Vaios Triantafyllou
Tradução: Wilma Ôlmo
Professor de sociologia da Universidade de Oregon, John Bellamy Foster é também o editor da revista socialista Monthly Review. Ele escreveu amplamente sobre capitalismo, marxismo e crises ecológicas. Nesta entrevista, Foster discute porque um Green New Deal é apenas um ponto de entrada para uma revolução ecológica e por que qualquer sistema econômico-social que queira enfrentar a crise climática deve transcender o capitalismo. A entrevista a seguir foi levemente editada para maior clareza e duração.
Vaios Triantafyllou: Você acredita que o combate à crise climática é viável dentro de uma economia capitalista globalizada? A narrativa liberal comum é que incentivos financeiros e regulamentações econômicas, juntamente com tecnologias limpas em expansão, podem fornecer uma cura para o problema (apesar das evidências científicas e do recente relatório da ONU alegando o contrário). Qual é a sua posição sobre o Green New Deal, como proposto pela Deputada Alexandria Ocasio-Cortez, e qual é a interação entre o aqui-e-agora e soluções socialistas de longo prazo?
John Bellamy Foster: Não podemos lidar com a crise climática, muito menos com a emergência ecológica global do planeta, de maneira eficaz, enquanto estivermos em conformidade com a lógica de uma economia capitalista globalizada. Atualmente, porém, vivemos em uma economia desse tipo e temos um tempo muito curto para responder às mudanças climáticas. Portanto, torna-se uma questão de orientar imediatamente a sociedade para colocar as pessoas e a natureza antes dos lucros, em oposição ao que o capitalismo faz, ou seja, colocar os lucros antes das pessoas e da natureza. Temos que ir contra a lógica do sistema, mesmo vivendo nele. É isso que se entende por um “movimento em direção ao socialismo”, como foi primeiramente articulado por William Morris.
O capitalismo não é apenas um sistema, é um sistema de relações sociais e processos sócios metabólicos, e temos que mudar radicalmente muitas dessas relações e processos, no interior das mesmas e muito rapidamente, com o objetivo de lidar com a atual emergência ecológica. Em longo prazo, é claro, temos que ter uma revolução ecológica e social completa, transcendendo as relações de produção capitalistas existentes. Mas, agora, estamos em uma situação de emergência, e a primeira prioridade é a eliminação de combustíveis fósseis, o que significa a destruição do que é chamado capital fóssil. O objetivo é evitar o que os cientistas do sistema da Terra estão chamando de “estufa da Terra”, onde mudanças climáticas catastróficas estão trancafiadas e são irreversíveis e que poderia ocorrer em algumas décadas ou menos.
No que diz respeito à proposta da Deputada Ocasio-Cortez sobre o Green New Deal, estou impressionado com alguns aspectos. Ela pede mobilização de massas, o que é realmente necessário. Ela também pede formas inovadoras de financiamento, como a criação de uma rede de bancos públicos para financiá-lo diretamente, modelado de acordo com o New Deal, e através de faixas de impostos marginais muito mais altas sobre os ricos e as empresas, voltando ao que tínhamos antes nos Estados Unidos. As receitas poderiam ser usadas para financiar uma mudança maciça em direção à energia solar e eólica. Ela conecta isso a uma ampla variedade de questões sociais.
Mas nada disso realmente funcionará, mesmo que fosse possível legislá-lo, tendo em vista o sistema, a menos que assuma o caráter de uma revolução ecológica com uma ampla base social. Portanto, um Green New Deal radical é, na melhor das hipóteses, apenas o ponto de entrada para a tal mudança eco revolucionária mais ampla, envolvendo a automobilização da população. Se não desencadear uma revolução ecológica, seu efeito será nulo.
Quanto à sua pergunta sobre o papel dos incentivos financeiros e da regulamentação, nada disso funcionará como uma estratégia. Seria apenas como cuspir no vento – inútil, infrutífero. Que tipo de incentivo financeiro poderia ser dado às empresas de energia quando elas possuem trilhões de dólares em ativos de combustíveis fósseis e têm grande interesse neste sistema? A Exxon-Mobil declarou que vai extrair e queimar todos os ativos de combustíveis fósseis que possui, que estão enterrados no chão, porque são os proprietários e porque podem lucrar com eles – sabendo muito bem que isso seria uma sentença de morte para a humanidade. Não há nenhuma forma de se considerar que meros incentivos vão mudar isso. Até o momento, mesmo os subsídios à exploração de combustíveis fósseis não foram removidos.
