Com 1,8 milhões de votos na última eleição, Eduardo Bolsonaro, leitor de O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, acredita que sabe o suficiente e mira o estrelato. Conhecido por ameaçar o STF com um “cabo e um soldado” e o país com o e AI-5, agora quer criminalizar os opositores e pô-los na cadeia.
“Vagão”, como era chamado pelo pai que o considerava vagabundo, segundo a jornalista Thaís Bilenky da Revista Piauí, acaba de apresentar um PL com este fim, tornando ilegal “pessoas, organizações, eventos ou datas que simbolizem o comunismo ou o nazismo nos nomes das ruas, rodovias, praças, pontes, edifícios ou instalações de espaços públicos”.
O PL, que não tem nenhum efeito prático sobre a apologia do nazismo, colocaria quase uma dezena de partidos na ilegalidade e criaria condições para que milhares de militantes e simpatizantes da esquerda no Brasil sejam constrangidos e levados para a cadeia (reclusão de 9 a 15 anos).
Proposto como forma de alterar a LSN e a LDB, o PL de Vagão, que nunca foi conhecido por ser inteligente, inspira-se numa lei ucraniana, deixando de mencionar que em quase todos os países do mundo, excetuando-se as ditaduras, os partidos comunistas são legais e comunistas e socialistas podem defender livremente suas posições.
No endosso de uma proposta de aberto teor fascista travestida de defesa da liberdade, a justificativa que acompanha o PL 4425, que poderia ter sido escrita por qualquer aluno de 6º ano (com respeito às crianças), não consegue citar mais do que O livro negro do comunismo, Olavo de Carvalho e Ayn Rand, que nenhum historiador ou filósofo leva a sério.
Em seu pronunciamento em rede nacional na última segunda, Jair Bolsonaro disse que “Nos anos 60, quando a sombra do comunismo nos ameaçou, milhões de brasileiros, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, foram às ruas contra um país tomado pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada.”
O comunismo, no Brasil, nunca foi nada mais do que um espantalho usado para justificar ditaduras. Foi na Ditadura Militar que se praticou todo tipo de violência contra os cidadãos, inclusive o imprescritível crime de tortura, que celebrizou o coronel Ustra, admirado pelos Bolsonaro. Jair e filhos, se pudessem, reescreveriam a história e baniriam os historiadores, bem o sabemos.
Apoiado por extremistas de toda espécie, inclusive neonazistas, o governo produz dossiês contra servidores antifascistas e ainda prepara uma reforma administrativa que pode demitir funcionários concursados, o que significa um enorme passo para a eliminação de toda a oposição, sonho maior dos autoritários, inclusive os idiotas, como Eduardo. Não seria um problema se esses idiotas fossem poucos, mas sendo muitos e estando no poder, são, para todos nós, uma ameaça.
* Doutor em História. Professor da UFBA.
Comentários