Nos últimos anos, o setembro amarelo tem sido reconhecido pelo mês em que as redes sociais trazem à tona a necessidade de nos atentarmos a problemas psicológicos como depressão e ansiedade. Também tem crescido o alerta sobre a ideação suicida como algo a ser discutido, e não negligenciado, em nossa sociedade. Esse debate, cada vez mais importante, precisa também ser aprofundado e encarado sob a ótica do racismo que estrutura nossa sociedade.
O suicídio é a quarta causa de morte entre adolescentes e jovens, no Brasil. Quando olhamos para a população negra, entretanto, a cada 10 suicídios na faixa etária de 10 a 29 anos, aproximadamente 6 ocorreram com negros, segundo dados da cartilha do Ministério da Saúde “Óbitos por suicídio entre adolescentes e jovens negros 2012 a 2016”.
O fenômeno é complexo e suas causas podem variar. Com a população negra, porém, podemos perceber que um certo padrão pode agravar os fatores que levam ao autoextermínio: as consequências cotidianas de viver em uma sociedade onde o racismo estrutural organiza desde as relações pessoais até as dinâmicas entre as instituições. Se analisamos, ainda, os fatores de risco, veremos que a taxa de suicídio aumentou 50% entre homens negros.
Mas o que isso tem a ver com Racismo Estrutural?
Se entendemos que o racismo estrutura a sociedade que vivemos hoje a partir da experiência da colonização, entendemos também que o racismo e a colonização deixaram também marcas psicológicas no povo negro. Mais do que isso, o racismo construiu o estereótipo da identidade da população negra, em especial do homem negro.
A violência é vinculada diretamente a homens negros num processo de marginalização, com a construção da narrativa do homem negro violento ou do mito do homem negro estuprador, como abordado por Angela Davis, por exemplo.
O que não nos contam, porém, é que a violência foi historicamente construída pelo homem branco, com o domínio de outros corpos durante os processos de colonização na África e na América. Desde o início da colonização, a violência física, sexual e psicológica foi o instrumento de domínio do branco.
Precisamos refletir, portanto, sobre a masculinidade enquanto construção pautada na violência e de como ela construiu a identidade dos homens negros, que não desfrutam dos privilégios da branquitude.
Avançar nessa análise, racializando o debate sobre saúde mental e sobre a construção social da subjetividade dos homens negros é essencial para avançarmos na desconstrução e combate do racismo estrutural. Precisamos preservar a vida de jovens negros e construir uma prática antirracista!
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