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Especiais

Bolsonaro quer calar Boulos

Valerio Arcary

Professor titular aposentado do IFSP. Doutor em História pela USP. Militante trotskista desde a Revolução dos Cravos. Autor de diversos livros, entre eles Ninguém disse que seria fácil (2022), pela editora Boitempo.

A campanha eleitoral começou com um escândalo. A mão da Polícia Federal fez a ameaça, mas é Bolsonaro quem está por trás da ordem. É um aviso, mas, ao mesmo tempo, um ultimato. É uma advertência, mas, ao mesmo tempo, uma chantagem. A intimação da Polícia Federal para que Guilherme Boulos preste esclarecimentos sobre declarações críticas a Bolsonaro é um ataque às liberdades democráticas. Não tem precedente desde o fim da ditadura. Trata-se de um claro abuso de poder.

É uma medida autoritária absurda e, também, rigorosamente, ilegal. Intimação é intimidação. A Polícia Federal não é, ou não deveria ser uma polícia política. Mas o controle pessoal da Polícia Federal por Bolsonaro não é uma surpresa. Limitar ou cercear a liberdade da oposição é um passo a mais nas ameaças bonapartistas de subversão em “câmara lenta” do regime democrático.

O alvo é a candidatura do Psol, mas toda a esquerda está sendo atingida. Jilmar Tatto já se pronunciou. Todas as lideranças da esquerda devem, certamente, fazê-lo. Mas os liberais não podem se calar desta vez. Qualquer democrata com um mínimo de compromisso com as liberdades têm que se pronunciar.

O ataque a Boulos não vai calar a esquerda brasileira. Custe o que custar. Até o fim.