Surgiu durante a PANDEMIA um grupo de contatos internacionais de educadores para troca informações do que poderia ocorrer nas escolas e universidades em todo mundo. Esse grupo vem realizando desde março de 2020 várias atividades incluindo uma transmissão ao vivo, sempre envolvendo cinco diferentes países.
O grupo passou a ser um importante espaço de denúncia dos ataques aos trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo e um canal de solidariedade as lutas em diferentes países. Foi assim que compartilhamos a GREVE de FOME dos trabalhadores na Bolívia, o desaparecimento do dirigente sindical Carlos Lanz Rodriguez, desde 08/08, a justa luta dos educadores do México pela imediata volta ao trabalho das 43 normalistas.
O grupo também abriu possibilidades de termos um primeiro de maio com bastante integração internacional e através de convites muitos membros do grupo estiveram presente de forma online em diversas comemorações da classe trabalhadora em todo o mundo.
A pandemia do COVID-19,pelos seus efeitos danosos, nos aproximou e nos possibilitou discutir as profundas desigualdades do sistema e a sede do grande capital, aproveitando da PANDEMIA, para avançar na redefinição de seus processos e dinâmicas, com elementos de maior exclusão e dominação.
O avanço do neoliberalismo privatizando serviços básicos e de interesse social ocorrida nas últimas décadas tornou os setores sociais mais empobrecidos e a classe trabalhadora os mais afetados pela crise da pandemia.
A paralisia em todos os níveis devido à pandemia associada a crise econômica do capital que vinha emergindo em uma nova recessão econômica mundial, aprofundou as diferenças e mesmo em tempos de PANDEMIA assistimos que são os(as) trabalhadores(as) os que mais sofrem.
A situação mundial atual de crise do sistema capitalista os leva a tentar colocar os custos desta situação sobre os ombros dos trabalhadores. A pandemia do COVID-19 tem servido de pretexto para fazer avançar a agenda neoliberal em todas as áreas, inclusive na educação, que se concretiza com novas formas de privatização educacional, associadas ao acesso à conexão à Internet e à posse de equipamentos para a participação nas aulas virtuais.
O Ensino Remoto está sendo usado para resolver uma disputa que não existia em fevereiro de 2020, entre a educação presencial na escola e a educação virtual em casa. O capitalismo sabe que não pode suprimir as escolas com rapidez, mas está criando o imaginário social sobre a obsolescência da escola. Pretende-se dar entrada às empresas tecnológicas e aos conteúdos educacionais digitais para o “mercado educacional” que vem acompanhada de um desinvestimento sustentado na atualização e formação de professores para contextos digitais como o atual.
Os sindicatos têm a tarefa de se atualizar para enfrentar os desafios pedagógicos atuais. Os educadores do mundo são um exemplo digno do compromisso com a continuidade do direito à educação, em condições cada vez mais adversas, garantindo a manutenção do vínculo pedagógico com os alunos.
Essa nossa luta não esconde o surgimento de novas formas de privatização, transferindo para as famílias, professores e alunos as responsabilidades dos Estados em garantir as condições mínimas para o exercício do direito à educação. Está sendo responsabilidade da sociedade comprar ou atualizar computadores, pagar planos de dados para acesso à internet, adquirir plataformas privadas para poderem ministrar aulas virtuais.
Os(as) trabalhadores(as) em educação têm sido submetidos a sobrecargas de trabalho, trancados em suas casas, resolvendo a continuidade do calendário acadêmico, isso tem sido feito em todo o mundo.
Alguns governos vêm de forma irresponsável defendendo o retorno às aulas, sem ainda ter vacina e sem condições adequadas de biossegurança, questão que expressa claramente que suas principais preocupações são reativar a economia capitalista neoliberal em crise, a custo de milhares da vida.
A PANDEMIA ao instalar novos desafios confirmou velhas certezas: a educação se sustenta inevitavelmente na atividade presencial, deixando claro o valor do exercício docente, tão vilipendiado pela mercantilização educacional neoliberal.
Temos, neste cenário difícil, de pensar e construir respostas não só para a situação, mas também traçar a partir daí um horizonte estratégico que passa inevitavelmente pela construção de uma alternativa pedagógica.
Com esses propósitos o grupo de contatos internacional está convocando o I Congresso Mundial de educadores com o desafio de enfrentar o neoliberalismo em todas as suas formas e expressões e para isso, aponta a formação de uma Coordenação Internacional de Trabalhadores da Educação (CITE) como espaço de diálogo, encontro e organização de quem luta contra neoliberalismo e em defesa de uma educação pública, gratuita, laica e de qualidade.
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