A regulamentação não funcionará no sistema atual, pois as empresas sempre capturam o processo regulatório. Alterar a atual matriz político-econômica-energética exigiria mudanças na propriedade dos meios de produção – nesse caso, combustíveis fósseis. Isso não significaria apenas a transferência de propriedade, mas a destruição de trilhões de dólares em ativos financeiros em todo o mundo, uma vez que os combustíveis fósseis precisariam permanecer no solo.
VT: Outro argumento dos defensores do liberalismo e da economia capitalista é que a concorrência global acabará por trazer essa inovação tecnológica, com uma redução subsequente nos custos, que resolverá os problemas climáticos (através de ideias absurdas como colonizar outros planetas, etc.). Você acredita que essa linha de raciocínio tem algum mérito?
BF: Não acredito que tenha algum mérito. Não existem soluções meramente tecnológicas para o problema climático, embora essas inovações tecnológicas sejam necessárias. Fala-se muito em descarbonização absoluta, como se isso fosse simplesmente um problema técnico, e poderíamos descarbonizar completamente enquanto continuamos a expandir o sistema econômico capitalista como antes. No entanto, meras inovações em eficiência não serão suficientes para tanto. Reduções de custo também não serão suficientes. Temos que atingir zero emissão de carbono em todo o mundo até 2050, e enquanto estivermos comprometidos em seguir a lógica do lucro à frente das pessoas e do planeta, será impossível alcançar esse objetivo, qual seja o de zerar as emissões de carbono até 2050.
Temos aumentado nossa eficiência em termos de engenharia a centenas de anos, enquanto nossos impactos antropogênicos no planeta continuam em expansão. A realidade por trás disso é o que é conhecido como o “paradoxo de Jevons”2. Como observou o economista William Stanley Jevons no século 19, sempre que um novo motor a vapor era desenvolvido com melhorias e aperfeiçoamento, ou seja, um motor que queimava carvão com mais eficiência do que antes, o resultado foi o aumento na queima de carvão. Isso ocorre porque o capitalismo como sistema é voltado para o crescimento econômico e a acumulação, não para a conservação. Todos os ganhos de eficiência são usados para expansão e não para reduzir a produção agregada de energia e de recursos naturais.
Estamos cientes do problema do aquecimento da Terra há meio século e o sistema falhou em agir enquanto o problema piorava rapidamente. Não houve descarbonização absoluta, a não ser a continuação da emissão de carbono e o crescimento econômico. Em 2018, as emissões globais de carbono aumentaram 2,7% globalmente, 3,4% nos Estados Unidos, praticamente em linha com o crescimento econômico, e, a fim de evitar a quebra do orçamento de carbono na próxima década ou em duas décadas, precisamos reduzir as emissões de carbono em 3% ao ano, globalmente. Em uma palavra, a situação agora é horrenda. Não há tecnologias na prancheta ou que sejam viáveis em termos de custo que possam resolver esses problemas enquanto continua a queima de combustíveis fósseis.
A noção de que a tecnologia nos permitirá continuar a acumulação exponencial sem alterar fundamentalmente nossa fonte de energia e nossa ordem social vai contra as realidades da economia e da física. Nossa única maneira de sair dessa crise histórica é a redução imediata das emissões de carbono, o que significa manter os combustíveis fósseis no solo. Isso requer um confronto direto com o capital fóssil. Não há outro caminho.
Obviamente, precisamos mudar massivamente para a tecnologia solar e eólica. Mas isso por si só não seria suficiente. Temos que mudar o que produzimos, o que consumimos e a quantidade de resíduos que geramos. Nosso trunfo é que podemos reduzir o enorme desperdício gerado pela desigualdade em nossa sociedade. Mas isso se relaciona diretamente com as escolhas que fazemos como sociedade com o poder e as relações sociais. Nada na nossa sociedade atual é eficiente ou sustentável em uma escala macro. Podemos consertar isso se assim escolhermos, mas não seguindo a lógica do lucro privado.
