O ano de 2021 começou com a segunda onda da pandemia de Covid-19. Já nos primeiros dias do ano, assistimos estarrecidos à catástrofe em Manaus, com pacientes morrendo pela falta de oxigênio nos hospitais, ao mesmo tempo em que os números de casos e de mortes pela Covid-19 cresceram em todo o país. O início da vacinação trouxe esperança, mas também incerteza: não há vacinas para todos e tudo indica que não está garantida a imunização nem mesmo da população do grupo de risco nos próximos meses. O fim do auxílio emergencial anuncia o agravamento da crise social, deixando sem renda milhões de trabalhadores. O desemprego já atinge mais de 14 milhões e se agrava, como demonstrou o fechamento da Ford no Brasil, anunciado nos primeiros dias do ano.
Por outro lado, se é verdade que a pandemia dificulta a realização de grandes atos de rua, é certo também que começamos 2021 com um avanço na mobilização de massas. No dia 23 de janeiro, enormes carreatas ocorreram em todo o país. Em todas as capitais e em muitas cidades do Interior, milhares se manifestaram pedindo o impeachment de Bolsonaro, a volta do auxílio emergencial, empregos para a classe trabalhadora e vacinação já para a população brasileira. Foram mais de 100 carreatas em todo o país, convocadas pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, por partidos, centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais.
As carreatas ocorrem em um momento de desgaste de Bolsonaro. De acordo com pesquisa Datafolha, houve neste início de ano um aumento na rejeição ao governo, de 32% para 40% e uma queda na aprovação, de 37% para 31%, aproximando-se do pior cenário de popularidade de Bolsonaro quando, em junho de 2020, alcançou 44% de rejeição. A queda de popularidade é maior na população com menor renda: entre aqueles que recebem até 2 salários mínimos por mês, a reprovação passou de 26% para 41%. O que revelam os números dos institutos de pesquisa é que aumenta a percepção de que a grave situação do país é resultado direto da política genocida e negacionista de Bolsonaro, que sabota medidas sanitárias, espalha fake news sobre tratamento da Covid-19 e sobre as vacinas, acaba com o auxílio emergencial e diz que não pode fazer nada, pois o país está quebrado.
A derrubada de Bolsonaro é, hoje, a medida mais necessária para salvar vidas. Não é possível esperar até 2022. Mas o impeachment não virá a frio, sem que a mobilização de massas continue avançando. Somente na última semana, foram protocolados mais dois pedidos de impeachment: um de autoria de lideranças e organizações religiosas e outro pelos partidos de oposição — PT, PSB, PDT, PCdoB, PSOL e Rede —, ambos motivados pela atuação do governo no enfrentamento à pandemia. Antes desses, 63 outros pedidos já foram apresentados. Crimes de responsabilidade não faltam, mas Rodrigo Maia não deu sequência a nenhum dos pedidos. Na próxima semana, um novo presidente da Câmara dos Deputados será eleito: Baleia Rossi, candidato de Maia, já disse que a sua prioridade é garantir a estabilidade do país e fazer as reformas econômicas. Arthur Lira, por sua vez, é o candidato de Bolsonaro.
Avançar nas mobilizações pelo Fora Bolsonaro
Tudo indica que teremos pela frente meses de crise profunda: sanitária, econômica e social. O aumento na rejeição ao governo e o crescimento do espaço na sociedade para a bandeira do impeachment são fatores muito importantes. O movimento de massas começou o ano com fortes carreatas unificadas. É neste terreno que é preciso seguir avançando para derrubar Bolsonaro.
Por isso, tem muita importância a Plenária Nacional de Organização das Lutas Populares, convocada pela Campanha Fora Bolsonaro, e realizada no dia 26 de janeiro, que contou com a presença de mais de 400 representantes de todo o país: organizações da Frente Povo Sem Medo, da Frente Brasil Popular, do Fórum Por Direitos e Liberdades Democráticas, Centrais Sindicais, como CUT, Força Sindical, CSP-Conlutas, CTB e Intersindical; partidos políticos como PSOL, PT, PCdoB, PCB, PSTU, PDT, REDE, PSB, organizações religiosas e de juventude. A Plenária Nacional apontou um calendário de lutas unificado para dar continuidade às carreatas do último dia 23.
Neste dia 31 de janeiro, novamente estão sendo convocadas carreatas em todo o país, no mesmo dia em que ocorrerá o movimento STOP Bolsonaro, com atividades em diversos países. O dia 1 de fevereiro será o Dia Nacional de Lutas em defesa da vacina, contra a reforma administrativa e em defesa das estatais. A agenda aponta ainda outros dias de luta, de agitação e propaganda, culminando com um novo dia nacional de carreatas em 21 de fevereiro.
As bem sucedidas carreatas do dia 23 e a representativa plenária nacional apontam o caminho: seguir, em unidade, organizando a classe trabalhadora e a juventude para derrubar o governo genocida de Jair Bolsonaro. Neste dia 31, todos às carreatas pelo Fora Bolsonaro!
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