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BRASIL

Governador, não é possível voltar às aulas em setembro em São Paulo

Paula Pascarelli
Divulgação / Governo do Estado de SP

Rossieli Soares da Silva, secretário de Educação

Não é possível voltar às aulas em setembro, como propõe a SEDUC-SP, tanto por questões objetivas quanto por questões subjetivas.

As questões objetivas são as de caráter estruturais das escolas, sucateadas há pelo menos 20 anos pelo governo de SP e da própria evolução da Pandemia. A maioria das escolas não possuem nem AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), quanto mais as condições mínimas do protocolo de higiene e distanciamento exigidas para o retorno. A desigualdade das escolas públicas é grande, tanto em relação à arquitetura e estrutura quanto à quantidade de estudantes matriculadas(os), o que dificulta mais o atendimento a essas condições. Não há número suficiente de funcionárias(os) nas escolas.

Produtos como papel higiênico, sabonete são raridade na maioria das escolas imagine álcool gel. Grande parte das unidades escolares do estado estão sem limpeza em virtude dos contratos das empresas terceirizadas de serviço estarem encerrados. Não é possível garantir a higienização permanente dos espaços e principalmente a desinfecção dos espaços da escola. A SEDUC não garantiu a manutenção da Rede de Suprimentos para aquisição de materiais de higiene e limpeza, orientando a utilização da verba, irrisória, que disponibilizou no início do ano para manutenção do prédio escolar, aquisição de material pedagógico, tecnológico etc., ou seja, a responsabilidade de garantir as condições para o retorno recaí sobre a gestão escolar.

Sobre a questão da evolução da pandemia, não há testagem em massa que possa garantir cientificamente os números apresentados pelo governo. Os infectologistas que acompanham a evolução demonstram que a movimentação de um aluno envolve a circulação de muita gente, outro aspecto é a garantia do uso de máscara e distanciamento dos alunos nas escolas.

Entrando no aspecto subjetivo, os impactos psicológicos da pandemia sobre todas(os) segmentos da escola, direção, funcionários(as) e equipe docente. Há vários elementos que incidem sobre esses aspectos. Como lidar com a situação emocional dos alunos que vão retornar, o receio de contrair COVID-19, de contaminar seus familiares (muitos destes grupos de risco), como garantir os protocolos de higiene e distanciamento, como garantir as atividades presencias e online, são parte da rotina que leva a situação de stress e ansiedade, além do medo. Todos esses elementos estão presentes nas preocupações que pais/responsáveis identificam pra nós gestoras(es).

Nesse sentido pensar uma solução que não prejudique estudantes e equipe escolar, que garanta a vida nesse momento de Pandemia é urgente. Nem a SEDUC/SP nem as escolas devem ficar presas a um calendário que reflete uma situação de normalidade. Não podemos tratar uma situação anormal garantindo uma burocracia irreal e desnecessária. Precisamos garantir o retorno das atividades presenciais quando a pandemia estiver praticamente controlada e pensar em formas de adequar, o que não foi possível garantir da aprendizagem em 2020, nos próximos anos. Nossa tarefa agora é garantir a vida em primeiro lugar.

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