VT: Em sua opinião, no que consiste uma política ambiental socialista e quais são seus principais pilares? Como ela incorpora tecnologias limpas? Está claro que a abolição da ganância do capital e o modo de produção capitalista resolverão a crise climática?
BF: Se primeiro removermos os grilhões que o capitalismo coloca na sociedade – o que exigiria uma longa revolução ecológica e a criação de uma sociedade socialista sustentável – há uma possibilidade de que seremos capazes de lidar com o problema. Mas isso, obviamente, não é nenhuma garantia. Está relacionado com os tipos de estruturas sociais, instituições e agências que criamos. Está relacionado com as mudanças na sociedade. Ainda assim, uma coisa que uma sociedade socialista sustentável poderia oferecer é um conjunto totalmente diferente de parâmetros em termos de produção: governar a forma como produzimos, e o que produzimos.
Isso poderia enfatizar o atendimento às necessidades essenciais da população, a diminuição do desperdício, a organização da tecnologia em torno de valores de uso, e não em torno de valores de troca. Diferentes tipos de escolhas tecnológicas poderiam ser feitas. Isso exigiria planejamento democrático para fazer com que cada uma dessas escolhas funcionasse e teria que acontecer nos níveis local, regional e nacional, e até mesmo global. Embora tudo isso leve tempo, no momento em que começarmos a sair da lógica do capital, todo tipo de novas possibilidades se abrirá com relação ao atendimento das necessidades e à proteção do meio ambiente.
No momento, porém, nossa produção é dedicada à acumulação de capital acima de tudo e, nesse processo, estamos destruindo o clima. Precisamos ser capazes de organizar uma sociedade de maneiras racionais. Atualmente, existem obstáculos sociais e de classe que nos impedem de fazê-lo. Todo o mundo está sentado e assistindo o clima ser destruído, como é evidente no clima extremo que já está surgindo em todos os lugares, e quase todo mundo se sente impotente, desamparado. Por que as pessoas se sentem tão impotentes e desamparadas? É porque todas as decisões estão sendo determinadas pelo lucro, e todos nós nos sentimos presos ao sistema, reproduzindo sua lógica em nossas ações cotidianas, mesmo quando somos contra tal lógica.
Nenhuma das decisões que estão sendo tomadas atualmente está sendo determinada com base nos princípios do desenvolvimento humano sustentável – simplesmente pelo fato de vivermos em um sistema capitalista em que a acumulação de capital é o rei absoluto. No entanto, precisamos lembrar que, embora as leis naturais precisem ser obedecidas, as leis sociais são o produto de sistemas historicamente específicos e podem ser desobedecidas quando não se ajustarem mais às necessidades sociais. A desobediência em relação a muitas das leis sociais impostas artificialmente pelo capitalismo é altamente necessária nos tempos atuais.
VT: Entre as suas inúmeras desvantagens, uma vantagem do capitalismo é que ele maximiza a eficiência da produção. No entanto, essa eficiência é sempre alcançada à custa dos recursos naturais e causa degradação ambiental. Você acredita que há um equilíbrio entre a maximização da eficiência na produção industrial e agrícola, e o combate da crise climática?
BF: Bem, antes de tudo, não acredito que o capitalismo maximize a macro eficiência, embora seja relativamente bom em micro eficiência (se ignorarmos o desperdício incorporado em quase todas as mercadorias associadas ao esforço de vendas). Então, tudo depende de como você define eficiência. A eficiência, muito alardeada pelo capitalismo, é exagerada na ideologia contemporânea. O capitalismo define eficiência principalmente em termos de lucratividade. O capitalismo tem sido bom em combinar insumos e produtos finais de maneira relativamente eficiente, de modo a gerar lucro, manter baixos os custos de mão-de-obra e externalizar os custos sociais e ambientais. Mas, no geral, em nível macro (e até mesmo de forma realista em nível micro – já que de longe a maior parte do custo de um tubo de creme dental, por exemplo, está associada ao marketing), é um sistema muito ineficiente, perdulário, esbanjador e destrutivo.
