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BRASIL

A luta pela sobrevivência na pandemia e a importância da unidade da esquerda sergipana

Resistência/PSOL Sergipe

A pandemia continua gravíssima. Estamos vivendo uma tragédia social e o principal responsável, sem dúvidas, é o governo genocida de Bolsonaro que negou e minimizou o problema. De forma proposital, não estabeleceu um plano de vacinação e ainda está cortando direitos sociais e reduzindo o auxílio emergencial. O resultado é que o Brasil hoje acumula mais de 345 mil mortes e se tornou o epicentro mundial do coronavírus. É urgente o impeachment de Bolsonaro e sua responsabilização pelos crimes contra a saúde e a vida do povo brasileiro.

Se é verdade que Bolsonaro é o principal responsável, é verdade também que ele não é o único. A bancada federal de Sergipe, por exemplo, é composta por onze parlamentares, sendo três senadores e oito deputados federais. Desses, apenas três defendem publicamente o impeachment. Isso significa que a ampla maioria dos representantes sergipanos no congresso nacional são cúmplices do governo genocida. O mesmo caminho segue o governo estadual. Apesar de se diferenciar de Bolsonaro com um discurso cauteloso, que demonstra preocupação com a pandemia, Belivaldo também não se posiciona pelo impeachment e se mostra subserviente ao governo federal, como aconteceu nas duas vindas de Bolsonaro a Sergipe, quando o governador teceu diversos elogios ao presidente e seus ministros. Belivaldo prefere a omissão, apelando que “não é momento de politizar o debate”.

A luta por medidas sociais e as campanhas de solidariedade

Enquanto a vacina não chega para a maioria, em meio ao desemprego, carestia no preço dos alimentos e aumento da pobreza e da fome, é fundamental a existência de medidas sociais para as pessoas em maior situação de vulnerabilidade. Contudo, a rede de proteção social do Estado brasileiro vem sendo desmontada e as poucas iniciativas – como uma renda básica emergencial – foram suspensas por Bolsonaro, deixando milhões de famílias desamparadas desde dezembro. O presidente quer voltar a pagar o auxílio, mas num valor irrisório de R$175,00. Belivaldo não fica atrás! Em dezembro, o governo do estado cortou o benefício de R$100,00 que vinha sendo pago a 25 mil famílias. Belivaldo manteve o auxílio apenas para 6 mil famílias. Na semana passada incluiu mais 5 mil famílias, mas o número ainda é menor que no ano de 2020 e muito pouco diante da necessidade. Justo no pior momento da pandemia, os governos diminuem os auxílios.

Os auxílios não são a única a questão. Precisamos de um plano de medidas sociais que envolva diversas questões como a isenção de taxa de água e energia, doação de cestas básicas, trabalho de prevenção e educação junto a sociedade, fiscalização efetiva das empresas de ônibus, linhas de crédito para pequenas empresas, etc. Não adianta aprovar toque de recolher sem garantir as condições sociais para os trabalhadores, gente que precisa estar na rua para sobreviver. O problema não é fazer o “lockdown”, como recomenda a ciência, mas uma política extrema de isolamento social precisa vir acompanhada de garantias sociais.

Nesse sentido, estão sendo fundamentais as ações de solidariedade, organizadas por comunidades, movimento negro, sindicatos e toda uma diversidade de grupos. Se por um lado o fortalecimento dessas redes para distribuição de álcool em gel, máscaras, alimentos, remédios, etc., demonstra um aumento da necessidade das pessoas e, portanto, um aumento da pobreza, por outro demonstra nossa capacidade de estabelecer relações solidárias e superar dificuldades de forma coletiva. Assim como é fundamental exigir medidas sociais dos governos, é urgente agir no cotidiano. Hoje, apostamos na construção da campanha Sergipe Sem Fome, uma iniciativa da militância do PSOL, que tem organizado doações de alimentos junto as comunidades desde o início da pandemia e está fazendo a diferença na vida de centenas de famílias.

O desafio de construir um programa de mudanças estruturais para Sergipe

Como estamos impedidos de fazer grandes mobilizações por conta da pandemia, há uma tendência de se fortalecer o debate das eleições. Com a vitória democrática que foi a liberação jurídica de Lula para ser candidato, a pressão pelo debate eleitoral cresceu ainda mais. Falta um tempo considerável até 2022, mas pensamos que é necessário sim discutir a questão. Para isso precisamos abrir um debate de programa, de projeto de futuro para o Brasil e Sergipe. Esse programa deve congregar pontos que sejam comuns para unificar os diferentes setores populares e o campo de esquerda.

Os últimos anos de aprofundamento da crise do capitalismo tem impacto fortemente o Brasil. Dentro das desigualdades regionais, o estado de Sergipe foi extremamente afetado pela crise econômica e social. Esse impacto significativo ocorre por conta da dependência externa da economia sergipana e sua pouca diversificação. Nesse sentido, os sucessivos governos de Sergipe têm operado para excluir o povo e favorecer o agronegócio, o grande capital internacional nos projetos energéticos do litoral norte e os grandes grupos empresariais durante esse período de crise. Uma das maiores provas da atuação dos governos é o massacre histórico do funcionalismo, com defasagem salarial, destruição da carreira e da aposentadoria dos servidores públicos.

É necessário construir um projeto de fôlego, de mudanças estruturais de longo prazo em Sergipe. É preciso abrir um processo democrático de debates programáticos. Envolver a população sergipana em toda sua diversidade de intelectuais, movimentos sociais, comunidades extrativistas e quilombolas, artistas, lideranças religiosas, profissionais liberais e pequenos empresários, enfim, conformar um bloco histórico que possa fazer frente ao desmonte do Estado, a desindustrialização, o desemprego, a destruição ambiental e a violência contra a população negra, as mulheres e LGBTs, construindo uma proposta de desenvolvimento social voltada para a maioria dos sergipanos.

Sergipe precisa de um governo de esquerda! Um chamado ao PT e às forças populares

O ciclo da velha direita foi parcialmente interrompido em 2006 com a vitória de Marcelo Deda e do PT para o governo de Sergipe. Contudo, Deda e o PT realizaram governos de conciliação e com isso não romperam com a velha política tampouco fizeram as mudanças estruturais que o povo esperava. O resultado é que setores da direita, incluindo bolsonaristas, continuam muito bem representados dentro do governo estadual e o PT acabou se tornando apenas mais um partido da base aliada. As construtoras, empresas de transporte, agronegócio e as grandes empresas do setor de serviços dão o tom do governo. Basta observar o comitê técnico-científico do governo na pandemia, composto apenas de representantes do setor patronal, sem a presença das entidades de trabalhadores.

Sergipe precisa de um governo de esquerda! Um governo da maioria trabalhadora que constrói com muito suor e trabalho a riqueza desse estado. Assim, fazemos um chamado ao PT e a todas as forças populares para formarmos um processo coletivo de elaboração programática com vistas a construir um outro futuro para Sergipe. A ruptura do PT com o governo Belivaldo Chagas é decisiva para uma vitória da esquerda em Sergipe. O momento exige responsabilidade e compromisso com o povo. Lutaremos até o fim pela unidade e por melhores dias para o povo sergipano.