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CULTURA

Frida Kahlo, a 66 anos de sua morte

Alice Roberta Melo* e Fernanda Lopes**, de Maceió, AL
Reprodução

Hospital Henry Ford

Neste dia 13 de julho faz 66 anos da morte de Frida Kahlo, pintora bissexual conhecida por seus autorretratos e revolucionária marxista, que ficou marcada por transmitir sua dor em arte e inspirar o movimento feminista latino-americano. Por meio desse texto, vamos rememorar sua história de vida e carreira artística, iniciando por seu nascimento no dia 6 de julho de 1907, em Coyacán, antigo distrito residencial nos arredores da periferia sudoeste da Cidade do México.

A doença e o acidente

Aos 6 anos, Frida descobriu que tinha poliomielite, doença que resultaria na amputação de sua perna direita aos 25 anos, que ela ilustra na tela “Pies para qué los quiero si tengo alas para volar”.

No dia 17 de setembro de 1925, ela sofreu o grave acidente que motivou seu início na arte: enquanto voltava da Escola Nacional Preparatória, onde cursava medicina, um bonde bateu no ônibus em que Frida estava, fazendo com que uma barra de ferro a atravessasse no abdômen, coluna e pélvis, o que a deixou gravemente ferida e trouxe diversas consequências. 

Quando acamada, seu pai ajustou uma tela em sua cama, para que ela pudesse se entreter, e foi aí que desenvolveu sua maior característica: a expressão de emoções em cada milímetro das obras. Por conta do acidente, teve ainda que usar vários coletes ortopédicos até sua morte, os quais decorava e reproduzia em infinitas obras, bem como sofreu uma sucessão de abortos espontâneos e pelo menos três abortos clínicos, como mostra em seu quadro “Hospital Henry Ford”, de 1932.

(Frida, aos 9 anos, em 1919)

O casamento com Rivera

Em 1929, casou-se com Diego Rivera, importante muralista mexicano com quem viveu por anos um relacionamento não apenas conturbado, mas também bastante abusivo para Frida. Ambos tinham amantes, mas a grande decepção ocorre em 1935: Frida descobre o caso de Rivera com sua irmã Cristina e que seus sobrinhos são, na verdade, filhos de seu próprio marido, o que resultou numa separação, mas curta, já que Rivera volta a viver com ela pouco depois.

Dentre os romances paralelos de Frida, destacam-se a cantora Chavela Vargas, o escultor Isamu Noguchi e o revolucionário socialista Leon Trotsky, que se refugiou na casa dela devido à perseguição stalinista. Em 1939, o casal finalmente se separa de vez e Frida declara: “Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e você. Você sem dúvida foi o pior.”

Seu ativismo político

Ao viver a Revolução Mexicana e inspirada por sua própria mexicanidade, Frida se declarava comunista, ideologia expressa em suas obras e em sua participação ativa no movimento. Aos 13 anos, começou a se reunir com a Liga Jovem Comunista, sobre a qual declara: “a emoção clara e precisa que eu guardo da Revolução Mexicana foi a base para que aos 13 anos de idade eu ingressasse na Juventude Comunista”. Na Escola Nacional Preparatória, participou do grupo “Los Cachuchas”, um coletivo político de viés socialista e, após o acidente, filiou-se ao Partido Comunista Mexicano, aos 20 anos. 

Apesar de sua deficiência física, Frida participou de diversas manifestações, como aquela contra o golpe de Estado na Guatemala que derrubou Jacobo Arbenz. A mexicanidade e o socialismo fizeram parte do pensamento de Frida até a sua morte, como evidencia essa confiança no comunismo em seu último quadro, “O marxismo dará saúde aos doentes”, pintado em 1954, no qual ela é retratada sem muletas, sendo apoiada por própria ideologia. Em seu funeral foi colocada a bandeira do partido comunista em cima de seu caixão.

Superação e cultura POP

Em abril de 1953, foi a primeira grande exposição de Frida em sua terra natal, na Galeria de Arte Contemporânea da Cidade do México. Devido à sua saúde debilitada, ninguém esperava sua presença na estreia, mas surpreendeu entrando carregada em sua cama, com seu tradicional traje mexicano, o que destacou sua bravura em face do sofrimento físico.

É importante ressaltar o modo absurdo como anulam a deficiência de Frida, desconsiderando que sua paixão pela arte veio por conta disso. Por que anulam tanto a deficiência de uma ícone pop? Porque deficiência não vende. Algumas formas de dominação do capitalismo são tão sutis que não percebemos como apagaram Frida, colocando-a como um instrumento de venda para o próprio mercado, sendo apropriada como representação do movimento feminista liberal em função do sistema. 

A morte de Frida Kahlo

O fato é que a história de Frida começa e termina no mesmo lugar, pois, no dia 13 de  julho de 1954, Frida foi encontrada morta em sua própria casa. Seu atestado registra embolia pulmonar como causa da morte, já que estava diagnosticada com pneumonia. No entanto, não foi descartada a possibilidade de ter sido uma overdose de remédios, talvez acidental devido às diversas medicações para dor, talvez intencional baseando-se no último escrito de seu diário: “Espero uma partida com alegria… E espero nunca mais voltar.”

Depois disso, Diego escreveu: “Agora é tarde demais, eu percebi que a parte mais maravilhosa da minha vida tinha sido meu amor por Frida”. A artista foi cremada e suas cinzas estão eternizadas na Casa Azul, onde foi inaugurado o Museu de Frida Kahlo em julho de 1958 com todos os itens lá deixados, incluindo seus trajes tradicionais mexicanos, móveis, objetos, autorretratos e 13 salas de exposição.

 

*Alice Roberta Melo cursa técnico em química pelo IFAL, equipe de comunicação do Afronte em Maceió AL;
** Fernanda Lopes estudante de pedagogia pelo Cesmac, equipe de formação do Afronte em Maceió AL.

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Frida Kahlo