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MOVIMENTO

Motoristas de Fortaleza (CE) paralisam por vacina

Paralisação de terminal de integração durou três horas

Nericilda Rocha, de Fortaleza, CE
Fila de ônibus parados. Na frente do primeiro, um caixão bloqueia a passagem
Divulgação / Sindicato dos Rodoviários

O 20 de abril foi mais um dia Nacional de protestos em várias cidades, contra tudo que o governo Bolsonaro vem fazendo com o país. Vacina no braço, comida no prato e Fora Bolsonaro foram as reivindicações apresentadas em todos os protestos.

Em Fortaleza, os motoristas de ônibus fecharam um dos terminais de integração mais importantes da capital, exigindo vacina e circulação de 100% da frota. A paralisação que durou três horas foi uma ação conjunta com outras categorias que se organizam no Fórum em defesa dos direitos e liberdades democráticas.

“Os trabalhadores em transporte não tiveram direito ao isolamento social. Somente nos dois últimos meses, 13 trabalhadores faleceram devido a Covid-19 e os empresários de ônibus fazem é reduzir a frota, ocasionando uma superlotação que facilita a proliferação do vírus e a contaminação dos motoristas e da população. Essa já é a terceira paralisação que realizamos e até o momento temos sido ignorados pelo governador, prefeito e os empresários de ônibus. Se formos a uma greve vão nos chamar de intransigentes”, afirmou Domingos Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte do Ceará  (SINTRO).

Vale recordar que não há vacina suficiente no país para toda a população, por responsabilidade do governo federal e do Ministério da Saúde. Foi Bolsonaro que recusou a compra de vacinas desde agosto de 2020. Agora tá mais difícil conseguir. A pandemia castiga o mundo inteiro, mas o Brasil virou epicentro de uma catástrofe por responsabilidade da política adotada por Bolsonaro. Este governo por trás de um discurso negacionista, afirmou o tempo todo que o povo podia aglomerar, circular normalmente que havia a cloroquina que supostamente era a cura para a Covid-19. Afirmou que quem tomasse a vacina corria o risco de virar Jacaré e gastou bilhões do dinheiro público com a tal da cloroquina. Se a CPI da Covid for pra valer e se Rodrigo Pacheco não atuar para blindar o governo, concluirá que essa matança do povo brasileiro poderia ter sido evitada.

Agora assistimos aos motoristas de ônibus, ferroviários, metroviários, operários da construção civil, professores, e a população em geral, orar, protestar e exigir a vacina como única forma de parar a matança à qual Bolsonaro nos condenou. Parafraseando Conceição Evaristo, eles tramaram de nos matar, nós temos que lutar para viver!

A paralisação dos motoristas de Fortaleza é um grito de alerta que ecoa em várias cidades. Os rodoviários de Goiânia, Distrito Federal, Alagoas, Recife, São Luís, Niterói, Maringá, Paraíba, são parte em um processo de lutas e paralisações pela vacina. Essa categoria é uma das mais afetadas na pandemia e está nas últimas faixas na ordem de vacinação nos planos estaduais de vacinação. Mas a essência do problema é a ausência de vacinas. São Paulo tem o indicativo de começar a vacinação dos motoristas em 18 de maio, mas na maioria dos Estados não há data prevista. No Ceará, estão incluídos na quarta fase de vacinação, sem previsão de data.

O fato é que as paralisações dos motoristas de Fortaleza têm demonstrado que não estão dispostos a seguir trabalhando sem o compromisso de quando serão vacinados. Não é uma luta corporativa por que também exigem a frota circulando 100%, para evitar maiores riscos para a população. Além disso, exigem do sindicato patronal, o Sindiônibus, que devolva o plano de saúde dos trabalhadores, alterado no auge da pandemia, à revelia do setor e que agora os impede de conseguir atendimento médico.

A paralisação do dia 20 confirma que outras lutas e paralisações virão até que haja vacina para todos! No caos e espectro da morte, está sendo gestado a resistência da classe trabalhadora e do povo pobre, com todas as fragilidades e dificuldades. Mas há faíscas que se transformam em chamas rapidamente, dependendo da força que as impulsiona.

 

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