Pular para o conteúdo
MOVIMENTO

Metroviários de São Paulo decidem entrar em greve no dia 20 de abril

Da Redação
TV Brasil

Metroviários de São Paulo (SP) decidiram entrar em “greve sanitária” no próximo dia 20 de abril. A proposta de paralisação destaca a importância do setor diante do descaso com que vem sendo tratado no contexto da pandemia. Frente ao aumento da exposição ao risco de saúde, a categoria reivindica a inclusão na campanha de vacinação contra covid-19, o reconhecimento de seu caráter de setor essencial e denuncia o governo Doria e a direção do Metrô por ignorarem o Plano de Emergência apresentado pelo Sindicato dos Metroviários.

A decisão contou com a participação online de 1.023 votantes, incluindo funcionários de todas as linhas da capital paulista. “Decidimos pela greve sanitária porque estamos trabalhando no sufoco. Já estamos transportando mais de 1 milhão de pessoas e perdemos mais de 20 colegas de trabalho. Defendemos a vacina para todos, mas achamos justo que os trabalhadores do transporte estejam entre os grupos prioritários. É um cuidado também com a população que utiliza o Metrô, pois podemos ser um vetor de transmissão do vírus”, afirma Camila Lisboa, coordenadora-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

Além da vacinação urgente, os trabalhadores reivindicam também a implementação do lockdown, o auxílio emergencial e as diretrizes apresentadas no Plano de Emergência. Há ainda a previsão de que trabalhadores do sistema rodoviário do estado de São Paulo podem aderir à paralisação do dia 20, ampliando a resistência para todo o sistema de transporte coletivo.

Exploração e risco no transporte coletivo

A intensificação da exploração e a exposição ao risco da covid-19 têm despertado a resistência de trabalhadores do sistema de transporte em vários lugares. Em muitos grandes centros, não há fiscalização em relação à aglomeração nos transportes e os empresários têm reduzido às frotas, agravando as superlotações.

Em Maringá (PR), neste 9 de abril, os rodoviários entram no seu segundo dia de greve, com 75% da frota fora de circulação. Os funcionários da empresa Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC) se queixam de que o pagamento dos salários está atrasado. Em Londrina (PR), o transporte coletivo também parou, mas o sindicato chegou a um acordo durante o dia.

Rodoviários de Niterói (RJ) e região irão decidir nos dias 12 e 13 se entram em greve no próximo dia 26 de abril. A paralisação reivindica a inclusão dos trabalhadores do transporte coletivo nas prioridades do plano de vacinação.

Em Maceió (AL), motoristas e cobradores suspenderam a paralisação prevista para este dia 9 de abril após audiência realizada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Os rodoviários cobram o pagamento do valor integral dos tickets de refeição e a contrapartida da empresa para o custeio dos planos de saúde. Além disso, denunciam a intenção dos empresários de demitirem em massa os cobradores e fazerem os motoristas acumularem a função.

A paralisação em Goiânia (GO) e região metropolitana nesta sexta-feira durou 12h e estima-se que houve redução de 40% no funcionamento do sistema. A principal reivindicação também é a inclusão entre as prioridades no plano de vacinação.

Em Marília (SP), a paralisação dos trabalhadores da empresa Grande Marília durou 4 horas neste dia 9 de abril e sinalizou o descontentamento da categoria, que sofre com a redução de 30% em seus salários enquanto as tarifas de ônibus subiram de R$ 3,80 para R$ 4,50.

No dia 1º de abril, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, recebeu a Frente Nacional de Prefeitos (FNP). Os chefes dos executivos municipais informaram que diversos sistemas de ônibus vão parar se os municípios não receberem apoio para manter os transportes coletivos. Diante disso e do alto custo das passagens – que têm ameaça de aumento em alguns lugares, como no metrô de Recife (PE) e do Rio de Janeiro (RJ) –, este pode ser o prenúncio de um período de intensos conflitos em torno do transporte urbano coletivo.