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Colunas

Não conseguimos respirar

O impeachment de Bolsonaro e Pazuello se transformou em uma necessidade humanitária

Politiza

Jovem e mãe, Iza Lourença é feminista negra marxista e trabalhadora do metrô de Belo Horizonte. Eleita vereadora em 2020 pelo PSOL, com 7.771 votos. Também coordena o projeto Consciência Barreiro – um cursinho popular na região onde mora – e é ativista do movimento anticapitalista Afronte e da Resistência Feminista.

Esse governo precisa ser imediatamente responsabilizado pelo colapso em Manaus. Sem oxigênio, pessoas estão morrendo sem ar para respirar. É desesperador.

Pazuello, o Ministro da morte, esteve em Manaus essa semana para lançar um aplicativo. É inimaginável que a política do Estado brasileiro seja promover um aplicativo que orienta o uso de medicamentos para tratamento “precoce” de Covid-19, sem nenhuma eficácia comprovada. Deixaram a cidade à própria sorte, enquanto deveriam mapear a quantidade de leitos e oxigênio em cada estado para não deixar faltar para ninguém.

Nesse momento só podemos contar com a solidariedade. Ela pode salvar vidas. O governo da Venezuela anunciou, desde ontem, o apoio a Manaus e ofereceu fornecimento de oxigênio. E ainda declarou: solidariedade latino-americana antes de tudo! A ajuda oferecida pelo governo venezuelano deve ser aceita imediatamente, se não, estaremos diante de mais um crime do governo Bolsonaro contra sua própria população.

É urgente o impeachment de Bolsonaro. Não existe outra definição, são genocidas e assassinos.

Como se isso não fosse suficiente, no meio desse caos de saúde pública, o governo segue em frente com a realização do ENEM em Manaus, onde falta oxigênio e até funerária para atender as famílias que perdem seus entes queridos. Como realizar o ENEM em Belo Horizonte onde mais de 80% dos leitos estão ocupados? A aplicação do ENEM em várias cidades do Brasil vai significar mais abertura de covas. Como se trata de um exame nacional, a única ação razoável é o adiamento da prova, para que todos tenham condições de fazê-la em segurança.

Enquanto Bolsonaro tem êxito em sua política assassina de propagação do vírus, o nosso compromisso com a vida do nosso povo continua acima de tudo.

Situação em Minas Gerais e Belo Horizonte

Aqui em Minas, o governador Zema anunciou a vacina para semana que vem. Anunciou a compra de seringas e freezers, só não anunciou a compra da vacina em si.  Então, exigimos saber: qual é o plano? Quais os grupos prioritários? Quantas vacinas teremos? Em quanto tempo a população do estado estará vacinada?

Durante a semana, muitas pessoas me perguntaram se sou a favor do fechamento do comércio. Reafirmo que sim. Não queremos que Belo Horizonte chegue à situação desesperadora que, infelizmente, enfrenta o povo amazonense. Ao mesmo tempo, cobramos da prefeitura de Alexandre Kalil um plano completo de enfrentamento da Covid-19, que envolva vacina, testagem em massa, controle sobre o transporte – em especial às empresas de ônibus – campanha que combata as notícias falsas, fortalecimento do SUS e ações que garantam condições para que as pessoas possam se isolar sem passar dificuldades.

O bloco das Mulheres de Luta da Câmara Municipal, que componho junto com as vereadoras de esquerda, apresenta e elabora hoje dois ofícios à PBH. O primeiro exigindo o adiamento do ENEM, uma iniciativa organizada em conjunto com parlamentares de várias cidades do país. O segundo, exigindo que se apresente um plano efetivo de combate à Covid-19 em Belo Horizonte.

Limitar a circulação de pessoas e orientar o isolamento social é importante, mas está longe de ser suficiente para garantir a segurança sanitária e os direitos sociais da população. Mais uma vez reafirmamos: nosso mandato não vai nivelar por baixo nossas expectativas com relação ao poder público! Se é verdade que Bolsonaro é um genocida e precisa sofrer impeachment imediatamente, também é verdade que Kalil precisa fazer mais.