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BRASIL

Ibama fica, Salles sai

Todos que acompanham de perto a luta para salvar o Pantanal acordaram perplexos com a medida do ministro Ricardo Salles de retirar o Ibama do combate aos incêndios florestais.

Pablo Henrique, de Belo Horizonte, MG
Prevfogo/IBAMA

A situação é crítica: cerca de 30% do bioma já foi queimado, as áreas onde os incêndios já foram controlados sofrem com a fome cinzenta, fenômeno que se dá quando toda fonte de alimento da vida silvestre vira cinzas, e mesmo com a chegada das chuvas toneladas de cinzas poderão ser levadas para os rios e criar uma mortandade de peixes incalculável, afetando os animais piscívoros e as populações ribeirinhas. Estamos diante de uma situação nunca vista antes, um verdadeiro holocausto ambiental com consequências de curto e longo prazo para a vida silvestre e humana.

As equipes multidisciplinares, mesmo com todas as doações, com o mar de gente que está lá, atende apenas 0,27% de todo o território atingido.

As equipes multidisciplinares, de pesquisadores, servidores públicos civis e militares, federais e estaduais, mais os voluntários que formam os PAEAS (Posto de Atendimento Emergencial à Animais Silvestres), mesmo com todas as doações, com o mar de gente que está lá, atende apenas 0,27% de todo o território atingido. Fazem isso apesar da falta de apoio material dos governos.

A retirada do Ibama nesse momento não ajuda em nada, apenas agrava a situação e dificulta o trabalho dos outros setores que continuam no Pantanal. A desculpa apresentada por Salles de falta de verbas é uma falácia pois em nenhum momento ele apresentou esse fato ao Ministério da Economia, sem contar que é público e notável sua luta contra o meio ambiente. A retirada do Ibama é a sua tentativa de deixar a boiada passar.

Na luta contra a vida e em prol dos ruralistas, Salles elegeu o Ibama como o inimigo número um. São inúmeros os casos de assédio moral, exoneração de cargos, PAD (processo administrativo disciplinar) contra os servidores que mesmo assim continuam o trabalho de fiscalizar e coibir os crimes ambientais.

A continuidade de Salles e sua política ecocida é uma ameaça à vida atual e futura. Ele tem que ser parado. Se alguém tem que sair do Pantanal não é o Ibama e sim Ricardo Salles.