O crescimento e o fortalecimento das mobilizações feministas têm cumprido papel central em diversos países, colocando na ordem do dia as pautas históricas do movimento de mulheres e protagonizando a luta por mudanças políticas profundas na sociedade em que vivemos. O ano de 2020 foi marcado por uma pandemia que revelou a profunda desigualdade da nossa sociedade, em especial em relação à população negra e às mulheres. Em nosso país, o avanço da política genocida de Bolsonaro e de suas pautas autoritárias e conservadoras fez com que as mulheres mais uma vez tomassem a frente dos principais movimentos de resistência.
Mesmo diante as dificuldades já existentes e a ampliação destas com a crise política, econômica e sanitária que o país está passando e que repercute de forma mais direta na vida das mulheres, a participação feminina e feminista teve um salto importante nas eleições deste ano, com o aumento da participação feminina, seja em números de candidatas, mas também entre as eleitas. Nós do PSOL nos orgulhamos das nossas mais de 30 vereadoras eleitas bem como das nossas candidaturas a prefeituras em capitais e no interior do país.
O papel desempenhado pelo nosso partido nestas eleições, com destaque para nossas candidatas feministas e as campanhas vitoriosas de Edmilson Rodrigues, Guilherme Boulos e Luiza Erundina, provou que o PSOL é uma ferramenta fundamental para os ativistas e lutadores brasileiros, em especial para as mulheres feministas. Fizemos história elegendo mulheres trans como Benny Briolly e Anabella Pavão, primeiras vereadoras trans nas cidades de Niterói/RJ e Batatais/SP, e as mulheres mais votadas nas cidades de São Paulo e de Aracaju, Erika Hilton e Linda Brasil. Com a nossa conquista da prefeitura de Belém, Vivi Reis assume a cadeira de deputada federal pelo Pará, fazendo da nossa bancada federal a primeira com maioria feminina na Câmara de Deputados. A luta da negritude, em especial das mulheres negras, o avanço de suas pautas depois de décadas de muitos enfrentamentos e o recente levante antirracista no mundo resultaram na eleição de uma maioria de mulheres negras no PSOL. Exemplo destes avanços foi a conquista de uma legislação mais justa de distribuição do fundo eleitoral e do tempo de TV entre candidaturas negras e brancas. Junto com entidades do movimento negro, o PSOL encampou a necessidade de que esta regra fosse aplicada já em 2020.
Diante deste avanço nas eleições de mulheres, negras e negros e LGBTs, houve aumento significativo da violência política contra essas representações. Além de toda luta política do processo eleitoral, muitas de nossas candidatas tiveram que enfrentar inúmeros ataques e ameaças, fosse por meio das redes sociais, por propagação de fake news e, até mesmo, por via da violência física de setores conservadores de ultradireita que insistem em não aceitar que ocupemos o espaço da representação política em nosso país. Por isso, as mulheres do PSOL se somam aos esforços encabeçados pela mandata da deputada federal Talíria Petrone, que vem sendo alvo desses grupos de ódio, para dar corpo a uma forte campanha internacional de defesa e proteção das mulheres na política. Temos direito ocupar nosso lugar na política tendo nossa segurança e liberdade garantidas!
Não poderemos permitir que a violência contra a mulher seja uma constante até mesmo nos meios institucionais. Nossa Setorial Nacional de Mulheres do PSOL está disposta a dar visibilidade para a gravidade dessas ações, mas principalmente apoiar as mulheres e cobrar do poder público medidas eficientes e mudanças reais. Nada poderá nos impedir de avançarmos contra o machismo, o racismo e a LGBTfobia! Podem até nos interromper, mas não mais retrocederemos nas nossas pautas prioritárias e na participação efetiva das mulheres na política.
Pelo fortalecimento do feminismo nas ruas e na política institucional!
Setorial Nacional de Mulheres do PSOL
16 de dezembro de 2020
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