Combinação de crises aproxima o Brasil do caos

Preparar pela base o Dia Nacional de Mobilizações pelo #ForaBolsonaro, em 7 de agosto

Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro acompanhou a cerimônia de sanção do novo Marco Legal do Saneamento Básico por videoconferência.

André Freire

Historiador e membro da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL

O Brasil vive uma combinação perversa de crises. Uma gravíssima situação que afeta de forma cruel sobretudo os trabalhadores, e principalmente às parcelas mais exploradas e oprimidas do povo trabalhador, como os Negros e Negras, as Mulheres e os Indígenas.

A crise sanitária segue seu curso de agravamento. A pandemia da Covid-19 já contaminou mais de 2 milhões de brasileiros, e as mortes já se aproximam das 80 mil, apenas levando em conta os dados oficiais.

Segundo a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil e EUA juntos são responsáveis por cerca de 50% dos novos casos no mundo e nosso país vive a pior semana em relação ao número de mortes.  Uma coisa é certa, a verdadeira campanha de Bolsonaro contra as medidas de distanciamento social, a ausência criminosa de testes e a pouca proteção social são sim os elementos mais perversos de uma política genocida.

A culpa da ampliação do contágio e do número de mortes é sim de Bolsonaro. E, não podemos esquecer, também da maioria esmagadora de Prefeitos e Governadores, que acabaram cedendo à pressão das grandes empresas e do governo federal para adotarem uma flexibilização ainda maior do isolamento social, justo num momento de agravamento da pandemia.

Mas, junto com o grave momento da pandemia, vivemos também uma profunda crise ambiental, especialmente com um crescimento exponencial do desmatamento da Amazônia, durante 15 meses seguidos. E, o pior, os Povos Indígenas do Brasil estão ameaçados de um extermínio ainda maior pela omissão criminosa deste governo.

Se soma ainda uma crise econômica inédita, que inclusive começou antes dos efeitos da pandemia em nosso país. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil já estava em recessão no primeiro trimestre de 2020.

Com a chegada da pandemia, todo o cenário econômico piorou qualitativamente, para um quadro recessivo de patamares de uma depressão econômica. Segundo projeções do próprio Banco Central, a queda do produto interno bruto (PIB) brasileiro em maio deste ano foi superior a 14%, em comparação a maior do 2019. As projeções já apontam que a dívida pública brasileira vai atingir 100% do PIB.

Esta gravíssima crise econômica aprofunda a crise social, com consequências cada vez mais maléficas para a maioria do povo. A renda dos mais pobres continua caindo, enquanto os mais ricos seguem ficando cada vez mais ricos. Pela primeira vez na nossa história, a maioria da população em idade para trabalhar se encontra desempregada.

Para fechar este cenário terrível, ainda vivemos uma crise política de grandes proporções, onde se evidencia um verdadeiro desgoverno.

Por exemplo, temos um general como “eterno” Ministro interino da Saúde, em meio ao agravamento da pandemia; um Ministro do Meio Ambiente que tem a cabeça pedida pelo Ministério Público, diante da comprovação de suas ações criminosas contra a Natureza; Um Ministério da Educação que ficou vagos por vários dias, e que agora é preenchido por um pastor que já defendeu que as crianças devem ser educadas com castigos físicos, os homens devem mandar nos destinos das famílias e o feminicídio pode ser explicado por paixão.

Na verdade, as principais ações de combate a pandemia, com toda as suas enormes insuficiências, estão sendo definidas pelo Congresso Nacional, pelos Governos Estaduais e Prefeituras. Se podemos definir o governo Bolsonaro em uma palavra, ela seria: fracasso!

Bolsonaro buscou uma saída golpista, participando até de atos reacionários a favor de uma intervenção militar com ele na presidência, mas diante da dificuldade de impor sua agenda de fechamento do regime político, e especialmente depois da prisão de seu amigo Fabrício Queiroz, aposta numa negociação com o Centrão e a velha direita para se manter no poder.

A cada dia fica mais evidente, que a proposta defendida por partidos da velha direita, e até por setores da esquerda, de manter este governo até as eleições de 2022 enquadrando Bolsonaro, se revela um verdadeiro crime político contra a vida da maioria, os direitos sociais e às liberdades democráticas.

Campanha pelo #ForaBolsonaro marca dia nacional de mobilização

Com o objetivo de enfrentar toda esta situação de caos, as Frentes Povo Sem Medo, Brasil Popular, os partidos de esquerda, Centrais Sindicais e Movimentos Sociais, constituíram um comando nacional para fortalecer a campanha pelo fim imediato do governo Bolsonaro.

Esta verdadeira Frente Única dos Movimentos Sociais e da Esquerda, já realizou uma primeira jornada de atividades entre os dias 10 e 12 de julho e uma vitoriosa plenária nacional no dia 11 de julho. Uma das principais definições desta plenária nacional foi a indicação de 7 de agosto (daqui a 3 semanas) para a realização de um dia nacional de mobilizações pelo #Fora Bolsonaro.

Como parte do desenvolvimento deste importante espaço, devemos chamar todos os setores democráticos que se oponham a Bolsonaro para que unifiquem na construção deste movimento nacional, e até internacional, para dar fim a este governo neofascista. A unidade democrática necessária neste momento é para fortalecer a luta pelo #ForaBolsonaro, ou que pelo menos para que o Congresso Nacional abra imediatamente o processo de Impeachment.

A tarefa mais importante da esquerda e dos movimentos sociais é o fortalecimento desta campanha e a construção das manifestações nacionais do dia 7 de agosto – dia de luta que precisa ser confirmado. Devemos lutar de forma consciente para que esta data consiga unificar todos os movimentos que já estão se mobilizando, apesar das grandes dificuldades impostas pela pandemia. Um primeiro teste para uma retomada mais consistente de um processo de mobilização cada vez mais necessário.

A campanha já propôs a realização de plenárias estaduais ou regionais e a construção de comitês de base nos locais de trabalho, estudo e moradia. O fundamental agora é construir o dia 7 de agosto pela base, colocando numa ação nacional e unificada, por exemplo: os profissionais de saúde que lutam por melhores condições de trabalho no combate a pandemia, os movimentos de luta contra o racismo, das mulheres, dos entregadores de Apps, as frentes antifascistas, os trabalhadores que lutam contra o desemprego e a redução de direitos, entre outros setores que estão em luta.

Como parte desta campanha, devemos lutar pelo fim deste governo de conjunto – pelo Fora Bolsonaro e Mourão – com a defesa da antecipação de eleições presidenciais, realmente livres e democráticas, para que seja o povo que decida os rumos do país.