Como você poderia chamar um sistema de eficiente, por exemplo, quando estamos em um processo de destruição de todo o clima e, com ele, toda a civilização humana? Se você observar a agricultura, todas as evidências científicas dizem que o agronegócio é uma maneira muito ineficiente de produzir alimentos, embora a maneira mais eficiente de gerar lucros monopolistas seja reduzindo os custos da mão-de-obra ou maximizando as margens de preço. Por outro lado, a maneira mais eficiente de produzir alimentos para as pessoas e o melhor uso da terra se encontra na agricultura de pequenas propriedades, que se opõe completamente ao sistema que temos agora. A agricultura aperfeiçoada de pequenas propriedades, enfatizando a permacultura e a biodiversidade, também é superior em termos de fornecimento de dissipadores de carbono. Tal agricultura, a antítese do capitalismo concentrado, é mais trabalhosa, mas mais eficaz em todos os outros aspectos.
A nossa é uma economia baseada em resíduos, construída na própria estrutura do capitalismo monopolista. Somos muito “eficiente” nos Estados Unidos em produzir (ou terceirizar) produtos como canudos de plástico, que são tão baratos que os usamos em uma bebida por alguns minutos e depois os jogamos fora (onde eles não se decompõem e acabam indo para os oceanos e sendo ingeridos por peixes), após o quê outros devem ser produzidos, que podem ser usados por alguns minutos e descartados. Nos Estados Unidos, consumimos centenas de milhões de canudos de plástico por dia.
Gastamos [centenas de bilhões de dólares] por ano nos Estados Unidos em marketing (segmentação, pesquisa de motivação, gerenciamento de produtos, publicidade, promoção de vendas, marketing direto). Grande parte desse marketing é considerado um custo de produção, mas tudo diz respeito a vender coisas: levar as pessoas a comprar coisas que não precisam ou até mesmo coisas que elas realmente querem. Portanto, o sistema capitalista não é nada eficiente, levando tudo isso em consideração. É incrivelmente perdulário, esbanjador, de longe o sistema mais esbanjador da história, acompanhado por uma pobreza abismal. Não é eficiente quando o ar e a água estão cada vez mais poluídos, forçando as pessoas a comprar água engarrafada, aumentando assim os lucros dos capitalistas.
Temos que ser muito claros sobre o que produzimos, como essa produção atende às necessidades das pessoas neste sistema. No momento, 10% da população mundial estão sofrendo com os efeitos da desnutrição. Temos que encontrar maneiras de conseguir comida. Nos EUA de hoje, meio milhão de pessoas ficam desabrigadas em qualquer noite. Temos que encontrar uma maneira de fornecer moradia às pessoas, e assim por diante. Uma sociedade realmente eficiente, por um critério baseado em necessidades, forneceria às pessoas comida, abrigo, assistência médica, educação, trabalho significativo e todas as outras coisas que as pessoas precisam desesperadamente, mas não têm em grande quantidade.
VT: Ao desenvolver uma proposta adequada, é importante integrar todas as esferas da vida nela. Portanto, eu gostaria de abordar a interação entre alocação de recursos e democracia direta, ou mais especificamente, entre planejamento central e tomada de decisão local. Existe uma contradição entre o planejamento central na quantificação das necessidades de todas as pessoas e os recursos disponíveis e a tomada de decisões democráticas locais? Se assim for, como podemos encontrar o equilíbrio entre os dois?
BF: Eu não acho que exista uma contradição suprema. Para lidar com os tipos de problemas planetários que enfrentamos, que vão dos ecossistemas ao clima, das economias locais às globais, precisamos de algum tipo de planejamento centralizado. Mas deve ser integrado ao planejamento local, regional e aos sistemas democráticos de controle. Isso não significa uma economia de comando em que todas as decisões são tomadas no topo.
Como John Kenneth Galbraith costumava dizer, as empresas constituem sua própria forma de sistema de planejamento. Mas seu planejamento é feito dentro de um sistema de ganância institucionalizada e competição entre firmas gigantes monopolistas e com base na manipulação do público. Nada disso tem a ver com democracia e está minando o pouco que resta do estado liberal-democrático.
