‘Governo Bolsonaro: neofascismo e autocracia burguesa no Brasil’ é uma obra produzida no contexto do estado de exceção a que se referiu Benjamin, nos anos 1940, em confronto com o fascismo. É um magistral estudo que contribui para tornar pensáveis os perigosos nexos entre o neofascismo e a autocracia burguesa. Como demonstrou Florestan Fernandes, em 1964, a grande burguesia efetivou uma contrarrevolução preventiva para fazer prevalecer seus interesses egoísticos de classe em conformidade com o imperialismo.
Mattos sustenta que, após o golpe de 2016, novamente, os grandes possuidores de bens são os fiadores e os organizadores da agenda ultraneoliberal subjacente à autocracia de cariz neofascista. Os agentes do capital não se importam com o fato de que o darwinismo social constitutivo do neofascismo seja um preço a pagar para desconstituir os direitos sociais – previdenciários, trabalhistas, saúde pública, educação pública, defesa da vida dos povos originários e medidas antirracistas. Mattos analisa o fascismo clássico e sistematiza os motivos que permitem conceituar, cientificamente, o neofascismo. Estabelece relações que explicam as nervuras centrais da correlação de forças entre as classes e suas frações no Brasil de hoje, sobretudo, as mediações entre capitalismo dependente, autocracia burguesa, crise estrutural e neofascismo. Com efeito, o uso de palavras inequivocamente constitutivas do léxico fascista pelo presidente da República e por seus ministros possuem correspondência com práticas efetivas de reconfiguração do Estado que conformam o neofascismo.
É uma obra corajosa escrita por um intelectual comprometido com as lutas da classe trabalhadora em toda sua polissemia. Mattos exorta os setores que associam democracia e igualdade a não incorrer no mesmo erro de grande parte da esquerda socialista dos anos 1920 que não priorizou o combate teórico e a realização de ações concretas da classe trabalhadora para impedir o crescimento do fascismo. O livro preconiza, à luz da história, o enfrentamento imediato ao neofascismo. Em defesa da vida é preciso impedir que o ovo da serpente se aninhe, ecloda e se desenvolva. Badaró Mattos confirma com seu livro que a arma da crítica é crucial para a que possamos celebrar a vitória da consigna: ¡No pasarán!’
Roberto Leher, professor da Faculdade de Educação da UFRJ.
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