistas e fascistas é através da mobilização e auto-organização negra e popular. Hoje o recado foi dado: não aceitaremos que esse tal de “Carrasco” apareça outra vez! Temos o direito de revidar em auto-defesa contra o racismo e os inimigos da democracia no Brasil!”

Além do contra-ato antirracista realizado neste domingo, vereadores(as) da Bancada Negra de Porto Alegre estiveram na delegacia Especializada no Combate à Crimes de Intolerância, no dia 22 de abril, um dia depois do ocorrido, para registrar um boletim de ocorrência. Ações nazistas e racistas precisam ser investigadas e punidas, assim como o incentivo do presidente Bolsonaro a essas práticas. Não podemos mais aceitar que o racismo passe impune.

@lleffa

*Thais Santos é militante do Afronte/RS.

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