15 de novembro de 2020: o que esperar?
A eleição do próximo domingo entrará para a história como a eleição da Covid-19. A pandemia mexeu com as nossas vidas, definiu limites e exigiu muitas adaptações. Dificilmente, o processo eleitoral teria como passar intacto. Muitas vão votar assustados. Outros, evitarão até de ir votar.
Mas a eleição de domingo também pode ser o primeiro momento da disputa política com o bolsonarismo depois de já instalado no poder. Alguns dos possíveis candidatos que vão ao segundo turno, ainda que muito minoritários, estabelecem uma política de diálogo e convivência com o bolsonarismo, a exemplo de Marcelo Crivella (Rio de Janeiro) e capitão Wagner (Fortaleza).
Nas brechas que se abrem em meio a essas tensões sociais e políticas, a burguesia, em geral, tende a apostar o grosso das suas fichas em candidatos tão diferentes quanto Kalil (PSD) em BH, Covas (PSDB) em São Paulo, Bruno Reis (DEM) em Salvador e Sarto (PDT) em Fortaleza. Esses são setores da burguesia clássica, que, em grandes linhas, buscam se apresentar como amigos da ciência, do Estado fiscalmente equilibrado e de “reformas”, em geral, incompatíveis com a preservação dos direitos mais elementares no âmbito trabalhista.
Mas, a eleição de domingo pode ser um instante em que as organizações políticas da classe trabalhadora, o que, evidentemente, inclui a sua vanguarda e as suas lideranças, mesmo em meio a uma situação defensiva, podem consolidar posições ligeiramente menos desfavoráveis do que aquelas herdadas do golpe parlamentar de 2016. A esquerda deve ir ao segundo turno em cidades como Belém (pode até vencer no primeiro turno), Porto Alegre, Recife e Vitória. Os últimos dias reduziram as suas possibilidades eleitorais em Fortaleza, mas, em contrapartida, ensejaram a esperança de ver Boulos (PSOL) no segundo turno, em São Paulo, apesar dos interesses específicos de agrupamentos de esquerda insistirem em prevalecer, em detrimento do desejo de amplos setores da nossa da classe, no sentido de derrotar a direita e a ultradireita.
Este é o cenário que se desenha às vésperas do 15 de novembro.
A Resistência
A Resistência, corrente interna do PSOL, lançou candidatos em algumas cidades do país e. ancorada no trabalho das últimas semanas, lança um último apelo a cada trabalhador e a cada trabalhadora, no sentido de eleger candidaturas socialistas, comprometidas com as mudanças necessárias que a situação social exige.
Fizemos uma campanha na qual denunciamos firmemente o governo e a corrente bolsonarista. O Fora Bolsonaro constituiu uma parte central da nossa agitação política ao longo da campanha. Mas não paramos nessa estação, por mais fundamental que ela seja. Avançamos na denúncia dos partidos burgueses e de seus candidatos como um todo, principalmente quando consideramos que a burguesia e os seus ideólogos, em uma postura nitidamente colonizada, procuram o seu Biden. Isso quer dizer que estão atrás de um candidato burguês francamente neoliberal, amigo dos bancos e da mídia empresarial, como a rede globo, e que tenha como objetivo principal aprofundar o “ajuste”, ou seja, arrancar mais direitos da nossa classe.
Não somos uma organização que vive em função das eleições parlamentares. Por isso, o nosso programa e os nossos candidatos têm como tarefa representar os interesses e as lutas da classe trabalhadora. Há dois anos, quando da eleição presidencial, dizíamos: “Somos aqueles que defendem um projeto de esquerda que fale a língua da luta de classes, a língua dos de baixo, e não a da submissão, conciliação com o andar de cima”. E, diferentemente, dos que defendem a conciliação com o andar de cima, dizíamos, então, que “vamos por outro caminho, apostando nas ruas e na defesa de um programa anticapitalista, sem acordos com a direita” (Revista da Resistência, agosto/setembro 2018, p.13).
O agravamento da crise social, acentuado pelos impasses econômicos, pelo descontrole da pandemia e por um governo que busca o confronto com todo aquele que negue a sua política genocida, mais do que nunca, exige fortalecer as nossas posições como parte inseparável do grande movimento da classe trabalhadora. Nesse sentido, eleger operários, professoras, jovens candidaturas negras da periferia, mulheres de esquerda, enfim, militantes socialistas, em última análise, reforça, ao contrário de enfraquecer, a luta dos milhões que precisarão ser mobilizados no próximo período quando as promessas de ataque da burguesia podem se transformar no inferno para trabalhadores e pobres.
Ainda é tempo! Vote pelo Fora Bolsonaro e em defesa dos direitos e conquistas da classe trabalhadora! Vote contra as privatizações, contra as “reformas” neoliberais, pelo fim do extermínio da juventude negra e contra a destruição do meio ambiente! Vote por uma nova alternativa política, compromissada com a luta contra as opressões e sem conciliação com o andar de cima! Vote nas candidaturas socialistas da Resistência!
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