O fato é que temos instituições privadas muito centralizadas nos Estados Unidos e no capitalismo como um todo, que governam amplamente o sistema e em relação ao qual o público é deixado de fora. O teórico político Sheldon Wolin costumava chamar isso de “totalitarismo invertido”. Hoje, é um sistema de capitalismo de vigilância. Aqui, as empresas e a classe bilionária são os principais tomadores de decisão, operando principalmente em seu próprio interesse e no interesse de seus acionistas e comandando o Estado. É necessário, portanto, instituir o planejamento democrático, fornecendo-nos escolhas racionais e decisões participativas reais a respeito do futuro em áreas como a ecologia.
Em nosso tempo, somos confrontados com uma escolha diferente da enfrentada pelas gerações anteriores. No Manifesto Comunista, Karl Marx e Friedrich Engels escreveram sobre a necessidade de uma “transformação revolucionária da sociedade em geral ou a ruína comum das classes em luta”. Hoje, porém, essa “ruína comum” ameaçada não se refere simplesmente a essa ou aquela sociedade ou civilização, mas à humanidade como um todo, abrangendo todas as gerações futuras e representa a quase certeza – se os negócios continuarem – de mudanças irrevogáveis e catastróficas em um nível planetário. Nessas terríveis circunstâncias, só há uma resposta possível: uma longa revolução ecológica.
Copyright, Truthout.org.
Reproduzido com permissão
3 respostas a John Bellamy Foster no ‘Green New Deal’
Primeira: Paul Krehbiel
Existem três partes para fazer mudanças sistêmicas fundamentais.
1. Desenvolver uma análise abrangente do problema; no núcleo, o sistema capitalista com fins lucrativos.
2. Desenvolver um plano abrangente para resolver o problema, em essência, a construção de um socialismo não explorador e amigo da terra, baseado na análise e nos princípios marxistas;
3. Elaborar um plano de organização abrangente para chegar de 1 a 2. Isso requer uma avaliação honesta de todos os fatores objetivos e subjetivos, e o desenvolvimento de estratégias e táticas bem-sucedidas para mudar de onde estamos para as marcas de referências ao longo do caminho para chegar onde quereremos chegar.
Segunda: David Schwartzman
As contradições dentro do capital em relação à política energética devem ser reconhecidas, e a estratégia GND (Green New Deal) deve capturar o setor solar do capital em uma aliança de várias classes para forçar a desmilitarização e o término da dinâmica de guerra perpétua para se ter alguma esperança de implementar um programa de prevenção contra mudanças climáticas catastróficas em tempo hábil.
Dada a oportunidade cada vez menor de implementar esse programa de prevenção, essa aliança com o capital solar parece ser a opção mais provável para a obtenção de poder político com o objetivo de minar o poder do lobby militarizado do capital fóssil, especialmente em vista do crescimento quase exponencial da energia eólica/solar global, que está tornando o potencial dos ativos ociosos de combustíveis fósseis mais próximos da realidade para o investimento financeiro de capital.
Em outras palavras, a estratégia eco socialista deve estar familiarizada a respeito do reconhecimento das divisões de classes, ampliando as divisões dentro do capital como um polo, unindo e aumentando o poder da classe trabalhadora e de seus aliados no outro polo.
Foster afirma que “a regulamentação não funcionará no sistema atual, pois as empresas sempre capturam o processo regulatório. Alterar a atual matriz político-econômica-energética exigiria mudanças na propriedade dos meios de produção – neste caso, combustíveis fósseis. Isso não significaria apenas a transferência de propriedade, mas a destruição de trilhões de dólares em ativos financeiros globalmente, uma vez que os combustíveis fósseis precisariam permanecer no solo. ”
No entanto, a luta de classes representada pelos movimentos ambientais/de saúde ocupacional realmente conquistou vitórias no poder regulatório de governos no século XX, sob a forma da Lei do Ar Limpo (Clean Air Act ) e o estabelecimento da Agência de Proteção Ambiental e da Administração de Saúde e Segurança Ocupacional (Environmental Protection Agency and Occupational Safety and Health Administration).
