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Especiais

Eleição municipal do Recife: derrotar Bolsonaro, o bolsonarismo e o governo burguês do PSB

Ismael Feitosa*, de Recife, PE
Aluísio Moreira/SEI/Fotos Públicas

População de rua recebe refeições em Recife durante a pandemia

Sob o governo Bolsonaro, o Recife é ainda mais injusto. Muitos trabalhadores da cidade estão tendo que encarar a vida com desemprego, com ainda menos renda (efeitos da MP 936), com dificuldades para acessar e se sustentar com o auxílio emergencial. O discurso presidencial pró-patrão reforça a exploração, o assédio e a não observação de direitos e garantias nos mais diferentes locais de trabalho. Diante disso, Bolsonaro e os bolsonaristas pernambucanos não merecem a menor consideração dos trabalhadores e trabalhadoras recifenses.

Além deles, a direita tradicional, representada por Daniel Coelho (ex-PV, PSDB e atualmente Cidadania), Mendonça Filho (DEM e ex-ministro da educação de Temer), Jarbas Vasconcelos e Fernando Bezerra Coelho (ambos do MDB, este último sendo o atual líder de Bolsonaro no Senado) também já demonstraram aos recifenses a que vieram: são parte de um Recife e de um Pernambuco oligárquico e desigual.

Já o PSB, que gosta tanto de fazer um discurso aparentemente progressista e inclusivo, não governa para o povo trabalhador, mas para proteger ao máximo os interesses dos principais setores econômicos da capital pernambucana, como as grandes redes e centros comerciais, as empresas de ônibus e as grandes construtoras. O funcionalismo municipal todo ano precisa lutar para ver o “Piso Nacional dos Professores” ser respeitado e as demais categorias do funcionalismo convivem com arroxo salarial e com a não homologação/implementação de uma série de Planos de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV).

As dificuldades que os servidores públicos, o comércio informal e os trabalhadores rodoviários enfrentam e a relação obscura entre a atual gestão municipal e as grandes construtoras – em sua busca constante pela especulação imobiliária, como no caso do terreno do Cais José Estelita -, são exemplos de situações que quem trabalha e luta por uma cidade mais justa e inclusiva precisa combater devido a esta colaboração entre a prefeitura do PSB e os setores economicamente privilegiados. Em linhas gerais, este é o atual cenário político que compõe o Recife.

Exatamente por tudo isso aqui pontuado sobre a atual gestão da capital pernambucana, liderada pelo PSB, consideramos ter sido um erro o PT e do PCdoB terem feito parte desta gestão. Neste sentido, acreditamos ser progressiva e importante a disposição e real possibilidade de que um importante quadro regional do PT, a Deputada Federal Marília Arraes, esteja liderando uma ruptura do PT com o PSB. Esta ruptura do PT com a gestão do PSB, caso se confirme – e se transforme em uma alternativa política e eleitoral -, precisa adotar um programa que se diferencie desta forma oligárquica e loteadora de governar a cidade, bem como precisa adotar posturas que enfrentem Bolsonaro e o Bolsonarismo, combatendo os prejuízos econômicos, sociais e políticos que esta extrema-direita vem impondo aos trabalhadores e trabalhadoras recifenses.

Nós, da Resistência/PSOL, saudamos a resolução do Diretório Municipal do PSOL Recife, que reconhece a importância da utilização da tática da Frente de Esquerda entre o PT, PSOL, PCB, UP, PSTU, movimentos sociais, sindicais e de combate aos mais diferentes tipos de opressão para, desta maneira, ter mais chances de sucesso nas tarefas de derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, assim como o governo burguês do PSB. Tais tarefas exigem uma elaboração política e programática que se choque frontalmente com as principais medidas e características destes setores que atualmente governam o Brasil e o Recife.

 

*militante da Resistência/PSOL em Pernambuco.