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MUNDO

Intensificar a campanha pela liberdade de Assange

Dois dias depois de negar o pedido de extradição dos EUA, a Justiça do Reino Unido negou, nesta quarta-feira, mais um pedido de libertação do editor de WikiLeaks

André Freire, de Lisboa

Na última segunda-feira, 4 de janeiro, a Justiça britânica negou o pedido de extradição de Julian Assange para os Estados Unidos. Os procuradores estadunidenses já avisaram que irão recorrer da decisão.

Os EUA acusam Assange de 18 crimes, entre eles o de espionagem, e pedem uma pena duríssima, que chega a 175 anos de prisão. As acusações são totalmente falsas, na verdade são parte de um processo brutal e criminoso de retaliação contra Assange e as publicações realizadas pelo WikiLeaks, que demonstraram os inúmeros crimes de guerra do imperialismo estadunidense.

Portanto, a sua prisão é ilegal e injusta, se revelando como um ataque direto às mínimas liberdades democráticas e ao direito de uma imprensa livre. Ou seja, sequer é necessário ser um apoiador das iniciativas do WikiLeaks para compreender a importância da campanha de libertação de Assange.

Nesta quarta-feira, 6 de janeiro, dois dias depois de derrotar o pedido de extradição para os EUA, a Justiça britânica negou um novo pedido da defesa de Assange, que reivindicava sua liberdade imediata.

Esta decisão é absurda, e até contraditória, afinal a própria Justiça do Reino Unido reconheceu, durante o processo de extradição, os graves problemas de saúde que Assange vem sofrendo, devido a dureza e o isolamento em que ele está submetido numa prisão inglesa. Chegou-se a afirmar que ele poderia vir a tentar suicídio, caso fosse extraditado para os EUA.

Chega ser estarrecedor que a Justiça inglesa negue até a possibilidade de prisão domiciliar de Assange, mesmo diante da sua condição de saúde e da grave situação da pandemia da Covid-19 no Reino Unido.

A decisão é também um crime democrático, principalmente diante da disposição exemplar do governo do México de conceder o direito de asilo político a Julian Assange. De forma absurda, a justiça britânica diz que Assange deve seguir preso, pelo menos até a conclusão final do processo do pedido de extradição dos EUA. Mais um absurdo.

Assange livre já

Aproxima-se o momento da posse de um novo governo nos EUA, chefiado pelo Partido Democrata. Um bom momento para que os movimentos sociais e democráticos exijam da administração Joe Biden-Kamala Harris o recuo imediato do pedido ilegal de extradição de Assange.

Esta exigência democrática ao novo governo dos EUA se revela ainda mais importante, até porque a perseguição política de Assange começou logo depois das graves denúncias de 2010, publicada pelo WikiLeaks. Portanto, durante um governo democrata, chefiado por Obama e Biden.

Também devemos intensificar a campanha dirigida à Justica britânica e ao governo do Reino Unido, exigindo a liberdade imediata de Assange, interrompendo a sua prisão ilegal e injusta, inclusive com o tratamento desumano com que vem sendo submetido. A vida de Assange corre perigo e a culpa é da Justiça e do Governo do Reino Unido.

Não pode haver dúvidas que o momento exige a intensificação da campanha internacional pela liberdade imediata de Julian Assange. Esta importante campanha deve entrar na agenda de lutas dos movimentos sociais e da esquerda, principalmente devido ao seu caráter humanitário, democrático e anti imperialista.