Certamente, essas agências foram enfraquecidas com a ofensiva neoliberal do capital nos últimos 30 anos. Mas um ressurgimento do poder do trabalho organizado em aliança com o movimento por justiça climática e energética pode recuperar e fortalecer o poder regulatório. Portanto, se Foster quer dizer que o sistema atual é definido como capitalismo, então só o socialismo tornará possível a mudança na matriz a que ele está se referindo.
Por outro lado, pode-se imaginar a luta de classes forçando a mudança de propriedade que ele aponta para um realinhamento do poder, fóssil militarizado versus capital solar, que pode potencialmente abrir um caminho eco socialista fora do capitalismo. Uma ampla aliança global da classe trabalhadora e dos povos oprimidos, incluindo mão de obra ‘blue green’3, movimentos de mulheres, trabalhadores marginalizados, indígenas e sim, com certeza, facções do capital que investem em energia solar, pode potencialmente criar o poder de desafiar a posição privilegiada do capital fóssil militarizado e derrotá-lo.
O socialista Chris Williams também defende a inclusão do ‘capital solar’ como um componente dessa aliança global quando observa: ‘Algumas das empresas mais visionárias, sem investimentos significativos em combustíveis fósseis, verão como o vento está soprando e que se pode fazer dinheiro com o investimento em energias alternativas, como já é o caso. Isso criará tensões e cisões entre as elites dominantes e entre interesses corporativos conflitantes, o que abrirá espaço para movimentos sociais e trabalhistas exigirem ações mais rápidas e coordenadas ‘(2010, p. 166).
Em nosso livro publicado recentemente, The Earth is Not for Sale (A Terra Não está à Venda) (http://theearthisnotforsale.org), discutimos o potencial de um GND em detalhes Citado: Williams, C. (2010). Ecologia e socialismo, Haymarket Books, Chicago.
Terceira: Kele Cable
Uma pergunta que eu tenho em relação à política do Green New Deal e à luta contra as mudanças climáticas em geral: como reconciliar a necessidade de energia eólica e solar barata com as horríveis condições de trabalho enfrentadas por pessoas e crianças na África, Ásia, etc.? Suponho que a maioria dos estudos que concluem que a energia eólica / solar é relativamente barata não leva em consideração que esses trabalhadores precisam receber salários maiores, no mínimo. Como podemos garantir que a sustentabilidade dos EUA não seja construída sobre as fendas sócio metabólicas da África?
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O Paradoxo de Jevons (ou efeito bumerangue) é uma expressão usada para descrever o fato de que o aperfeiçoamento tecnológico ao aumentar a eficiência com a qual se usa um recurso ou se produz um bem econômico, o mais provável é que aumente a demanda desse recurso ou produto. Este fenômeno foi observado pelo economista britânico William Stanley Jevons (1835-1882), que escreveu em 1865 o livro “O Problema do Carvão”, observando que os motores mais eficientes da Revolução Industrial ao invés de reduzir, aumentaram o uso total do carvão: “É um completo engano supor que um uso mais eficiente dos combustíveis implicará uma redução do seu consumo. A verdade é precisamente o oposto” (p. 123).
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A Aliança BlueGreen une os maiores sindicatos dos Estados Unidos e suas organizações ambientais mais influentes para resolver os desafios ambientais de hoje de maneira a criar e manter empregos de qualidade e construir uma economia mais forte e justa.
Com muita frequência, os americanos são convidados a escolher entre empregos e meio ambiente. Mas, como enfrentamos impactos cada vez mais graves de desafios ambientais, como as mudanças climáticas e nos adaptamos a uma economia global interconectada, não podemos mais escolher um ou outro. Acreditamos que podemos e devemos escolher os dois.
Somos guiados pelo princípio de que não podemos mais escolher entre bons empregos e um meio ambiente limpo – que as ações que tomamos para criar empregos de qualidade e proteger os trabalhadores e o meio ambiente devem andar de mãos dadas e, juntas, construirá uma economia limpa, próspera e justa.
Nossos esforços se concentram na necessidade imediata de desenvolver soluções de bom senso que protejam o meio ambiente e criem e mantenham empregos de qualidade, suficientes para a manutenção das famílias em toda a economia. IN: https://www.bluegreenalliance.org/about/
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