O deputado federal Daniel Silveira, do PSL do Rio, foi preso ontem, após mais uma sessão de ataques a ministros do STF numa rede social. Para quem não sabe, Silveira é aquele sujeito bombado, que quando candidato em 2018, ao lado dos também candidatos Rodrigo Amorim (deputado estadual) e Wilson Witzel (governador), rompeu a placa de Marielle Franco ao meio, sob urros e aplausos da patuleia ensandecida que assistia a encenação. Em 2019, já como deputado, Silveira invadiu o Colégio Estadual Dom Pedro II, em Petrópolis, dizendo que ia “fiscalizar” seu funcionamento. Foi expulso por adolescentes e pela corajosa diretora, que não se intimidaram com a presença física e ameaçadora do deputado troglodita, que certamente não confia tanto no seu físico criado à base de anabolizantes, mas nos seguranças que o acompanham e na arma que carrega consigo.
Se há bons exemplos do que seja um fascista típico, Silveira é um deles. Sua verve recheada de ódio pela esquerda, sua postura que ressalta recalque, frustração e ressentimento e sua burrice acima de qualquer suspeita, configuram um ser tacanho e minúsculos, mas não obstante ameaçador, um produto típico desses tempos obscuros em que o fascismo volta a ameaçar o planeta.
Silveira passou todo o ano de 2020 praticando o negacionismo contra a ciência, bradando contra os decretos de distanciamento social de prefeitos e governadores, pregando contra a máscara e contra a vacina, num comportamento em tudo igual ao do agitador fascista que nos governa e de quem é seguidor. Há alguns dias o deputado do PSL chegou a ser expulso de um avião porque se recusou a pôr a máscara, numa demonstração de que deseja, acima de tudo, aparecer e causar polêmica inflamando seu séquito.
Como alvo do inquérito que apura o financiamento de manifestações antidemocráticas (manifestações fascistas e golpistas, vamos chamá-las pelo verdadeiro nome), Daniel Silveira vem acumulando seguidores e notoriedade entre os setores mais extremistas do país. Sua prisão deve ser comemorada, embora não seja provável de que passe muito tempo no xilindró.
Na década de 1920, entre os muitos absurdos que permitiriam o crescimento do nazismo na Alemanha, a conivência da justiça foi, certamente, um dos mais evidentes. Por anos muitos personagens e grupamentos nazistas desafiaram as leis com sua violência, sua performance de ódio, seu racismo e todo tipo de atitude contrária à qualquer civilidade num país mergulhado no caos. O resultado dessa negligência das instituições da Alemanha da República de Weimar todos conhecemos.
Estamos longe de ter aprendido com o passado, mas a prisão de Daniel Silveira pode ser um pequeno passo para começar a dar um basta na ameaça fascista, ao menos para movimentar o ambiente institucional do país quase sedado diante de tantos absurdos e crimes. Mas não vamos nos enganar: a tarefa de derrotar a fascistada não é do STF, do Congresso ou da mídia corporativa, mas dos trabalhadores que tão logo seja possível deverão ocupar as ruas com sua inteligência, sua força, suas bandeiras e seu radical desejo de justiça, igualdade e democracia.
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