Pular para o conteúdo
BRASIL

No centenário de Barbosa, continuar a luta contra o racismo no futebol

Bruno Pinheiro Lima*, de Fortaleza, CE

Sábado, dia 27 de março de 2021, Moacir Barbosa do Nascimento (27/03/1921-07/04/2000), ex-goleiro vascaíno entre as décadas de 40 e 60, e da seleção brasileira, completaria 100 anos.

Por quase 65 anos, Barbosa carregou o fardo de ser o principal responsável pela fatídica derrota do Brasil de virada para o Uruguai, em pleno Maracanã lotado, no jogo decisivo da Copa do Mundo de 1950, que ficou conhecido como “Maracanazo”. Desde então, foi  alvo de matérias jornalísticas e artigos sobre sua suposta falha até o dia de sua morte.

Mais do que achar um culpado pela derrota, Barbosa carregou consigo o preconceito enraizado na sociedade brasileira desde sua fundação, e desde a popularização do esporte bretão entre os mais pobres, negros, operários e imigrantes. Afinal, o esporte que era praticado pelas elites não poderia ser praticado pelos grupos historicamente excluídos.

Quis o destino que Barbosa se tornasse ídolo do Club de Regatas Vasco da Gama, que lutou contra o preconceito e pela profissionalização do futebol nos primórdios da prática do esporte no Rio de Janeiro.

Barbosa não foi um goleiro qualquer, foi o camisa 1 de uma época grandiosa do clube carioca, um dos jogadores que mais colecionou vitórias na história do Vasco da Gama, com o time que ficou conhecido como Expresso da Vitória, fazendo parte inclusive do primeiro time brasileiro a ser campeão de uma competição internacional, o Sul Americano de 1948, torneio precursor, que daria origem à Copa Libertadores da América, anos depois.

Também atuou pela seleção brasileira entre 1949 e 1950, sendo campeão da Sul Americano em 1949, e goleiro titular inquestionável até a Copa de 1950. Após aquela final, voltou a atuar somente em 1953.

O 7 a 1 que a seleção brasileira sofreu na Copa do Mundo de 2014, 64 anos depois daquela derrota no Maracanã, serviu para que Barbosa, enfim, descansasse em paz.

Recentemente, um projeto de lei em caráter de urgência passou na Câmara Municipal do Rio de Janeiro pedindo a mudança de nome do Maracanã de Estádio Jornalista Mário Filho para Estádio Édson Arantes do Nascimento, Rei Pelé. Um projeto completamente sem lógica e que não leva em consideração a importância histórica de Mário Filho para construir o que seria o maior palco do futebol mundial durante décadas.

Deixo aqui uma sugestão que seria muito mais significativa e simbólica. Para muitos Barbosa é o maior símbolo da história do clube de São Januário, que tem seu estádio chamado Estádio Vasco da Gama. Mudar o nome do estádio vascaíno para Estádio Moacir Barbosa Nascimento seria não somente uma grande proposta, seria reconhecimento e reparação histórica a um homem negro e grande atleta que escreveu seu nome como um dos maiores da história do esporte nacional.

Obrigado, eterno Barbosa! O maior!

 

 

*Graduado em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM-RJ); Pós-Graduado latu sensu em Planejamento e Gestão Ambiental pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Marcado como:
futebol / Racismo