As eleições municipais em Belém do Pará guardam uma particularidade muito positiva em relação à maioria das cidades do país: quem lidera as pesquisas de intenção de votos é o candidato do Psol, Edmilson Rodrigues, atual deputado federal e ex-prefeito da cidade (de 1997 a 2004).
Edmilson figura em primeiro lugar, com 37% das intenções de votos segundo a última pesquisa divulgada em início de novembro pelo RealTime Big Data/CNN. Em seguida, com 19%, aparece José Priante (MDB), candidato apoiado pelo governador Hélder Barbalho e que conta com muito aparato de campanha. Mais atrás, tentando disputar uma vaga no segundo turno com Priante, vem Thiago Araújo (Cidadania), apoiado pelo atual prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB), e os candidatos bolsonaristas Delegado Eguchi (Patriota) e Pastor Vavá Martins (Republicanos). Isso tudo em uma eleição com 12 candidatos à Prefeito, todos homens.
Ao que tudo indica, a disputa em Belém será entre um candidato da esquerda e um candidato da centro-direita representante de uma das oligarquias regionais.
A esquerda tem um enorme desafio nesse pleito municipal: derrotar os distintos projetos políticos da direita, particularmente o bolsonarismo que governa o país com um programa profundamente autoritário e negacionista em relação a pandemia, e também o centrão que está unido ao bolsonarismo no que se refere ao programa econômico ultraneoliberal de retirada de direitos e privatizações.
Em nenhuma outra cidade do Brasil uma candidatura do PSOL está tão bem posicionada nesse primeiro turno. Uma vitória eleitoral de Edmilson representará uma conquista das forças populares e da esquerda que têm enfrentado os duros ataques do atual governo de extrema-direita e dos governadores e prefeitos da direita tradicional. Confirmando a ida ao segundo turno, sua campanha precisará do apoio de todos os lutadores e lutadoras do país, para enfrentar a provável coalizão de todas as forças conservadoras do estado contra Edmilson.
Caso eleito, Edmilson Rodrigues e o PSOL terão grandes desafios pela frente. Primeiro, ao ter que lidar com a pandemia que volta a dar sinais de crescimento, enquanto ainda não há data para se chegar uma vacina à população. Por segundo, ter que governar uma capital profundamente abalada em sua economia, com um elevado índice de desemprego, e que possui uma população economicamente ativa majoritariamente ligada à informalidade. E, terceiro, cumprir as expectativas da população, de ter melhorias concretas na cidade, revertendo os 16 anos de abandono, isto com um orçamento público mais apertado, visto as perdas geradas pela pandemia.
No governo, Edmilson pode ser a referência nacional de que é possível a esquerda governar com um programa para os trabalhadores e para as massas exploradas e oprimidas. Uma capital importante do país como Belém, com um governo democrático, ancorado nos anseios populares pode ser o exemplo de que é possível governar para a maioria, tendo uma agenda diametralmente oposta ao projeto elitista, liberal e genocida de Bolsonaro e dos partidos tradicionais da burguesia brasileira.
Mas para isso, é preciso ter firmeza nas posições em defesa de classe. Muitas armadilhas estão colocadas pela classe dominante. A campanha de um Edmilson “paz e amor” sem apontar os grandes problemas da cidade, sem abordar a necessidade de uma renda básica emergencial, ou discutir o passe-livre para estudante e desempregados, mostra uma vacilação em enfrentar aos grupos poderosos locais, tanto do grande empresariado, como das máfias do lixo ou da famigerada máfia de ônibus que domina o transporte coletivo na cidade.
O futuro está lançado. As eleições estão batendo à porta. O resultado eleitoral e de um possível governo Edmilson depende especialmente da Frente Belém de Novas Ideias (PSOL, PT, PDT, PCdoB, Rede e UP) e do ânimo da militância e da classe trabalhadora de construir uma cidade para a maioria, com um projeto radical de esquerda para derrotar Bolsonaristas, Barbalhos e tucanos.
Comentários