Pular para o conteúdo
BRASIL

Em Goiás, ENEL realiza demissões coletivas em plena pandemia

O único plano econômico do governo Bolsonaro durante a pandemia parece ser a privatização de empresas públicas, patrimônio de todos os brasileiros. Nesta semana o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que até 2021 pretende privatizar 12 estatais. Como exemplo de que as privatizações só servem para garantir os lucros, nesta mesma semana a empresa ENEL, que comprou a CELG (estatal de energia elétrica em Goiás) demitiu sumariamente, alegando falta de produtividade dos trabalhadores, em plena pandemia. 

Igor Lima Soares Dias, do STIUEG (Sindicato dos trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Goiás)

O Ministério da Economia listou empresas importantes para a privatização, entre elas os Correios, Serpro, Dataprev e a Eletrobras, como parte do  cronograma de desestatização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Congresso Nacional está avaliando também um projeto de lei que autoriza a privatização da Eletrobrás. A privatização do setor elétrico pode fazer com todo o Brasil o que ocorreu com o fornecimento de energia elétrica em Goiás.

A empresa Enel, que comprou a antiga empresa de distribuição de energia em Goiás, figura entre as piores do Brasil, aumentou os lucros, diminuiu os investimentos levou o Estado de Goiás a ter grandes aumentos na tarifa e os serviços são alvos de constantes reclamações na imprensa goiana. A situação é tão ruim que uma CPI foi instalada para investigar a ENEL em Goiás, isso em poucos anos de privatização da distribuição de energia.

Agora durante a pandemia a empresa está realizando demissões sob a alegação de que os trabalhadores não cumpriram as metas estabelecidas. A exigência de metas durante a pandemia é algo que mostra o caráter da empresa italiana ENEL. O momento em que atravessamos é de absoluto esforço para salvar vidas e evitar o contagio do novo coronavírus, exigir produtividade nessa situação expõe a relação que a companhia tem com seus empregados.

Desde a privatização o ritmo de trabalho aumentou na empresa, já que a diminuição do quadro foi constante. Essas demissões fizeram também com que a qualidade da prestação de serviços piorasse já que a empresa demitiu profissionais com conhecimento e know-how que não são facilmente substituídos. O STIUEG, que representa os trabalhadores da ENEL lançou nota denunciando a empresa sobre as demissões, confira a nota na íntegra:


DENÚNCIA: ENEL REALIZA DEMISSÃO COLETIVA COVARDE DURANTE A PANDEMIA

O mês de julho em Goiás é apontado como o mês mais crítico da pandemia de Covid-19. Enquanto existe um esforço de alguns gestores públicos para salvar vidas, uma crise financeira terrível é estabelecida, fazendo com que o desemprego aumente. Empresas que tiveram que fechar as portas para não ajudarem a aumentar o contagio por coronavírus fizeram esforços para não demitir seus trabalhadores. Em meio à tudo isso a empresa ENEL cruelmente realiza uma demissão coletiva. O STIUEG repudia a ação da empresa!

Desde a privatização, a Enel não saí da mídia goiana sob denúncias de péssimos serviços, aumento abusivos de tarifas, relações trabalhistas ruins, dentre essas notícias também está uma que chama a atenção, a do aumento dos lucros da empresa. Esse fato já motivou a direção do sindicato a buscar por várias vezes o fim do clima de terrorismo dentro da empresa, cobramos para que a ENEL não realizasse mais demissões imotivadas no estado de Goiás. A empresa que desde a privatização demitiu vários profissionais com know-how e conhecimento do sistema elétrico goiano, busca sair das piores posições do ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel submetendo os trabalhadores a um excessivo ritmo de trabalho. O serviço que era executado por várias pessoas, hoje é imposto a apenas uma, que trabalha pressionada, sob constantes ameaças de demissão.

Quinta-feira, 02 de Julho, durante uma reunião com a diretoria da empresa ENEL, nós do STIUEG fomos surpreendidos com uma notícia grave que muito nos indignou. A demissão de três companheiros sob a alegação de que não cumprimento das metas. Na sexta-feira mais trabalhadores nos procuraram com mais denúncias de demissões, 9 até o instante da construção dessa nota. O momento que atravessamos pede para que toda a sociedade esteja engajada prioritariamente nas questões relacionadas a biossegurança e combate a proliferação do novo coronavírus, exigir que a produtividade seja prioridade em um cenário assim é uma falta de respeito com toda a sociedade que luta diariamente para atravessarmos esse momento de maneira solidaria. A situação se agrava quando o cenário de desemprego instalado aumenta a dificuldade de recolocação desses companheiros no mercado de trabalho. Uma empresa que, conforme noticiado na mídia, está aumentando o lucro, que não teve que paralisar as atividades em nenhum decreto e na qual a folha salarial dos funcionários representa apenas 1% do faturamento não tem motivos para demitir sem justa causa. Agindo dessa forma a ENEL coloca os lucros acima da vida! O STIUEG repudia veementemente as demissões e tomara todas as medidas cabíveis contra essa situacao absurda!

Pela imediata readmissão dos trabalhadores injustamente demitidos!
Fora ENEL!
A vida acima dos lucros!
Juntos!