Em dezembro de 2019, a UFS deu início ao processo de consulta pública para a reitoria. Foram inscritas e homologadas 4 chapas, sendo duas delas de direita e uma claramente alinhada com o governo Bolsonaro.
A partir de fevereiro foram realizados vários debates públicos entre a chapas, na maioria dos campi, garantindo o diálogo com a comunidade acadêmica e o andamento do processo democrático. A consulta pública estava prevista para meados de março, mas foi interrompida devido a pandemia da Covid-19, período em que a universidade suspendeu todas as suas atividades presenciais.
Ao longo do mês de março, o Diretório Central dos Estudantes (DCE), o Sindicato do Técnico-administrativos da UFS (SINTUFS) e a Associação Docente da UFS (ADUFS) juntamente com a comunidade acadêmica, denunciaram as várias tentativas de golpe por parte do atual reitor Ângelo Antoniolli que não poupou esforços em atrapalhar a consulta.
As tentativas de golpe iniciaram quando Ângelo não inscreveu sua chapa na consulta, ainda em fevereiro, não reconhecendo a comissão eleitoral como legítima e colocou dificuldades em liberar as listas de votantes para o processo.
Em 5 de março, em sessão extraordinária no Conselho Universitário, Ângelo tentou a adequação do estatuto da universidade com a MP 914 (que retira a autonomia de escolha de reitor das universidades federais), para que assim, pudesse legitimar seu planejamento de manter um candidato da sua confiança no cargo de reitor. Graças ao enfrentamento feito pela comunidade acadêmica, a reunião foi suspensa.
O debate de como deveria ser realizada a consulta pública, em uma situação atípica de isolamento social, foi feito pela comissão eleitoral. Havia duas alternativas possíveis: esperar a situação normalizar e fazer a consulta presencial ou fazer online via SIGEleição. Conforme a pandemia foi se agravando, a única opção viável passou a ser a eleição online.
No dia 2 de junho, a MP 914 caducou. Nesse mesmo dia, um grupo formado por Pró-Reitores, Diretores de Campi e Centros aliados a reitoria entrou em contato com a comissão eleitoral solicitando a inclusão da chapa da atual gestão no processo eleitoral (4 meses após o encerramento das inscrições de chapa) em troca do uso SIGEleição para realização da consulta pública. O pedido foi negado, mas alguns dias depois saiu a portaria 442 convocando o Colégio Especial Eleitoral para 15 de julho de 2020 com a pauta de formação da lista tríplice.
As entidades representativas entraram com o processo de adiantamento da consulta pública, via SigEleições, no Ministério Público Federal, mas o pedido foi negado. A comissão eleitoral propôs uma reunião de conciliação, mas o reitor não demonstrou interesse. A luta agora é pelo adiamento da escolha da lista tríplice.
Depois de 8 anos como vice-reitor e 8 anos como reitor sendo eleito pela comunidade, Ângelo Roberto Antoniolli lança golpes desenfreados nas direções que pode, sem nenhuma base democrática, aprovar no conselho de 80 representantes (sendo cerca de 30 deles indicados pelo próprio reitor) institucionalizar um interventor na reitoria da Universidade Federal de Sergipe.
Consulta pública sem a participação da comunidade acadêmica é golpe! O direito ao voto foi conquistado através de muita luta de estudantes e trabalhadores desse país. A opinião de mais de 30 mil pessoas que fazem parte da UFS não pode ser substituída por um “Colégio Eleitoral Especial” que tem controle direto do atual reitor. Queremos votar para a Reitoria! Defender a consulta pública é defender a democracia na UFS.
* Estudante de pós-graduação-UFS e militante do Afronte e da Resistência/PSOL.
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