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Trump e seu extremismo: a verdade do neoliberalismo

Felipe Demier

Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É autor, entre outros livros, de “O Longo Bonapartismo Brasileiro: um ensaio de interpretação histórica (1930-1964)” (Mauad, 2013) e “Depois do Golpe: a dialética da democracia blindada no Brasil” (Mauad, 2017).

Não existiria o atual extremismo de direita sem o neoliberalismo desagregador, por mais que agora, tensos, os finórios liberais globais tentem negá-lo por mais vezes do que Pedro a Cristo. Agora Inês é morta, e George Floyd também. O “neoliberalismo de cooptação” (Juliana Fiuza), ao estilo Obama, agora parecer ter que pelejar para fazer os ponteiros da História girarem no sentido anti-horário. Será possível ao ultrabeoliberalismo, ao neoliberalismo atual, restabelecer a sua dominação hegemônica oferecendo apenas representatividade, Wi-Fi, ONGs e “responsabilidade social”?

Enquanto Trump e seu extremismo, ganhando ou perdendo, aparecem hegelianamente como a verdade do neoliberalismo, os neoliberais insistem na mentira de que é possível cortar direitos e administrar miséria e desigualdade sem provocar terrorismo, racismo e barbaridade, como se fosse possível à cobra abdicar de colocar seus ovos e ao sol de nascer nessa terra redonda e em transe. A estupidez irracional de Trump diz mais sobre estúpida irracionalidade dos nossos neoliberais do que dele próprio.

Se, agora, o mostro espectral, em plena apuração eleitoral, assombra o capital, é apenas porque este o conjurou tal qual Fausto a Mefistófoles – só que hoje, na falta dos Goethes, nos resta ouvir e torcer junto com os Mervais, Demétrios e Pontuais. Só por hoje.