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MUNDO

O Peru vai às urnas neste domingo 11 de abril

David Cavalcante*, de Recife, PE

Neste domingo, 11 de abril, em meio aos piores indicadores de saúde relacionados à Covid19 na América Latina, somando mais de 1,6 milhão de doentes com saldo de mais de 53 mil falecidos pela covid-19, sendo considerado o país com maior taxa de letalidade do continente, com 1.619 mortos para cada milhão de habitantes, ocorrerá o primeiro turno das eleições presidenciais do Peru.

Além do ou da Presidente, serão eleitos os 130 deputados ou deputadas, dois vice-presidentes e ainda cinco parlamentares andinos que representam o país no Parlamento Andino (composto pelos representantes da Bolívia, Equador, Colômbia e Peru[1])

O que marca as eleições gerais no Peru é o contexto de uma forte crise institucional que se arrasta há anos, desde que o último Presidente eleito pelo voto popular, Pedro Pablo Kuczynski, empossado em julho16 e que renunciou em março/18, ante a tramitação de um segundo processo de impedimento e com provas públicas de envolvimento em corrupção.

Desde então, o Peru, que possui um sistema híbrido de parlamentarismo com presidencialismo, e que nas últimas décadas não forjou organizações partidárias sólidas com enraizamento social, onde a política, regra gral, gira principalmente em torno das lideranças caudilhescas unipessoais, agravou sua instabilidade principalmente resultante dos atritos das forças majoritárias de direita fujimorista no parlamento contra o sucessor de PPK, Martin Vizcarra.

Vizcarra também caiu após enfrentar dois processos de impedimento, sendo que ele mesmo decidiu tomar uma medida drástica de dissolver o Parlamento (medida prevista na Constituição, após desaprovação do Congresso se “este tenha censurado ou negado duas moções de confiança do Conselho de Ministros) e convocar eleições parlamentares extraordinárias, ante a recusa de um projeto de mudanças na forma de escolha dos membros do Tribunal Constitucional, em outubro de 2019.

O atual Presidente, Francisco Sagasti, foi eleito de forma indireta pelo Congresso, após massivos protestos populares em novembro20 recusarem o seu antecessor, Manuel Merino, que havia tomado posse como então Presidente do Congresso, sendo articulado pelas forças políticas que aprovaram o impedimento político de Vizcarra, uma destituição reconhecida como golpe parlamentar por expressivos setores populares. Merino durou apenas 5 dias no Cargo.

As previsões de resultados para este 1º turno do domingo são bastante incertas, pois há discrepâncias entre as previsões dos institutos de pesquisa, sendo que há empate técnico entre os 5 primeiros candidatos à Presidência, entre os 18 inscritos na disputa, com percentuais bem próximo entre eles e elas. As variações oscilam entre 11% para o 5º lugar e 14% para o 1º lugar, além de previsões ainda de um alto percentual de indecisos que ultrapassam os 30% dos eleitores.

A grande novidade seria a passagem para o 2º turno da candidata de esquerda, Veronika Mendonza, candidata por uma Frente de Esquerda, denominada Juntos por Peru, com pautas bem identificadas com demandas dos movimentos sociais, a exemplo de temas ambientais e direitos dos povos originários, demandas feministas, direitos sociais e trabalhistas, além da bandeira da Assembleia Constituinte. Vejamos se conseguirá superar a ruma de candidatos, a grande maioria de direita, entre os quais a filha do ex-ditador, Keiko Fujimori, que já disputou a presidência por duas vezes anteriores e foi derrotada.

*Cientista Político

[1] A Venezuela, sob o governo de Chávez, se retirou da Comunidade Andina em 2006, em protesto contra os Tratados de Livre Comércio assinados pela Colômbia e Peru com os Estados Unidos.

 

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