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BRASIL

Sobre o segundo turno em São Luís (MA)

Resistência, corrente interna do PSOL
Reprodução/TV Mirante

Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Júnior (Republicanos)

Estamos às vésperas do 2º turno em São Luís. As duas opções desse pleito apontam para o fortalecimento de um projeto político conservador e reacionário, considerando que os candidatos em disputa são, cada um a seu modo, representantes do bolsonarismo, mesmo que não assumam isso abertamente.

De um lado, o deputado federal Eduardo Braide do Podemos, partido defensor da operação Lava Jato e um dos partidos mais fiéis ao governo Jair Bolsonaro e suas medidas anti-povo no Congresso Nacional. O Podemos é comandado pelo ex-senador liberal Álvaro Dias e tem como aliado de primeira ordem o senador Roberto Rocha (PSDB), porta-voz de Bolsonaro no Maranhão.

De outro, o deputado estadual Duarte Júnior representa o Republicanos, partido do vice-governador do estado, legenda que também abriga os filhos de Jair Bolsonaro, investigados na CPMI das “fake news” e nos esquemas de corrupção, conhecidos como “rachadinhas”. De acordo com levantamento do site Congresso em foco, o partido de Duarte é o partido de maior alinhamento político ao governo Bolsonaro, uma vez que votou com o governo federal em mais de 90% das votações no Congresso. Duarte ainda conta com o apoio de Josemar do Maranhãozinho (PL), representante da velha política maranhense.

Duarte chega ao 2º turno após se sobressair no contexto do consórcio de candidatos formado por partidos da base de Flávio Dino.O governador Flávio Dino, mesmo adotando uma posição de neutralidade no início do processo eleitoral para não desgastar as relações com seus aliados, teve que se reposicionar na reta final e fez campanha para o seu próprio partido.

No primeiro turno, quatro candidatos do campo da esquerda e centro-esquerda, que atuam na oposição ao bolsonarismo e ao neofascismo, estiveram na disputa: Rubens Júnior (PCdoB), Bira do Pindaré (PSB), Franklin Douglas (PSOL) e Hertz Dias (PSTU). Lamentavelmente, nenhum destes está na disputa no segundo turno na capital maranhense, o que coloca para a esquerda a necessidade de defender uma posição consequente diante de duas candidaturas da base de Bolsonaro, sem nos confundir ou contribuir para a despolitização do debate.

O PSOL é um partido forjado nos enfrentamentos nas ruas e no parlamento. Sua trajetória é marcada pela atuação destacada em defesa dos direitos sociais, das liberdades democráticas, da educação pública, gratuita e de qualidade, contra o golpe parlamentar no governo Dilma/PT, no enfrentamento as forças reacionárias e no combate a toda forma de opressão. Seguindo esses princípios, apresentou candidaturas sérias e comprometidas com a luta por uma cidade para a maioria.

Acreditamos que o PSOL deve fortalecer o trabalho de base, fortalecendo a auto-organização dos trabalhadores, da juventude, dos oprimidos e de movimentos sociais e populares.

Nesse sentido, a Resistência, corrente interna do PSOL, reforça o chamado a votar NULO no 2º turno para derrotar o atraso e fortalecer as ações e táticas de enfrentamento ao governo Bolsonaro, sem negociar as pautas do povo trabalhador e apostar na luta social frente à falsa polarização.

Nossa posição é fundamentada na convicção de que é necessário fortalecer um campo político e ideológico que possa enfrentar de forma consequente o bolsonarismo no estado e na capital São Luís. Diante das duas candidaturas apresentadas, não há uma “menos bolsonarista” ou “menos pior”, pois ambas são subservientes a agenda neoliberal de ataques e retirada de direitos dos trabalhadores.

Por isso, independente de quem seja eleito no dia 29/11, Braide ou Duarte, é necessário conformar uma oposição, construindo a unidade necessária com todos os setores que apontem para um outro projeto de cidade, onde se possa viver com dignidade e justiça.

São Luís, 27 de novembro de 2020

Resistência, corrente interna do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL