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BRASIL

SP: O desabafo de um professor após a 21ª morte na categoria

Fábio Pires Marciel
Filipe Araujo / Fotos Públicas

Ato público em 2020, contra a volta às aulas presenciais em SP.

José Luiz Torres

Na última sexta-feira, 12/03, nosso companheiro de luta José Luiz Torres, da Apeoesp de São Bernardo do Campo (SP), que lecionou na escola estadual Jorge Rahme (SBC) e na Teruko Ueda Yamaguti (Centro-Sul), veio a falecer, vitimado pela Covid-19. Essa morte poderia ter sido evitada, se o governador do Estado de São Paulo João Doria e seu Secretário de Educação Rossieli Soares tivessem suspendido o decreto de volta às aulas presenciais nas redes públicas e privadas do Estado de São Paulo.

Poderia estar falando com o Zé hoje por telefone, se o Governo Federal, através do presidente Jair Bolsonaro e de seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tivessem elaborado um plano nacional de vacinação. Um plano sério, que deveria passar pelo uso de máscaras, testagem em massa, medidas restritiva de circulação de pessoas e vacinação para no mínimo 75% da população brasileira.

Contrário, Bolsonaro fez campanha contra todas as medidas recomendadas pela  OMS (Organização Mundial da Saúde). Ele riu das famílias que perdiam seus entes queridos, mentiu sobre a compra de vacina, comprou os testes rápidos, tipo PCR, e os deixou apodrecer em galpões.

Já em São Paulo, João Doria, que tentou se passar de defensor do povo paulista e brasileiro, na verdade agiu de forma semelhante aos canalhas de Brasília. Isso ficou demonstrado nas medidas restritivas que se negou a implementar no período eleitoral, para não prejudicar os candidatos do PSDB a prefeito em todos os municípios paulistas. Quando tardiamente as implementou em dezembro, saiu de fininho para passar as festas de fim de ano em Miami, nos EUA. Pressionado pelo sistema privado de educação paulista, desprezou a vida de professores, gestores, agentes escolares e alunos, conduzindo essas pessoas como gado em direção ao abatedouro.

Isso provocou ao menos 21 mortes e 4.084 casos de Covid-19 entre todas as pessoas que frequentaram o ambiente escolar de 26 de janeiro e 12 de março de 2021.

Até quando vamos assistir de braços cruzados o genocídio do povo brasileiro? Governantes irresponsáveis conduzindo a população ao caos, sem esboçar o mínimo de reação para salvar a vida dos brasileiros e as nossas próprias vidas.

Na semana passada estive no meu antigo local de trabalho, o Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, que há décadas vem sendo destruído pelos governos do PSDB, e com muita tristeza, ouvi relato de colegas sobre a morte daqueles que estão na linha de frente dentro das enfermarias e UTI’S  para covid-19. Algumas dessas pessoas trabalharam comigo no hospital no período de 1987 a 1997, quando com muito orgulho ofereci meus modestos esforços a esta instituição.

À noite os telejornais apresentam o deputado federal Eduardo Bolsonaro mandando as pessoas enfiarem as máscaras de proteção “no rabo”. Se estivéssemos em um país minimamente sério, este excremento deveria responder judicialmente por atentado contra a saúde pública em tempos de pandemia.

Nesses 12 meses de pandemia, o presidente Bolsonaro, rindo e fazendo piadinhas a respeito daqueles que perderam suas famílias para essa terrível pandemia. Em nenhum momento vimos membros da família Bolsonaro se solidarizarem com a morte daqueles que foram vitimados pela Covid 19.

Vimos sim! Bolsonaro cortar leitos hospitalares em todo o Brasil por falta de verba, mas em contrapartida isentou do pagamento de impostos a importação de vários tipos de armas de fogo, além da liberação de recursos para deputados e senadores votarem em seus candidatos nas eleições da Câmara e do Senado.

Chega de ficar de braços cruzados assistindo o genocídio do povo Brasileiro. É preciso que Bolsonaro seja afastado e responsabilizado por crime contra a saúde pública em tempos de pandemia. É preciso continuar lutando.

 

*Professor da rede estadual de São Paulo.